
Essa frase curta de Freud traz em
si uma consideração muito séria: por que amamos? Amamos porque vale a pena amar
ou amamos pelo simples prazer de amar?
De uma forma, aparentemente
melancólica, Freud, no alto de seus 77 anos afirmava para sua amiga (a poetiza
Hilda Doolittle), que não havia motivo para alguém se apegar a um outro alguém
que duraria tão pouco. Era quase como se ele afirmasse que as pessoas costumam
crer que um sentimento se mede pelo tempo de sua duração e não pela intensidade
com que ele se sente. Mas a intensidade muitas vezes assusta...
E eis que vem a questão: o que é “valer
a pena” quando se fala em amar? Até porque, se eu penso que amar tem que valer
a pena, preciso, além de enxergar essa compensação no outro, perguntar a mim
mesmo se “me amar” valeria a pena para a mulher que me amasse.
Mas a tendência é que nos
ocupamos de procurar esse “valer a pena” no outro e esquecermos da parte que
nos cabe a nós. E daí o amor passa a se mostrar na sua forma egoísta e, ao menos
para mim, egoísmo não combina com amor. Pelo contrário. Egoísmo é o mal que mata
o amor aos poucos, separa os amantes um do outro. O egoísta pensa em si e, por
egoísta que é, não ama o outro como o outro pede para ser amado, mas apenas se
sente no direito de exigir que a vida que se vive seja a vida que ele – egoísta – resolveu viver. E sem acordos.
Amar é troca. Amar é
compartilhar, é viver para ambos e não para si. É ser do outro mesmo antes do
outro ser de você. É sentir porque sente e não porque é conveniente.
Só que temos outros problemas
quando pensamos no amor e se ele tem que valer a pena.
Nem sempre o amor com que se ama o
outro é o amor com que esse outro quer ser amado. Cada um de nós sabe o que
podemos oferecer, mas somos apenas nós quem sabemos o que queremos que nos seja
oferecido. E, quando não nos sentimos prontos para retribuir um sentimento que
nos parece tanto diante daquilo que sabemos haver (ou não haver) em nós, nos
assustamos – não sem razão – e os medos de magoar e ser magoado começam a
indicar que não vale a pena amar. E nem deixar que nos amem, porque achamos não
merecer o amor que ousaram nos amar. E fugimos do sentimento que não sabemos
corresponder.
(não alimentar um sentimento é
diferente de sufoca-lo).
Amar e ser amado é a equação
perfeita. Querer e ser querido é o que melhor há e, por isso, nos devemos
permitir ter. E não será o tempo da duração desse sentimento que vai dizer se
valeu a pena. O poeta já dizia que tudo vale a pena a depender do tamanho da
nossa alma. Há amores de verão que ficam para sempre e amores de estações dos
quais se lembram pouco. Mas foram amor do jeito que cada um sabe amar.
Mas no final é amor e se é amor,
vamos tratar de aceitar e amar. Porque, até onde sei, vale, sim, a pena amar.
Um comentário:
Boa reflexão.
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