sábado, 20 de abril de 2013

Calei-me para ser (de) quem sou

Calei-me!
Calei-me de mim mesmo.
Calei minha própria vontade.
Calei cada querer que me veio.
E cada silêncio de mim, fez-me quem sou.
E se sou triste, ao menos sou dentro de mim.
Muitas vezes triste por ter me virado às costas.
Eu que me deixei para ser de quem me tem sido ao longe.
Calei a voz que grita sem que saia som e que só fala em mim.
Ah! Voz que ressoa o pensamento e não segreda a angústia.
É silêncio que diz nos olhos que não se erguem,
Pois contra a luz bem que podem não resistir e chorar.
Silêncio que dói...
Satisfação que falta ao corpo e só se revela na alma... calada.
Meu sorriso é a janela desenhada que mostra o sol ao longe
Mas só o que faz é esconder o escuro da noite mais fria
De uma vida que não merece sorrir já que não sorri.
Vivo um dia de cada vez todos como se fossem muitos
Mas são poucos e já me cansam
E quando não cansam, lembram-me cada “não”
E me cobram a falta do sim que não me faria feliz.
Sei de cada não...
Os diria de novo e outra vez.
Só não me peça que esqueça cada sim que não tive de fora
Mas que vivem como se fossem verdade
Quando acontecem, todo dia, no outro lado de mim.

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