Tenho notado que às vezes a gente sente como se não sentisse mais nada. É como se em cada caminho tivéssemos apenas a companhia do vazio que enche o nosso peito. A gente se engana dizendo a nós mesmos que não sentimos nada: nem alegria, nem tristeza, nem raiva ou tampouco amor, como se o nosso coração estivesse posto do lado de fora. Dizemo-nos e nos cremos numa fase em que somos só para nós, indiferentes à existência outra, como se tomados de um egoísmo justificado por uma experiência ruim.
Mentira mais despudorada! Aliás, a pior mentira que podemos contar é aquela que contamos a nós mesmos. E, algumas vezes, somos tão ridículos que nos mentimos e, ainda por cima, acreditamos na nossa própria mentira.
Mas não é que somos ridículos ou mesmo perfeitos idiotas (ainda que às vezes sejamos um ou outro e até os dois). Ocorre que muitas vezes, temos a tendência de ignorar a nossa responsabilidade para com a nossa própria vida e com tudo que fazemos, conquistamos ou deixamos de conseguir. Ora, somos nós que vivemos a nossa vida e, tudo o que fazemos ou permitimos que se nos façam, é nossa culpa e só nossa.
E daí me ocorre que quando nos sentimos como se não sentíssemos nada, estamos sim, sentindo alguma coisa e, essa “coisa” não é algo bom. Pelo contrário. Quando nos fechamos para o mundo, quando nos distanciamos de (quase) tudo, estamos vivendo um momento tomado de uma tristeza que não queremos reconhecer. A sensação de vazio (como se o peito estivesse tomado de escuridão), de melancolia (como se o amor machucasse) ou de uma ferida que sangra sem fim no coração (como se mais que o corpo, a alma tivesse sido ferida), fazem com que queiramos ser como que vazios, indiferentes, distantes...
Mas nós não nascemos para a tristeza, mesmo que muitas vezes pareça que ela é mais do que a alegria que teima em nos faltar. A felicidade – que dá cor à nossa vida e traz brilho aos olhos e sorrisos – é que deve ser a regra dos nossos dias.
Enfim...
Você que acha que está vazio por dentro, saiba que, na verdade, você tem dentro de ti todos os sonhos do mundo (do teu mundo), que são os sonhos mais importantes de serem sonhados. E sonhar ainda vale a pena, desde que você faça algo por seus sonhos, algo para que eles aconteçam, senão todos, pelo menos aqueles que quando você sonha te fazem mais feliz.
Não deixe seus sonhos perdidos num infinito que só pertence aos que duvidam de si mesmos. Faça! Viva! Ouse fazer tudo que você ousa sonhar! O resultado será sempre bom, desde que aquilo que você queira, você queira de verdade.
Tudo na vida são escolhas. Algumas pessoas acreditam – com relativa certeza – que a melancolia é sua melhor companhia e que a dor que sentem é como um escudo para que não sejam afetados pela dor de viver. Teimam em não perceber (ou reconhecer) que já sentem essa dor e que a ferida que dói e faz doer precisa ser tratada. Ignoram ser muito pior se simplesmente sufocarem a dor que sentem, escondida embaixo de uma armadura que se quererá intransponível a novos sentimentos, à medida que vão morrendo por dentro, sentindo, mas evitando que se veja.
Não vale a pena.
Estou certo que o mesmo amor que machucou ontem, poderá fazer bem amanhã e, ainda que precise de outros tantos amores até achar o amor que se quer, pelo menos a escolha foi amar.
A decepção que te causa dor, não pode ser motivo de duvidar de todo o mais, porque na vida nem todos atenderão nossas expectativas, mas também não serão todos que quererão simplesmente errar. Alguns erram, sim, sem querer.
Ninguém disse que seria fácil, mas também não é tão difícil assim.
Converse consigo mesmo. Ache a razão da tua dor e elimine-a de ti.
Façamos algo por nós mesmos, mas não nos conformemos com o “mais ou menos” ou com o “nada” de agora. A vida se vive no já e é só o agora que nos pertence, então deixa que teu coração sinta, que tua cabeça pense, que teu corpo peça... deixa que tua alma viva.
Se for pra sentir, sinta como se sentisse todas as coisas do mundo. É bem melhor do que sentir como se, no mundo, não houvesse nada pra se sentir.