Somos vítimas do nosso tempo ou
agentes da nossa dor? Estamos sabendo onde procurar nossa paz e nossa
autoestima? Cuidamos do outro como cuidamos de nós? De onde vem a nossa paz e a
nossa autoestima? E a do outro? O que faz com que estejamos bem? O que faz com
que queiramos fazer o bem?
Tenho me sentido preocupado e com
a impressão de que vivemos cada vez mais a tendência de querermos encontrar “pertencimentos
à distância”. Por alguma razão parece que nos sentimos como se dissociados do
mundo imediatamente à nossa volta e passamos a usar da internet como se o telescópio
que, nos dando a visão das gentes mais distantes, nos ajuda na busca de quem se
pareça conosco e mostre, então, que não estamos sozinhos na nossa forma de ser.
Mas por que precisarmos disso?
A vida em uma sociedade
pasteurizada sob matizes estabelecidas pelo gênio de não se sabe quem parece
nos constranger contra a ideia de sermos únicos ao nosso modo. E não importa que
talvez ninguém seja único e que mesmo as nossas idiossincrasias se reconheçam
vivas na personalidade de outrem: temos o direito de sermos únicos e de não
precisarmos da confirmação de ninguém.
É necessário que fortaleçamos
nosso caráter e nos permitamos o privilégio de sermos o que quisermos, pautados
pelos valores que tivermos e opostos a tudo quanto não se comunique com quem
somos. Não precisamos nos adaptar a cartilhas ou nos ajustarmos a formas de ser
quem não somos nós. O tempo precisa ser o do grito da liberdade da escolha de
ser um.
Será ótimo que não precisemos nos
preocupar se nos aprovarão. Quem “não é eu” não precisa gostar do que gosto,
assim como, “eu sendo eu”, só preciso me bastar naquilo que me agrada e que não
é ilegal e nem é imoral. Que belo seria o mundo em que as pessoas se completassem
nas suas diferenças ao invés de se incharem nas suas semelhanças. Haveria menos
pessoas dependendo de “likes” e “biscoitos” para se sentirem felizes e relevantes
porque aprovadas desde fora de si.
É perigoso nos confortarmos com o
aplauso alheio e pautarmos nossa ideia de importância no número de vozes que
louvam nossa forma de ser. Porque se eu espero a satisfação da acolhida e valorizo
demais a aprovação que venha da reação positiva de quem gosta de mim, correrei
o risco de supervalorizar eventuais desaprovações e maldades e reações
negativas de pessoas vis e vazias que não estão nem aí para mim, mas que se sentem
estranhamente confortáveis em destratarem quem quer que, diferente delas, não
tenha problema em gostar de ser quem é.
Que bom seria se todo o mundo
entendesse que a melhor aprovação é a que vem de dentro, a que vem da gente. A sensação
de se conhecer, saber quais são as fraquezas e trabalhá-las; quais são as virtudes
e desenvolvê-las; quais são os sonhos e as metas e ir buscá-los. Que importe
pouco ou nada se são mais os que discordam e desanimam do que os que concordam
e incentivam. A gente simplesmente vai e faz porque sabe que ninguém melhor que
a gente conhece melhor a gente. E daí se atrapalharem, a gente ignora; se
segurarem, a gente se solta; se destratarem, a gente segue e anda e realiza e
na volta ainda volta sorrindo a certeza de quem se sabe forte porque se sabe
gente que sente e não tem medo algum de sentir (e se conhecer).
Quanto ao aplauso, o mais
importante é o nosso. Agradeçamos aos dos outros, mas desconfiemos. Não nos
bastemos neles. Nem choremos a falta deles. Será muito melhor a certeza de que fizemos
o que queríamos e de que vivemos o que desejamos.
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