quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Melhor que seja melhor


Será que a vida de todo mundo dá voltas como tem dado a minha? Será que os outros também experimentam dessa sensação de não terem nenhuma resposta, no minuto seguinte de quando achavam já terem todas?
Confesso que na maior parte do tempo eu me delicio com o quanto ainda posso me surpreender com a vida. Sim, me parece que o momento em que perdemos a capacidade de nos surpreendermos é o momento em que a vida fica sem sentido. Eu adoro quando posso me surpreender.
Adoro quando o que hoje é real soa impossível dias atrás. A sensação do inusitado, a apreensão com o impensado, tudo isso me instiga a procurar na vida o que vem a seguir.
Muitas vezes planejamos um tempo que não chega, mas nos vem outro que nos encanta hoje, mais do que qualquer sonho tenha encantado antes. E como é bom se encantar; como é bom se deslumbrar com o que nos surge da maneira menos impensada, mas que se faz essencial para a felicidade de todos os outros dias, porque sem o impensado de antes, nada mais é sensato no agora.
Vivo um momento em que tudo que me parecia certo é cada vez menos o que quero e mais o que já foi. E por mais que assuste, muito do agora é o motivo atual do sorriso que cada dia é mais novo. E isso me é bom. É bom porque posso continuar crendo que o novo vale a pena. E ainda melhor, pelo que ainda me virá. E eu sei que virá...
Dá uma vontade de tentar fazer acontecer...

domingo, 31 de outubro de 2010

O Brasil que me envergonha


A sensação de tristeza que me acometeu com o resultado das eleições presidenciais foi semelhante a de assistir meu time perdendo uma final de campeonato. Foi inevitável a sensação de um vazio todo negro tomando conta do meu peito. Um vazio de quem teme a sorte do meu país.
Eu tenho todas as convicções possíveis de que Dilma Rousseff será desastrosa para o Brasil e, desde já, deixo aqui meu registro que, um dia, será profético.
Me sinto envergonhado pelo Brasil.
Envergonhado de um país que enxerga na figura de um homem o símbolo de sua esperança. Envergonhado de um país que enxerga essa esperança em um homem que se deitou com a corrupção, que se entregou ao achincalhe das instituições e ao descaso com a moralidade. Envergonhado de um país que vota numa mulher que até ontem era ninguém, porque esse mesmo homem – que se fez à custa de um discurso mentiroso e uma trajetória tortuosa e a cada novo dia menos digna de aplausos sinceros – indicou que votasse. Um país que não adota um critério objetivo para sua escolha, mas que se pauta na velha política populista que parece nunca soçobrar.
É vexaminoso fazer parte de um país que muitos querem “gigante pela própria natureza”, mas que se esforça para manter os seus todos dormindo, quietos, mendigantes da próxima esmola que lhes darão.
Pobre e triste Brasil, sempre lançado a quem pouco se preocupa consigo, mas muito mais com seus pares, todos eles cada dia mais ricos à custa da política suja que se assistiu ao longo dos últimos 8 anos.
Pobre Brasil que não percebeu a bem-aventurança que lhe chegaria ser livre de Lulas, Dilmas, Dirceus e Berzoinis... mas agora é refém de seu autoritarismo, de seu descaso com a democracia e de sua imoralidade.
Festejam os que sentem-se vitoriosos, mas é uma vitória que não deve durar. Não há qualquer possibilidade de sucesso de um governo que se inicia dissociado da verdade e desamparado da justiça.
Talvez mais fácil fosse deixar um país tão digno de vaias, mas o caminho mais fácil é a escolha dos fracos. Melhor é permanecer firme na luta contra esse PT que toma de assalto a república e ri do processo democrático; melhor é se fazer firme porque esse governo não tende a prosperar.
Mas por hora não dá pra não se deixar envergonhar desse povo que quis assim.
Aparentemente agora a Dilma é alguém, mas até esse Dia das Bruxas tão funesto em que “sabe-se lá porquê” resolveram lhe eleger não era ninguém. Espero que amanhã ela seja, simplesmente, a triste história de mais um erro desse triste Brasil.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Esposa de Isaque


Eu não sei em outros meios, mas no meio evangélico, quando se tenta “educar” os jovens para a vida a dois, é bastante comum se dizer que a pessoa deve pedir a Deus que, no Seu tempo, lhe prepare o companheiro ou a companheira que seja da Sua vontade. É claro que com isso tentam conter os impulsos de moços e moças em busca de saciarem seus desejos mais íntimos, mas...
O exemplo preferido de 10 em cada 10 palestrantes desse tema (o casamento preparado por Deus) é o de Isaque – aquele mesmo filho de Abraão de quem Deus pediu o sacrifício – e sua esposa.
Não quero aqui me alongar nos detalhes bíblicos. Fiquemos com o fato de que o pai de Isaque mandou um empregado até a sua cidade natal para que lá encontrasse uma boa moça a ser desposada por seu filho e que, lá chegando, esse empregado enxergou em uma moça bastante generosa, a esposa para o filho de seu patrão. É dessa moça que quero falar: a esposa de Isaque, Rebecca.
Do que se sabe de Rebecca – cujo nome apropriadamente significa aquela que seduz – era das mulheres mais lindas de seu meio. De gentil trato, encanta todos quanto se ponham em sua presença, presenteando-lhes, ao seu tempo, com uma meiguice que se achava sempre presente no seu olhar ao mesmo tempo terno e forte.
Sabe-se da esposa de Isaque que era boa filha. Tinha bom testemunho de toda família. Filha devotada, carinhosa com seu pai, Betuel, amorosa com sua mãe Milca e fiel aos seus irmãos e irmãs.
O encantamento de Isaque se deu no primeiro momento em que se viram. A narrativa mostra que no que se viram tiveram a certeza de que havia um para mudar a vida do outro. Místicos fossem, saber-se-iam destinados a si desde o infinito de seu tempo de antes, quando foram partes de uma mesma alma.
Ela era linda. Sua beleza era o repouso perfeito dos olhos sempre encantados daquele que se lhe fez servo. Não haveria dia para os restos do dia de seu marido em que o pensamento dele não seria para ela. Adorava tê-la consigo, adorava tê-la para si. Tinha-a e dava-se. Tudo lhe queria. Tudo lhe faria. Ora, e o sorriso de Rebecca não lhe conseguiria tudo de Isaque? A história mostra que sim. Eram o encontro perfeito de um para com o outro. E desde o primeiro momento já se sabiam assim.
Isaque nunca perdeu o dom de se encantar. Assistia Rebecca mesmo quando ela não se sabia vista. Desejava-a mesmo quando a tinha. E mais lhe queria quando a acabava de ter. Ela era musa de seus sonhos. Era dona de sua voz.
O som da voz de sua esposa lhe era o canto mais sublime. Como a água às flores lhe trazia sentido para mais um dia... e Isaque prosperou. Prosperou porque tinha em sua esposa a inspiração para o dia que haveria de vir. Mesmo antes de beijá-la já sabia de seu beijo e por mais saber, mais queria e de tanto querer, tinha a certeza de que a beijaria o beijo que lhe guardou desde sempre. Isaque tinha em seus lábios o destino preciso dos lábios de Rebecca.
Lindas foram suas noites, sublimes suas manhãs... de amor fora sua história.
Isaque muito viveu e em nenhum de seus muitos dias deixou de pensar sua esposa com amor sublime e bem querer contente... aquela que une e seduz seria sempre a imagem adorada na sua lembrança cansada dos dias, mas jovem para o amor.
Isaque era para Rebecca o que queria que fosse ela para ele e, assim, os dois foram um...
Os dois (Isaque e sua esposa) são exemplos perfeitos já há muitas gerações. Um amor que se construiu na fé de um pai que saberia que Deus lhe daria a esposa ideal para o filho e de um filho que soube honrar a fé de seu pai.

Sonhos e Fantasias




Um dos filmes mais sensacionais que já assisti é “A vida de David Galé”. No início desse filme, o protagonista, um professor universitário, em meio a uma aula, indica aos alunos uma série de conceitos sobre a felicidade. Entre esses conceitos, citando de Pascal a Lacan, ele lança a máxima de que “só somos verdadeiramente felizes quando sonhamos acordados com a felicidade futura”.
Confesso que essa frase me impactou. E forte. Ela me exigiu uma necessária e inevitável reflexão. Acredito que deve ter mais de cinco anos que assisti a esse filme.
E por que eu me refiro ao filme?
Recentemente, em meio a uma rotina de conversa cada vez mais prazerosa, ao analisarmos nossos próprios comportamentos, concluímos que todos nós tínhamos a mesma mania de viajar com a imaginação. E é delicioso sonhar. Sonhar a vida real, sonhar a vida absurda... sonhar um sonho de amor, um sonho de riquezas, um sonho de fantasia...
Ah, as fantasias. Fantasio o tempo inteiro e a medida que me relaciono às outras pessoas percebo que não só eu e é quando me pego pensando na frase do filme: só somos verdadeiramente felizes quando sonhamos acordados com a felicidade futura.
E é verdade. Quando olhamos lá na frente e nos vemos felizes, não importa como, não importa com quem, sentimos uma felicidade que é daquele dia que talvez não chegue, mas no dia que já nos chegou. E mesmo que o sonho seja tão frágil quanto um biquíni de chantilly que se desfaz nas águas da cachoeira, é importante que se sonhe. Nos sonhos somos reis, heróis, infalíveis em tudo... nos sonhos nós somos felizes.
Sonhar não implica em deixar de viver. Antes, o sonho é o prenúncio da realidade que nos chegará. Não devemos sonhar se não for para querer fazer do sonho a realidade de amanhã. Sejamos, pois, sonhadores em tudo, sem medo de sonhar.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Paixão x Amor


Os que amam devem invejar os que se apaixonam.
Tenho pra mim que o amor é um sentimento superestimado. Não é tudo isso. Os romances, filmes e canções nos levam a acreditar que o amor é o sentimento a ser almejado, mas sejamos francos: os nossos melhores momentos são os apaixonados.
Quando apaixonados os dias ficam mais azuis, as nuvens mais brancas, os jardins mais verdes, porque tudo ganha um colorido mais intenso.
Quando apaixonados as canções fazem sentido mesmo quando não há sentido algum.
Enquanto o amor acomoda, a paixão faz com que se deseje cada vez mais.
Quando apaixonados até acordar pela manhã é mais prazeroso na certeza de até o fim do dia encontrar quem nos desperta a paixão.
O sorriso do apaixonado é mais bonito. Sua inspiração é latente. Seu encantamento é constante. Sua alegria é presente e suas palavras mais doces.
À bem da verdade, acredito que o amor que se escreve, se canta e se louva é, na verdade, a paixão. Essa sim é arrebatadora.
A paixão inspira muito mais que o amor, ou os melhores dias de um relacionamento não são os primeiros? Aqueles dias em que um simples tocar de corpos faz sair faísca, em que um beijo é pouco e muitos beijos ainda são poucos.
Apaixonar-se é querer quem já se tem, para que tendo, se queira ainda mais.
É sorrir sem maiores motivos. É sorrir porque sente paixão.
A paixão faz sonhar (e às vezes sonhar acordado mesmo).
Aquela cara boba de quem viu passarinho azul não existe nos rostos de quem ama. Ela é exclusiva dos apaixonados.
Quem ama quer a estabilidade de um relacionamento que muitas vezes dura mais do que deveria durar, já os que se apaixonam lançam-se na incerteza do que será, mais preocupados com o bom de agora.
E por favor, não reduzamos a paixão a um estágio preliminar do amor. Eles andam separados.
A paixão é legal, diverte. Se ela evolui, ela não poderia ser pra se tornar amor. O amor, por sua vez, é manso, é suave... companheiro. Aliás, é bem possível amar e se apaixonar. Um é um, outro é outro. E olha que são vários os que amam, mas não sabem mais o que é paixão. Triste...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A noite sem você...

E a noite passa e com ela seu silêncio.
Silêncio esse em que penso em você.
E quando te penso o silêncio faz barulho
No peito meu, amante eterno de você.
E te levo comigo no caminho que sigo
E sigo um caminho que me leva a você.
Se me diz não, ainda espero o sim
O sim que me vem e que só quero de você.
E sempre querendo e querendo você
Tão linda e serena e sorrindo... e assim
Sei que terei você...
Terei você só pra mim.

domingo, 26 de setembro de 2010

NINE


Como tenho escrito pouco aqui e esse fim de semana (de inutilidade total) fui à locadora e peguei seis dos meus filmes preferidos, resolvi escrever um pouco de cada um deles à medida que os vou assistindo.
Não. Os filmes que assisto definitivamente não são de ação, com explosões enormes e sangue jorrando para todos os lados. Filmes assim não acrescentam nada e me parecem entretenimento vazio para alma e espírito. Entretenimento assim nunca me interessa.
Gosto de filmes com diálogos interessantes. Daqueles que eu possa achar que talvez dissesse, mas que no fundo me ressinto de não ter a chance e nem o dom de dizer. Em suma, qualquer comédia romântica inteligente – aquela dos diálogos cheios de vários sentidos – me fascina e me faz querer reviver toda sorte de paixões.
Vou começar, então, pelo primeiro filme da tarde: NINE.
NINE é um musical de cada vez mais rara beleza na Hollywood atual, mais preocupada com filmes em que se abusa da tecnologia em detrimento das interpretações que absorvem uma platéia outrora desejosa de viver o que a tela sugere.
É verdade – e já me queixei disso em post menos recente – que Hollywood deixou de apostas em filmes musicais. Por sorte, nós, os apaixonados pelo gênero, vez ou outra somos brindados com um ou outro gracioso musical. Sim, não faz muito tempo tivemos Mamma Mia! que também me deleitou e me fez esquecer da vida, dos problemas e todo o resto pelas quase duas horas de divertidíssima atuação de um elenco pouco ortodoxo para o que se propôs em músicas não menos ortodoxas já que do ABBA (?), mas que funcionaram perfeitamente. Aliás, que elenco encabeçado pela mais-que-perfeita Meryl Streep não funcionaria? E olha que ainda havia Colin Firth, Pierce “James Bond” Brosnan e a impagável Christine Baranski... mas que Mamma Mia fique para outro dia, agora o que interessa é NINE e a história de um famoso diretor italiano em crise de criatividade, de meia-idade, de casamento e com as várias amantes ao longo de toda sua vida e que agora parecem querer lhe revisitar.
Para quem gosta de reparar nos detalhes, a direção, seja a de arte, seja a de fotografia, é perfeita. As cores que saltam da tela em um cenário intimista quando entre 04 paredes e maravilhoso quando explora as belezas da lindíssima Itália, são um show a parte. E o elenco. Ah! o elenco... é estelar e espetacular.
O diretor é interpretado por aquele que está seguramente entre os 05 maiores atores da sua geração: Daniel Day-Lewis. Qualquer um que goste de cinema já se encantou com alguma de suas atuações em filmes como Meu Pé esquerdo, Em nome do Pai, O último Moicano ou os mais recentes, Gangues de Nova Iorque e Sangue Negro. A sua atuação como um diretor de cinema italiano e em crise, conduzindo e liderando todo o filme é deslumbrante “Eu desejo mais, devo me contentar com menos e me pergunto: de que vale algo bom se não for em excesso? Uma limitação que lamento profundamente é só ter conhecido um de mim mesmo...”.
E por ele que logo na terceira cena surge uma deliciosa (em todos os sentidos) Penélope Cruz numa performance sensualíssima e que rouba todo o filme para si. “Quem não está vestindo nada? Eu não estou. Quem tem medo de beijar os dedos do teu pé? Eu não. Precios que você me aperte aqui, aqui e aqui”. Penélope é dessas atrizes que não precisam de grandes papéis. Qualquer papel para ela é grande. Ela é quem cresce e se faz perfeita em tudo que faz (Vicky Cristina Barcelona é grande prova disso, para não falar nos vários “Almodóvar” que ela fez).
Penélope é a amante desse diretor, seu personagem, Carla, uma italiana casada, mas apaixonada pelo amante e que se sujeita a qualquer dos seus caprichos, muito embora quisesse mesmo ser Luisa, a esposa, interpretada pela graciosa Marion Cotillard, que parece ter um caso de amor com a câmera, tamanha a cumplicidade entre elas “Me mostre como você encara tudo. Então vamos lá. Faça bom proveito. Quer minha alma? Faça bom proveito, porque não tenho mais nada, não me resta nada para dar”.
Para que então surja Fergie.
Fergie é um caso a parte para todos os homens que adoram as mulheres. A sensualidade que ela esbanja não se vê em muitas por todo o show bizz. Fergie é perfeita para o papel da musa dos tempos de infância da personagem principal. Nas lembranças do diretor, é ela quem o ensina ser um bom amante, numa performance musical que inevitavelmente te faz perguntar porque que todas as mulheres não são Fergie(licious). A medida que se move com a sensualidade da serpente, ensina o jovem Guido tudo que uma mulher pode querer, seja as doces palavras que ela gosta de ouvir à forma como ela quer ser tocada: “peço que seja ousado, sentimental. Pode até me dar um tapinha, mas seja ousado e indiferente e quando me apertar que seja onde a carne é fraca... colha a flor antes que você perca a chance”.
Se as suas musas já não fossem tantas, surgem ainda a maravilhosa Kate Hudson, deixando bem claro, numa dança repleta de ousadia, sedução e bom humor, o tamanho do seu desejo pelo já meu herói, Guido Contini, nome e sobrenome da nossa personagem principal. Em uma conversa regada a vodca e tendo à mostra uma insinuante cinta-liga, ela não se furta em sugerir suas mais perversas intenções “Eu estava pensando se há um limite para o que você possa mostrar nos teus filmes” “O que você gostaria de ver que ainda não te mostrei?”
Para que, enfim, sejamos apresentados aquela que é a maior musa do nosso diretor. Sua atriz preferida. A prima-dona de toda sua obra: Claudia Jensen, interpretada por uma das atrizes mais lindas que já passaram pela capital do cinema: Ms. Nicole Kidman. “de um modo inesperado você foi meu amigo, talvez tenha durado um dia, talvez tenha durado uma hora, mas de alguma forma isso nunca terá fim.”
São poucos os minutos em que a ex-senhora Tom Cruise nos brinda com sua presença magnífica, mas cada segundo fez com que eu perguntasse a Deus o que Ele tem contra mim.
Enfim, o filme é um show de sensualidade? Sim, é.
Mas tudo isso dentro de um enredo muito bem trabalhado pelo elenco maravilhoso que ainda se completa pela talentosíssima Judi Dench e pela eterna Sophia Loren.
Os diálogos são perfeitos e, muitas vezes, vemos na aflição experimentada por Guido, um pouco da desilusão que vivemos cada um de nós que queremos amar, mas erramos sempre com quem nos é mais importante, até que mesmo esse alguém, cansa de nos perdoar. Nele vemos o potencial de destruir os sonhos das pessoas, mas, principalmente, como é fácil esquecermos de quem somos nós e que "que uma escolha errada ao longo no caminho, pode fazer com que todas as outras sejam erradas também e com isso a gente acaba longe do caminho e se perca." O filme é preciso quando mostra que ao nos perdemos, não há quem possa nos ajudar a encontrar nosso caminho, pois isso só cabe a nós mesmos, no momento em que percebemos a necessidade da gente se reencontrar. O final caminha para uma inevitável redenção, mostrada de uma forma bastante singela e cheia de uma excelente música, aliás, a marca de todo o filme.

sábado, 25 de setembro de 2010

Vida...


Não quero falar de mim, quero falar do conhecido da filha de uma amiga da irmã da cunhada do vizinho da filha de amiga da depiladora da mulher do meu tio. Por razões óbvias não darei o nome do rapaz, mas acho que podemos usá-lo como exemplo nesse texto que não se sabe o que será.
O rapaz está aí com seus vinte e poucos anos, fim de faculdade, vida pela frente, mas perspectivas zero de felicidade. Dizem que qualquer segundo de conversa com ele é um convite eterno ao suicídio dos sonhos. Ele afirma e demonstra não ter nenhum.
E por que isso? Porque estamos todos – não só ele, mas eu e você também – sendo convidados a esquecermos as delícias de sonhar, para que nos entreguemos a realidade de uma vida cada dia mais abjeta, pois cruel e dura.
A cada dia cresce a impressão de que a maioria espera que a vida seja vivida de acordo com uma cartilha pré-estabelecida sabe-se lá por quem. Uma vida que se resumiria em nascer, estudar, arrumar um emprego público qualquer, casamento, filhos, aposentadoria razoável à espera do inevitável fim de todos nós.
E quem disse que tem que ser assim?
Afora o nascimento e o momento da morte, quem estabeleceu o que a pessoa deve ou não deve fazer? Até pelas minhas predileções, entendo que estudar deveria ser tão essencial à vida quando seu início e seu derradeiro, mas todo o resto são escolhas, escolhas que nos fazem conseqüências de nós mesmos, seja quando erramos, seja quando acreditamos que acabamos de acertar.
Até sonhamos com a vida perfeita, mas as vicissitudes sempre nos alcançarão. Mas e daí? Temos medo de não superarmos os problemas? O medo não combina com a vida, essa sim, um eterno desafio.
A estabilidade de um emprego não é a certeza de uma vida de satisfação, assim como, a insegurança de se prover por si próprio não significa a insatisfação pela falta de maiores certezas.
O segredo está em nos atirarmos na vida mesmo sem a certeza do bom final. Mesmo, porque, o bom final só depende de mim e de você.

domingo, 12 de setembro de 2010

O que Kant diria para o Lula

"
"Um governo fundado no princípio da benevolência para com o povo, como é o caso do governo de um pai em face dos filhos, ou seja, um governo paternalista (imperium paternale), no qual os súditos, como filhos menores que não podem distinguir entre o que lhes é útil ou prejudicial, são obrigados a se comportar passivamente, para esperar que o chefe do Estado julgue de que modo eles devem ser felizes, esse governo é o pior despotismo que se possa imaginar."


"Kant, Imannuel. Sopra il detto comune: 'Questo può essere giusto in teoria, ma non vale per la pratica'(1793)". (No ditado popular: 'Isso pode ser certo na teoria, mas não vale na prática')

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

domingo, 29 de agosto de 2010

Pobre Brasil pobre


Não consigo não me assustar com os resultados de cada nova pesquisa sobre intenção de voto para as eleições presidenciais desse ano.
O crescimento vertiginoso da candidata do esculhambador geral da República – e aqui se pede vênia ao grande José Simão – exige a constatação das mais tristes e revoltantes: o brasileiro é ridículo.
Não consigo deixar de imaginar – e essa é uma imagem cada vez mais forte na minha mente – o todo poderoso imperador do Brasil, sob sua opulenta barba grisalha, sua fala rouca sibilante e seu dedo mindinho ausente, sentado a se refestelar em churrascos regados a pinga na Granja do Torto e rindo do Brasil. Imagino-o jocoso sob gargalhadas afirmando que se ele mandasse que os brasileiros pulassem em uma perna só de hora em hora, ao menos 90 milhões deles fariam. Sim, porque é o que se vê acontecendo nessa corrida presidencial. O povo brasileiro vota em alguém pelo simples fato do chefe do Executivo determinar que o faça.
É assustador como o brasileiro se presta a votar em uma pessoa que ele não sabe quem é. O que nós, brasileiros, sabemos dessa senhora Dilma Roussef, além de se tratar de uma ex-terrorista, saqueadora de bancos e homicida - inclusive em atentado à bomba – em nome de uma batalha extremada contra a ordem vigente em fins dos anos 60?
Essa senhora surgiu para o cenário nacional há menos de 05 anos. Mesmo se antes era Ministra das Minas e Energia, é fato que atinge alguma notoriedade somente no período pós-mensalão: sim, Mensalão! – aquele escândalo de corrupção que teve no presidente e seus assessores mais próximos seus mentores.
A candidata do Partido dos Trabalhadores – que no seu aspecto nacional é outra excrescência da nossa política, das mais mentirosas e nefastas enganando seus militantes locais e, quer-se crer, bem intencionados – é uma ilustre desconhecida do grande público. Ninguém tem um motivo para votar nela, que não seja a indicação do cacique maior da bando que vem se aproveitando do país nos últimos tempos. Simplesmente, ninguém a conhece e isso, porque ela não é dada a se conhecer. Não há o que ela possa mostrar. Não há o que ela saiba dizer.
Sequer ela era a primeira opção daquele que lhe dirige apoio. Mas sem dúvida da a ele a certeza de que tem o povo brasileiro sob seu total controle, povo esse que se vende pela esmola de um assistencialismo vil.
Danuza Leão escreveu muito bem certa vez e abrirei aspas a ela: "Mas de Dilma não tenho medo; tenho pavor. Antes de ser candidata, nunca se viu a ministra dar um só sorriso, em nenhuma circunstância. Depois que começou a correr o Brasil com o presidente, apesar do seu grave problema de saúde, Dilma não para de rir, como se a vida tivesse se tornado um paraíso. Mas essa simpatia tardia nãoconvenceu. Ela é dura mesmo. Dilma personifica, para mim, aquele pai autoritário de quem os filhos morrem de medo, aquela diretora de escola que, quando se era chamada em seu gabinete, se ia quase fazendo pipi nas calças, de tanto medo. Não existe em Dilma um só traço de meiguice, doçura, ternura."
É óbvio que no candidato José Serra se vê uma situação oposta no que diz respeito ao seu preparo. Não que morra de amores pelo candidato, mas na simples avaliação de ambas as biografias, é mais do que óbvio que nele se vê quem preparado para um bom governo.
José Serra é aquele que se sabe de onde vem e sabe o que se fez. Tem o que dizer e mais ainda o que mostrar. Mas o texto não se presta a defender ou a fazer campanha a um candidato contra o outro.
Esse texto é parte da indignação contra um povo estúpido. De uma estupidez que beira a idiotice. Um povo que se contenta em receber uma ordem sem refleti-la; uma indicação sem avalia-la. O voto no Brasil é pobre. O pensamento no Brasil é raro. Por fim, somos todos vítimas de uma maioria medíocre que se contentará sempre com o papel de mendigos da máquina pública, com seus chapéus esfarrapados e prontos para contribuir com o “apequenamento” do país.
Tenho medo de um país governado por essa mulher. Dilma presidente será a pior coisa que poderá acontecer a esse país.

sábado, 28 de agosto de 2010

Adeuses


Tenho me percebido em uma fase de reflexões.
Olhar pra trás faz com que me assuste com os tantos erros que cometi nesses anos passados. Invariavelmente percebo que meu jeito de ser faz com que meu relacionamento com a maior parte das pessoas tenha prazo de validade.
Digo isso, porque são várias as pessoas que fizeram parte da minha vida – e muitas vezes de uma forma bastante intensa – que com o passar dos anos se fizeram (e fazem!) estranhas a mim, mesmo que presentes em certas rotinas.
O saudosismo me parece inevitável quando os olhos voltam 05 anos, 05 meses ou mesmo 05 dias e vejo que o que era já não é, quando o que poderia ser (mesmo com base no que foi) me parece tão mais interessante.
Ora, qual será o erro que me faz perder aquilo que sempre dei valor? Será que é pouco o quanto sei demonstrar o afeto e o apreço por quem sempre me fez sorrir um sorriso mais cheio de alegria? Ou será que na intensidade que me proponho vou tão além que o que digo ser sentimento, soa mais uma mera invenção?
Sei que nunca foi ideal de uma vida me sentir como um objeto que alguém põe em uma caixa e joga fora porque não serve mais.
Sei que vive em mim um eterno bem querer por quem venha desprezar o que fui – e mesmo aqueles que nunca mais serão!
Nunca enxerguei nas novas companhias a substituição das que se foram. Não vejo as pessoas que me fizeram bem como passíveis de não me serem mais ninguém, ou se forem, sejam menos do que um dia significaram.
Não falo de amor, de paixão e nem de nada que se defina mais em palavras que em sentimentos. Falo daquele encontro em que o que se sabe é o que não se disse, mas se percebeu. Sei que para o que me propus, não haverá momento em que me chamem ao socorro, que não socorrerei os que me precisarem e isso porque pra mim mesmo o antes se faz presente no agora e no todo sempre de depois de amanhã.
Pudesse optar e não diria adeus, mas são mais os adeuses que me dizem... que mal haverá em mim?
Mais do que nunca me sinto menos do que sou... e talvez seja!
Novas pessoas que ocupam o espaço das que passaram... é o que acontece, mas não serve pra mim. O novo de hoje... não...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O imprevísivel




Quando menos se espera, o que já não era volta a ser e o que se quis, é o presente do que se tem e o futuro do que se espera.
Confesso que por mais que me assuste, gosto da imprevisibilidade da vida e de como uma vida pode mudar (ou acabar) no curto tempo de um olho que pisca.
Até insistimos em planejar nossa vida. Sim, não podemos nos fazer conseqüência do acaso mais fatalista diante da nossa própria inação. Precisamos, diante das conseqüências previsíveis de nossas escolhas, sermos os que preparados para o diferente do antes ou até do durante, quanto mais do depois.
A vida tem tudo pra ser muito mais linda quando o acaso é mais do bom que se pode provar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Voltando...


Não é nada agradável querer escrever alguma coisa pra postar no blog e não encontrar nada sobre o que escrever.
Há momentos em que a inspiração parece abundar; momentos em que tudo parece ser assunto para um texto, uma reflexão, uma piada, etc. Certamente não tem sido assim pra mim. Passei o mês de julho inteiro pra escrever apenas uma poesia e mais nada que fosse digno de se colocar aqui no blog.
Tudo bem que meu mês de julho foi bastante movimentado. Ao longo do mês me dividi entre Rondônia, Minas, Rio de Janeiro e São Paulo. Provavelmente tivesse muito para falar desses dias, mas tudo que teria sentido se dito quando próximo ao que vivido.
Por exemplo, ter ido ao Rio assistir ao espetáculo Alucinadas foi uma experiência agradabilíssima. O espetáculo de sketches de humor muito bem boladas e defendidas por duas atrizes de enorme talento (Renata Castro Barbosa e Lu Fregolente) já iniciava com tudo com a deliciosa música composta por Leoni e cantada por ele, Hebert Vianna, Léo Jaime e Roberto Frejat (confira o vídeo abaixo).
Nessa empreitada fomos Fabrício, Elias, Marcão, André, Diana e eu. Os seis lá no teatro Leblon onde, em seqüência, assistimos o segundo horário da segunda mostra de Stand-up Comedy, com apresentações hilárias de Marcos Vera e Cláudio Torres Gonzaga e que teve na platéia dois dos “maiores atores” de todos os tempos: Raul Gazola e Ricardo (Cigano Igor) Macchi.
Nessa viagem ao Rio ainda tivemos a nossa caminhada alcoológica (ainda não entendi muito bem porque ela recebeu esse nome) e o jogo Alemanha e Espanha assistido direto da Arena Fifa Fan Fest em Copacabana.
A parte mais importante da viagem sem dúvida foi o casamento da Mariana com o Bernardo, mas ainda tem o excelente show do Oscar Filho (o Pequeno Pônei do CQC) em São Paulo em que os noivos me deram o prazer de sua companhia em 75min de muitas risadas.
Sobre tudo isso ainda escrevo aqui um dia... ou quem sabe amanhã ou depois de amanhã.