Homens são de marte, mulheres são
de vênus; homens fazem sexo, mulheres fazem amor; homens gostam de safadeza,
mulheres gostam de carinho... tudo bobagem. Pode até servir para vender livros.
Mas é tudo uma besteira paralisante, traumatizante... Tudo preconceitos de quem,
por alguma razão, quer fazer acreditar que, entre homens e mulheres, há
diferença de essência só porque há alguma diferença biológica. Mas é tudo uma
questão de má cultura.
E a partir daí reforçamos
estereótipos dos mais nocivos, né? Menino não brinca de boneca, menina tem que
fazer balé e ser delicada; tudo bem os meninos não serem cuidadosos, mas as
meninas precisam desde cedo saber cuidar da casa e entenderem de fogão.
Na medida em que crescem, tudo
bem o rapaz rir e fazer piadas machistas, falar mal de casamento ou se gabar da
sua falta de apego; tudo bem o rapaz consumir pornografias, falar de suas
venturas e desventuras sexuais (se bem que, não sei vocês, mas em se tratando
de desventuras é muito raro o homem se confessar ruim de cama. Mesmo quando rumores
apontam que ele é) e tudo bem ele beber demais. Mas se a mulher faz isso... meu
Deus! Não vale nada, é uma tarada, adúltera, safada, dessas que, na boca de
gente ruim, ouvem até que não servem para casar (e, pessoalmente, se existir
isso de servir pra casar, acho que são essas que realmente servem).
Enfim... por alguma razão de
excesso de machismo (e nesse vídeo eu quero conversar com vocês: vocês também acham
que o machismo é fruto da insegurança do homem que não sabe lidar com os sonhos,
os desejos e a vontade da mulher sentir prazer?), alguém quis normalizar que as
mulheres são tudo o que o homem não é e não podem gostar como o homem gosta.
O saldo disso é que ainda se
reprime e se represa a sexualidade feminina. Ainda há mulheres que no alto de
suas vidas adultas “ouvem”, desde a sua memória, as censuras das avós, das
tias, da mãe para que não se toquem, não se descubram. Essas mesmas mulheres
que também são as que anseiam serem tomadas com força, com vontade, por mãos
bem espalmadas pelas curvas dos seus corpos, por dedos ora delicados, ora ágeis
a explorar os detalhes da sua pele e do seu corpo; que anseiam pela boca que
não tem preguiça de percorrer sua boca, sua nuca, sua pele, pernas, cintura,
ventre... seven, seven, seven!
E que falta de sorte dessas que
ainda se veem envolvidas por homens incapazes de olharem suas próprias mulheres
como mulheres. Homens incapazes de olharem para o seu lado e serem gratos pela
mulher que tem e que lhes deseja, lhes quer. Homens que não conseguem vê-las como
pessoas que desejam sentir, que até sabem ou saberiam sentir, mas que lamentam
quando não sentem. Homens incapazes de perguntar se elas fantasiam porque não
saberiam lidar com o fato de que no meio de uma tarde qualquer a mãe dos seus
filhos, a mulher que quer pra si, ela também se pega pensando como seria bom
sair correndo dali e se dar e possuir quem lhe faça a boca gemer e o corpo sorrir.
Homens que são capazes de terem
amantes, mas não são capazes de serem amantes.
Por outro lado, ouvi de uma
comerciante querida que muitos homens têm procurado aprender sobre produtos
destinados à satisfação de suas parceiras. E que bom! Mas espero que eles saiam
dos casulos e das vergonhas e parem de falar com os amigos de um jeito que
parece que estar na cama com suas esposas é um favor, uma obrigação e entendam
que nenhum gracejo de mesa de bar é mais importante do que o desejo da mulher
com quem ele divide o seu lar.
E da mesma forma, que não tenham
medo de dizer que às vezes querem, sim, um carinho, um beijo, um abraço e um
cafuné. Não precisam se querer mostrar insensíveis, desses cuja única carência
é por mais sexo. Homens também podem querer o afeto e a tranquilidade vindo da
certeza de se saber amado.
Homem, descubra o que tua
parceira quer e seja o parceiro dela. O companheiro. Que juntos vocês sejam os
desbravadores do mundo misterioso de vocês dois. Não se acomode, nem ache que
já sabe de tudo. Queira aprender; queira ser melhor! E descubram que é possível
ser casado, ser homem e ser feliz.
Mulher, não tenha medo de querer,
de confessar o que quer, de viver, se permitir. Não deixa que os outros (que
não são você) imponham o que você vai ou não viver. Busque e tenha no seu parceiro,
o teu amigo, o teu abrigo, teu confidente, amante e companheiro. Confie e seja
confiável. O coração pede, mas o corpo também.
Aceitem-se, descubram-se, não se
julguem, se tenham e se gostem cada vez mais.
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