sábado, 16 de maio de 2020

Seven! Seven! Seven!


Homens são de marte, mulheres são de vênus; homens fazem sexo, mulheres fazem amor; homens gostam de safadeza, mulheres gostam de carinho... tudo bobagem. Pode até servir para vender livros. Mas é tudo uma besteira paralisante, traumatizante... Tudo preconceitos de quem, por alguma razão, quer fazer acreditar que, entre homens e mulheres, há diferença de essência só porque há alguma diferença biológica. Mas é tudo uma questão de má cultura.
E a partir daí reforçamos estereótipos dos mais nocivos, né? Menino não brinca de boneca, menina tem que fazer balé e ser delicada; tudo bem os meninos não serem cuidadosos, mas as meninas precisam desde cedo saber cuidar da casa e entenderem de fogão.
Na medida em que crescem, tudo bem o rapaz rir e fazer piadas machistas, falar mal de casamento ou se gabar da sua falta de apego; tudo bem o rapaz consumir pornografias, falar de suas venturas e desventuras sexuais (se bem que, não sei vocês, mas em se tratando de desventuras é muito raro o homem se confessar ruim de cama. Mesmo quando rumores apontam que ele é) e tudo bem ele beber demais. Mas se a mulher faz isso... meu Deus! Não vale nada, é uma tarada, adúltera, safada, dessas que, na boca de gente ruim, ouvem até que não servem para casar (e, pessoalmente, se existir isso de servir pra casar, acho que são essas que realmente servem).
Enfim... por alguma razão de excesso de machismo (e nesse vídeo eu quero conversar com vocês: vocês também acham que o machismo é fruto da insegurança do homem que não sabe lidar com os sonhos, os desejos e a vontade da mulher sentir prazer?), alguém quis normalizar que as mulheres são tudo o que o homem não é e não podem gostar como o homem gosta.
O saldo disso é que ainda se reprime e se represa a sexualidade feminina. Ainda há mulheres que no alto de suas vidas adultas “ouvem”, desde a sua memória, as censuras das avós, das tias, da mãe para que não se toquem, não se descubram. Essas mesmas mulheres que também são as que anseiam serem tomadas com força, com vontade, por mãos bem espalmadas pelas curvas dos seus corpos, por dedos ora delicados, ora ágeis a explorar os detalhes da sua pele e do seu corpo; que anseiam pela boca que não tem preguiça de percorrer sua boca, sua nuca, sua pele, pernas, cintura, ventre... seven, seven, seven!
E que falta de sorte dessas que ainda se veem envolvidas por homens incapazes de olharem suas próprias mulheres como mulheres. Homens incapazes de olharem para o seu lado e serem gratos pela mulher que tem e que lhes deseja, lhes quer. Homens que não conseguem vê-las como pessoas que desejam sentir, que até sabem ou saberiam sentir, mas que lamentam quando não sentem. Homens incapazes de perguntar se elas fantasiam porque não saberiam lidar com o fato de que no meio de uma tarde qualquer a mãe dos seus filhos, a mulher que quer pra si, ela também se pega pensando como seria bom sair correndo dali e se dar e possuir quem lhe faça a boca gemer e o corpo sorrir.
Homens que são capazes de terem amantes, mas não são capazes de serem amantes.
Por outro lado, ouvi de uma comerciante querida que muitos homens têm procurado aprender sobre produtos destinados à satisfação de suas parceiras. E que bom! Mas espero que eles saiam dos casulos e das vergonhas e parem de falar com os amigos de um jeito que parece que estar na cama com suas esposas é um favor, uma obrigação e entendam que nenhum gracejo de mesa de bar é mais importante do que o desejo da mulher com quem ele divide o seu lar.
E da mesma forma, que não tenham medo de dizer que às vezes querem, sim, um carinho, um beijo, um abraço e um cafuné. Não precisam se querer mostrar insensíveis, desses cuja única carência é por mais sexo. Homens também podem querer o afeto e a tranquilidade vindo da certeza de se saber amado.
Homem, descubra o que tua parceira quer e seja o parceiro dela. O companheiro. Que juntos vocês sejam os desbravadores do mundo misterioso de vocês dois. Não se acomode, nem ache que já sabe de tudo. Queira aprender; queira ser melhor! E descubram que é possível ser casado, ser homem e ser feliz.
Mulher, não tenha medo de querer, de confessar o que quer, de viver, se permitir. Não deixa que os outros (que não são você) imponham o que você vai ou não viver. Busque e tenha no seu parceiro, o teu amigo, o teu abrigo, teu confidente, amante e companheiro. Confie e seja confiável. O coração pede, mas o corpo também.
Aceitem-se, descubram-se, não se julguem, se tenham e se gostem cada vez mais.    

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