quarta-feira, 4 de setembro de 2024

ABC...dário

 

A ausência antes angustiante agora apenas aparenta aqueles amores absurdos, ababelados, apagados a assentos a assomar.

Basta brevemente borrada, barafundeada, bem baralhada, biscate, bufã.

Cioso com cada cena cerrada cerebralmente, calo cada caso cometido com carinho.

Dou dulia deveras devoto da deusa distante da drástica dor de dentro do divino daqui.

Enquanto esqueço e erro, eu exclamo, exalto e exulto. E existindo em emoções encapadas, enroladas, escondidas — escancaradas? — espero espantado evolar-me em epicédio.

Fica fácil fazer-se fúnebre (fiz-me furente!) frequentando festivais frívolos, funestos, fementidos (fofocas, futilidades, falsos feitos).

Gestos grandiloquentes geralmente ganham graça grassando gentil galanice gerada gemendo (gritando) gozo grave.

Havia hábitos hebdômados hilariantes: humanos horrendos hesitavam hobby hedonista.

Infelizes! Inquietava-me insistir irritantemente imerso, infundido, imotado, infeliz, indiferente, “icônico imoral”.

Jactava-me jamais jazer jovem. Janota, jurei jogar jogos, jejuar jus jeovista, julgar jornada jugal; janistroques, juntei jirotes jantando — jiquipanga justa! —, jongo, jaré juntando jererê jito.

Ladairei léguas lacerado, luctífero, lambuçado. Lá, labreado, listei lutos, livrei lisonjas, liguei lições, ludibriei lógicas, locupletei láureas, lençalhei luxos. Labrego, loucamente lamechado, laconizei-me lacrando lábios.

Morri momentaneamente? Matei-me miseravelmente mercê merencória mesmice mimetizada milênios? Monomania me mabaça minando meus melhores méritos. Meu magistério modorra mudado, moderno, momo. Madraço, misturo minhas mágoas mais merecidas; mas mortiço, maladio…

Não! Nem noutra narrativa naufragaria nesta necedade niilista naturalizada na nequícia normalizada naquelas neurastenias nonsenses. Nonada!

Outros optariam obdurar ocasiões olhalegres. Obfirmado, ombreei oposição onduleante onde os opacos, outrora oportunistas, ocorriam o ocaso oficial.

Pabulagem pregada por picareta para pascácio pascer purgado pusilânime pelos passeios pede porrada porfiante. Protopacientemente, pois, protejo pacholas prostadas perante perigosos porcinos (pabulantes) podridos, presepeiros, picaretas próximos. (Pocema!).

Que querente quererá quadrilhar quaisquer quarteirões quando “Quem-Diga” que quarteiriza quamanhos quinhões? Queromaníacos? Quetilquês? Quanta quizila! Quanta quengada! Queria quididade querubínica quebrantando queridos qual querigma queimando quem quer. Quimera...

Rábido, reparo rapazes rotos ribombarem risos ruminantes; rabeiam. Reajam, rapazes renitentes! Reacenda-se, rebeldia renovada! Reerga-se razão rufada, realegrando regentes, regidos, remansão. Ruas regozijarão recomeço retumbante.

Sonho sonhos sensacionais. Saboreio sensações suaves sendo simples sabagante. Se soçobro sob suplícios sufocantes, socorrem-me sorrisos sensuais, sinceros, sublimes. Sádico, sou sacrílego sano: sacrifico santidade semeando safadice; sabedoria sucumbe sob sedução; sedição segue seu sobrepor.

Trabalho tunando toda Terra (troço). Tento tudo. Travesso, tensiono turbas tocando tambores, tintinabulando timpanetes, tergiversando tagarelices trágicas. Trilho terríveis trevas transgredindo tradições tolas. Tinhoso, travo tinhanha toquista tramando trapacear.

Ulcerado, urrei ultrajes unilaterais. Usei usurpar urbanidade unissonante (ucronia única ungida unanimemente). Uniu-se-me ultriz ululante. Ululei ultimado. 

Vi vir vergonha vil varrer-me vitórias, viço, venturanças. Voltei voluntariamente. Valente, vacinado, vagando vias vedadas, voltejando vicissitudes vorazes… vinguei vitupérios, volvi vilanias, vaticinei virtude varonil. Venci vaniloquência vazia vergastando vosso volutabro vulgar. Volúpia virginal

Xacoco… xoxo xumberguei. Xumbregar? Xongas! Xingaram-me xexeiro. Xinxilha xendengue, xeroquei xurumbambos…

Zombarão! Zoilos zaranzando... zanagas ziguezagueantes zunindo zarelhas zanguizarradas... Zuretas... Zangados… Zampões…  Zum-zum-zum… 


 

 

 

 

Glossário

 

ababelado: confuso

barafunda: confusão de coisas

dulia: culto rendido aos anjos

epicédio: discurso fúnebre

fementido: conduta traiçoeira; falso

furente: colérico; furioso

hebdômada: período de sete (dias, semanas, anos)

imotado: impedido de se mover

janistroques: indivíduo sem valor; “joão-ninguém”

janota: almofadinha

jaré: dança africana

jererê: maconha

jiquipanga: festa ruidosa

jirote: vadio

jito: muito pequeno, miúdo

labreado: muito sujo

labrego: homem rude

ladairo: procissão para paga de promessas

lamecha: comportamento ridículo do enamorado

lençalho: lenço grande. de má qualidade

luctífero: que causa luto

madraço: vadio

maladia: doença

monomania: obsessão sobre ideia fixa

necedade: sandice ou ignorância

nequícia: crueldade

nonada: bagatela; insignificância

obfirmado: muito firme; obstinado

pabulagem: mentira ardilosa

pachola: pessoa ingênua e bondosa

pacientar: mostrar-se paciente

pascácio: homem simplório

pocema: grito típico de guerra a várias vozes

porcino: relativo a porco

quamanho: quão grande

quarteiriza: ato de delegar a terceirização a uma quarta pessoa

quem-diga: diabo

quengada: malandragem; esperteza; atitude ou dito impensado

querigma: núcleo da mensagem cristã com fim evangelizador

queromaníaco: pessoa com euforia exagerada; mórbida

quetilquê: pessoa sem importância

quididade: qualidade essencial

quizila: aversão

rábido: raivoso

sabagante: ser humano

tinhanha: barganha

tintinabulando: fazendo soar

toquista: policial que se deixa subornar

tunar: andar à toa

ululante: vidente

ulular: gemer em lamento

ultriz: mulher vingativa

vaniloquência: manifestação oral presunçosa

volutabro: desonesto

xacoco: sem graça

xendengue: magro, imprestável

xexeiro: caloteiro de prostituta

xinxilha: homem sem destaque

xongas: coisa nenhuma

xumbergar: ficar bêbado

xumbregar: namorar escandalosamente (reg)

xurumbambos: velharias

zampar: comer exageradamente

zanaga: vesga

zanguizarra: desafino

zaranzar: zanzar

zarelhar: fazer fofoca

zoilo: crítico, incompetente, invejoso