domingo, 11 de abril de 2010

Observações "presidenciais"


Há que se deixar que passe em branco a crescente megalomania do Excelentíssimo Senhor Presidente da República?
Não é raro que vejamos nosso Presidente – de quem a biografia é certamente espetacular e o destino parece fadado ao sucesso – ter arroubos de estima por si e por suas medidas cada vez mais totalitaristas.
Ao longo desses 08 anos nosso Presidente deixou de “não saber de nada” para ter opiniões sobre tudo e, convenhamos, a cada momento em que abre a boca pra falar alguma coisa a tragédia só não é maior porque já não são tantos os que o levam a sério.
Quando bem treinado, nosso Presidente é o sonho de qualquer marqueteiro político. Há empatia; há a figura próxima do brasileiro comum; o ar alegre e despojado do líder máximo que faz parecer que poderíamos ser eu ou você.
Nosso Presidente tinha e teria tudo para entrar pra história como o maior estadista que já passou pelo Brasil e, seguramente, se tornar uma figura mitológica como já o são Franklin D. Roosevelt, Churchil, Kennedy e outros que caminham venturosos pela história.
Mas não o foi. Perdeu sua chance e, ao que parece, ainda sem se dar conta disso, vai enterrando a boa imagem que parecia desfrutar, inclusive, internacionalmente.
E são dois os fatos que mais me assoberbam.
O primeiro deles é o fato de alguém que só é o que foi demonstrar um descaso com a Democracia como faz o Sr. Luiz Inácio. O atento lentor pode estar se perguntando: como ele tem esse descaso afirmado se está tão empenhado no jogo de eleger sua sucessora? Ora, basta que vejamos as desastrosas afirmações sobre o regime cubano e seus presos políticos. Para não se falar das sujeições que se permite ao Chaves.
O Presidente de um país como o Brasil não pode se sujeitar a ser tão amigo de ditadores; aliado de regimes de exceção. Pior ainda é quando os defende como quem manda um recado velado às demais potências mundiais que não aceitam o descaso democrático – por assim dizer.
O outro ponto – e este está cada vez mais evidente – é o descaso do chefe do Poder Executivo pelos próximos meses, em relação ao Poder Judiciário.
O Excelentíssimo Senhor Presidente parece rasgar o artigo 2º da Constituição Federal (aquele que fala da separação dos Poderes, mas que esclarece que são harmônicos). Lula parece acreditar que sua alta popularidade lhe dá legitimidade para se colocar acima da própria lei. Desmerece o Poder Judiciário a ponto de, essa semana, em solenidade do PCdoB, afirmar que não há que aceitar que a cada eleição os juízes digam o que pode ser feito e o que não pode e que cabe aos Partidos se imporem como partidos e dirigirem suas campanhas como bem entenderem. Afora isso, são inúmeras as multas impostas pela justiça pois, advertido de seu comportamento ilegal, o Presidente deu de ombros e saiu inaugurando obras inacabadas dando viés eleitoreiro e – completamente impessoal – à União.
É momento do Brasil aprender que a Democracia é importante e o respeito às instituições democráticas é essencial para esse processo. Uma democracia conquistada com lutas e sangue precisa ser defendida até mesmo dos personagens que construíram essa história. Populismo não é purismo. Faz mal para o futuro, não socorre o Brasil.
Não podemos correr o risco de permitir que descompromissados com a história de uma República sólida, dividida em Poderes harmônicos, independentes e devidamente respeitados por si, se perpetuem no Poder. O momento do adeus se aproxima. Que possamos todos estar com nossos braços erguidos e mãos espalmadas, da esquerda para a direita constantemente até que os de hoje virem suas costas no adeus, rumo ao esquecimento do amanhã.
Será que serraremos esses laços?