domingo, 9 de fevereiro de 2020

Sonho que gostei de sonhar

Premissa: Tempos atrás a personagem conheceu uma terapeuta tântrica. Há muito tempo não a vê, mas há poucas noites sonhou com ela. Resolveu lhe contar como foi:


“Eu te procurava porque precisava ser atendido por você, precisava do que você sabe fazer. Mas naquele dia parecia que não seria possível. Você já me recebeu dizendo que, justamente naquele dia, estava trabalhando com massagens que direcionavam a ‘viagens interiores’, mas não poderia fazer comigo porque eu não ainda não estava pronto. 

Ainda assim, você me pedia pra sentar numa sala onde eu te esperaria por algum tempo.

Eu fico sem entender, mas teu sorriso era tão cheio de paz e autoridade (e até compaixão) que eu só obedeço. 

Depois de um tempo você volta vestindo um tipo de quimono azul com detalhes dourados e vermelhos. Mas ele era diferente. O tecido era como de seda, com mangas largas e descia pelo seu corpo cobrindo desde o teu colo até tua cintura, mas aberto apenas na lateral do teu abdômen, ali na região das tuas costelas. Ele também era cumprido até exatamente acima do joelho. 

Você também tinha um tipo de faixa azul na testa e que segurava teus cabelos. 

Disse que me ajudaria mesmo sendo prematuro e me pediu que eu sentasse na cadeira e não tirasse os olhos dos teus olhos.
Pegou minha mão direita e massageava a palma com os dois polegares. Em silêncio. E eu não podia tirar os olhos dos teus olhos. 

De repente, não sei como e nem de onde, começou uma música instrumental. Você me dizia pra respirar fundo e segurar o ar por 15 segundos. Desceu pro meu pé esquerdo. Dizia que balancearia minhas energias.

Em pouco tempo meus olhos eram vendados e você dizia que era pra eu deitar e aceitar o que viria. Pra confiar em você. Que não seria você a me tocar, mas você estaria ali o tempo todo porque era importante que eu não perdesse o contato com a tua energia.

Eu tinha sempre que respirar fundo e demorar pra soltar o ar. E a cada vez era como se o mundo girasse e eu fosse apagando enquanto sentia como se pés andassem sobre mim ao mesmo tempo que me descolava do chão. 

E eu te sabia ali, sabia que você estava ajoelhada e sentada sobre teus calcanhares, mas não conseguia te ver. 

Me vinha uma angústia porque era como se onde eu estava só fizesse sentido por tua causa e era bom estar ali. Mas eu precisava ter a certeza de que era verdade e a verdade era você. 

Até que a música instrumental mudou pra um vocal. Não identificava a letra, mas era como se ele mandasse em mim.  E, descolado do chão e rodando, me via com o rosto pra cima e meu corpo planando lentamente até eu sentir o tapete. 

Eu sinto uma mão no meu peito dizendo ‘vem’. Eu abro os olhos e te vejo sorrindo. Agora o batom que você usa era azul e a roupa que você vestia era o mesmo modelo, mas verde e lilás. Não parecia haver paz nos teus olhos. O que tinha era força e domínio. 

Eu tentava entender o que era o ‘vem!’ que você dizia com um sorriso completado por um olhar firme.

Você estava entre a porta e eu. 

Levantou-se e foi andando de costas, virada de frente pra mim. 

Continuava balbuciando ‘vem’.

Eu me levantei. Não vestia nada. E não sabia como nem em que momento fiquei assim. 

Vou na tua direção e isso parecia certo. Você para e encosta na porta. Diz ‘vem!’ (uma última vez). 

Dessa vez abre os braços, me abraça e fala no meu ouvido: ‘agora vai ficar tudo bem. Que bom confiou e eu esperou’.

Abriu a porta, alguém me ofereceu um terno azul é uma gravata tbm azul só que mais clara e você disse que era pra eu ir. 

Eu me viro enquanto você caminha indo embora pro outro lado e se despindo daquele quimono. 

Eu vejo a sombra do teu corpo que sei nu, mas não vejo nu. Eu te pergunto quando vou te ver de novo. Você responde algo do tipo: ‘talvez nunca. Ou sempre que precisar.’.”