Um simples diálogo e tudo poderia
ter se resolvido. Mas um diálogo honesto, de quem diz o que sente, de quem se
mostra sem medo, com a intenção de fazer dar certo. Uma conversa franca em que
cada um se revela como é e não como imagina que o outro quer que seja.
Os relacionamentos de hoje em dia
estão cada vez mais enfraquecidos. Talvez reflexo dessa sociedade consumista em
que o bom de agora é o obsoleto de amanhã, mas o que tenho visto é que as
pessoas agem como se não valesse a pena insistir.
Julgam que tudo vale a pena (mas
só) enquanto dura, não importa o quanto dure e, quando acaba, simplesmente
acaba e que venha o próximo. O que passou fica de lição e o que virá será o que
vier a ser, não importa bem o que esse ser seja. E, como resultado, investe-se
cada vez menos onde se deveria investir cada vez mais.
E as pessoas vão ficando com medo
umas das outras e não se mostram como são. Eu te avalio, você me avalia. Eu procuro
qual seja o teu ideal e tento me fazer como se eu fosse quem você quer que eu seja
e sendo quem, muitas vezes não sou, canso-me de ser quem você quer.
E o desgaste é inevitável...
Mas o pior é quando passamos a
crer que dependemos do outro e fazemos isso com a mesma certeza com que deduzimos
que esse outro não depende em nada de nós.
Quando nos sentimos fracos e
comparamos nossas forças com o outro, vemos aquela pessoa bem resolvida, que
tudo sabe, tudo enfrenta e tudo aguenta, enquanto nós, fracos, temerosos da dor
e donos de todos os medos, acabamos nos inferiorizando ao nível de nossa baixa
auto-estima e calamos. Muitas vezes, não satisfeitos em calar, endeusamos o
outro e o colocamos num pedestal de onde sugerimos uma perfeição que ele não
tem.
E somos injustos. Injustos porque
muitas vezes aquele que parece tão forte, também é fraco e precisa do conforto
de não precisar ser sempre forte. O conforto de ser humano e confessar seus
medos, sua dor, sua angústia, seus anseios e mesmo seus sonhos mais absurdos.
Quando nos é tirado o direito de
errar (e muitas vezes somos nós que o tiramos de nós mesmos), a vida fica
pesada e tudo parece estar à flor da pele. Ficamos mais irritadiços. Nossa paciência
é menor, porque, a certa altura, não conseguimos mais fingir. Se somos o outro,
perdemos a paciência com aquele que não assume seus medos e nos sentimos
ofendidos porque não sentimos a confiança de que não nos confessou a própria
dor e tudo parece uma mentira que não deve se arrastar. O fim se aproxima
porque não “ousaram” confessar.
Ser companheiro é não ter medo,
nem vergonha. De nada vale estar junto se a vida andar separada. Intimidade não
é nudez física, mas, principalmente de alma. Não é justo se terem e não se conhecerem,
estarem, mas se temerem.
Não se presumam forte e fracos,
mas se queiram sempre a metade que completará e se completará. Relações são
sempre vias de mão dupla onde se dá e se recebe. Pode até ser que às vezes mais
se receba do que se dê. Uma hora se receberá e se dará. Se dá, mas não recebe, então
vá! Não compensa ser de quem não te é. Mas se são, sejam! Se está difícil,
insista! Agora, se há duvida e não sabe, ao invés de já desistir, converse.
Pode ser que o forte seja o
fraco, mas dois serão sempre mais fortes do que um.
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