terça-feira, 9 de outubro de 2012

Nosso destino é ser igual?


Então, a vida da gente é uma repetição da vida dos outros?
Será que viver é esse ciclo repetitivo onde o que eu faço é o que outros já fizeram?
A vida é mesmo um museu de grandes novidades, como diria o grande Cazuza?
Ou não será verdade que quase todos parecem ter as mesmas angústias, as mesmas dúvidas, os mesmos receios e necessidades semelhantes?
Somos mesmo todos iguais? Somos todos iguais desde quando? Somos desde sempre iguais em quase tudo? Ou fomos convencidos a termos as mesmas dúvidas e os mesmos quereres para que, cada vez mais iguais, não se reparem nos “erros” de quem seja diferente?
Nascer, crescer, trabalhar, casar, ter filhos, criar filhos, trabalhar, morrer (não necessariamente nessa ordem de meio). Sabemos nosso começo e nosso fim, temos um espaço pra preencher, mas, invariavelmente, acabamos preenchendo todos de um mesmo jeito, cada um com as suas prioridades. É como se já tenham traçado nossos caminhos. A escolha que dizem que temos é limitada por uma série de fatores que nos são impostos e, no mais das vezes, aceitamos. Assumimos como sendo bons, como sendo certos.
Andamos nas ruas e, se nos ocuparmos de olharmos para fora de nós, veremos rostos marcados pelo cansaço e pela dor de pessoas que não são elas próprias, mas sim, o resultado de um roteiro que lhes traçaram ainda antes de existirem. Muitas vezes não fazem o que gostam, mas sim, o que precisam. Toleram o dia de hoje em nome do pagamento de amanhã e até esse parecerá pouco diante do sacrifício que, no mais das vezes, é muito.
Olhamos casais e vemos que estão juntos pelo hábito de estarem juntos. Não se fazem mais felizes (talvez nunca tenham se feito felizes), mas as circunstâncias indicam que seu lugar é ao lado daquele estranho que ele conhece há tantos anos. O esposo olha pra esposa e não vê alguém para amar, cuidar e respeitar, mas sim, a castradora de seus sonhos de outrora. Aquela que impede sua felicidade agora, porque ele está preso num compromisso do qual, muitas vezes, ela também quer sair.
Por sua vez, a esposa, independente financeiramente, não consegue entender que aquele homem que lhe seria o companheiro, nunca lhe foi. Antes, quisera ser o senhor da vontade de ambos, não conseguindo aceitar que ela, ser pensante e que sente, também tem vontades e também as quer realizadas. Vivem uma guerra de vontades que, ao invés de aproximá-los, termina por lhes afastar de uma forma irremediável.
A esposa tolera o esposo que por sua vez suporta a esposa e ambos não veem que ainda há tempo de serem felizes numa vida diferente de agora.
Nascer, crescer, trabalhar, casar, ter filhos, criar filhos, trabalhar, morrer. Não. Não fugiremos desse destino. Esse é o maktub mais certo que há. Como faremos isso só depende de nós. A dor é optativa. Sente-se uma vez, mas continuar sentindo é uma opção de quem já desistiu do melhor que a vida pode oferecer.
Eu sei que lendo essas linhas pode se pensar que viver é uma merda. Talvez, às vezes até seja. Desde que você opte por não fazer, por não se mexer. Por patinar no mesmo lugar em nome de medos que te impedem de se sentir vivo.
Tua primeira escolha deve ser você. Todos que te amam, te querem bem ou até precisam de você, não estarão bem se você não estiver. A dor do pai será sempre a dor do filho; a dor do filho trará dor ao pai. O bom amigo se ressente na tristeza de seu amigo e o marido de verdade se ocupa da lágrima da mulher. A boa esposa é a razão do sorriso do marido e quando não são, não há mais porque se ser, nem continuar sendo.
O tempo é já e é só ele que temos. Ninguém vive sozinho e nisso somos novamente iguais.
Nascer, crescer, trabalhar, casar, ter filhos, criar filhos, trabalhar, morrer. Mas, acima de tudo, VIVER!

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