Agora que já não estás, posso te dizer o que calei. Queria que soubesses mais do que te fiz saber (e isso foi mais do que você quis saber). Calei porque os dias diriam, as semanas passariam, os meses seriam tantos e fariam os anos mais. Mas não foi. Era pra ter sido. Mas se fosse, seria. Não foi. Mas o que passou não apaga quem vejo que você é.
É... às vezes a gente precisa fechar
os olhos pra enxergar quem não está (mais) à diante. E daí a memória (a boa memória) é
a maior aliada do bem da nossa alma. Olhos fechados e te vejo de novo e de novo
e de novo. E gosto toda vez. Lembro
primeiro de te ver andar na minha direção e foram 06 passos que apagaram tudo o
que havia em volta. Só havia você. “Oi, prazer...”. Prazer. Meu peito se
dividia entre o nervoso, o ansioso e o feliz. Bobo... Depois sou eu que vou até
você. Mas o que eu digo? Eu digo? Digo o que? Por que? Mas eu... eu me queria
perto... eu me queria perto de você. Por quanto tempo? Quando seria de novo? Só
tinha o agora daquela hora. Respiro fundo. Esqueço que eu sou eu e todos os
medos daquele eu que por enquanto não seria. Mas no fundo era... vergonha.
E eu te via. Sem que eu quisesse
olhar muito, mas querendo olhar bem mais. Tentava te fotografar na minha
retina. Te fazer a arte principal da minha galeria mais cara. Você... você
feita em formas tão bonitas, tão suaves, tão gentis aos olhos. Meus olhos...
Te quis no meu passado. Por um
instante... por um instante não queria que aquele fosse o primeiro dia (noite).
Me peguei lamentando cada um dos dias em que não havia você. Mas o passado
lamentado não muda. Preferi desejar que ainda haja mais dias em que me haja
você. Haverá você pra mim?
Te via... não era difícil
entender o fascínio que não era só dos meus olhos, mas de mim inteiro. Era
você. Você que tem a beleza que em instantes transforma segundos em semanas.
Tudo parece fazer mais sentido sabendo agora que, de real, há você.
Invejei teus olhos que olhavam a
tudo, mas pareciam nem dar conta de mim. Eu estava ali. Intruso? Talvez um
pouco. Daí você me olhava numa expressão que eu não traduzia e nem ousaria
arriscar uma resposta que me fizesse errar. Até que você sorria e teu sorriso
era gentil. Havia carinho? Que bom seria... Desde antes desse que foi o
primeiro dia, teu sorriso se fez muita razão da minha própria poesia. Mas disso
você já sabe. Não entende, mas sabe. Desconfia, mas sabe. Receia, mas sabe...
Agora eu não preciso mais te
sonhar. Mas você é presença mais que bem-vinda em cada sonho. Já nem tento mais
evitar te pensar. Disso eu já desisto. O ponteiro dos minutos roda todo o
relógio e a cada volta aqui está você, onde não te olho, mas te vejo.
Sim. Você é de verdade e nem é
mais “só” a “minha” verdade. E que bom. Seja e continue sendo. Não sei se fui
eu que vim até aqui. Não sei se foi a vida que me trouxe até aqui. Não sei se
eu fui até você ou se a vida te trouxe num caminho como que um presente para
quem pedia pela novidade que lhe faria bem. O que sei é que gosto de te saber
(mesmo que de pouco em pouco, com você observando mais do que falando). O que
sei é que não quero simplesmente chegar num ponto em que tudo para. Quero todo
o caminho. Quero o caminho inteiro. Todo o trajeto a ser percorrido por quem
quer fazer e ser o melhor pra você, conhecendo, recebendo e fazendo merecer o
melhor de você.
Você é tanto. É tão mais do que a
maioria. É tão mais do que minha lembrança alcança dentre tudo o que já vi,
vivi, experimentei e conheci. Você é
tanto que mesmo que eu te escreva mais e mais palavras pra te tentar fazer
saber o quanto vejo quando te vejo, não haveria palavra que fosse plena e
perfeitamente capaz de me fazer entender...
Mas você encanta! Me encanta... e
que bom que é você.