Então, a vida da gente é uma
repetição da vida dos outros?
Será que viver é esse ciclo
repetitivo onde o que eu faço é o que outros já fizeram?
A vida é mesmo um museu de
grandes novidades, como diria o grande Cazuza?
Ou não será verdade que quase
todos parecem ter as mesmas angústias, as mesmas dúvidas, os mesmos receios e
necessidades semelhantes?
Somos mesmo todos iguais? Somos
todos iguais desde quando? Somos desde sempre iguais em quase tudo? Ou fomos
convencidos a termos as mesmas dúvidas e os mesmos quereres para que, cada vez
mais iguais, não se reparem nos “erros” de quem seja diferente?
Nascer, crescer, trabalhar,
casar, ter filhos, criar filhos, trabalhar, morrer (não necessariamente nessa
ordem de meio). Sabemos nosso começo e nosso fim, temos um espaço pra
preencher, mas, invariavelmente, acabamos preenchendo todos de um mesmo jeito,
cada um com as suas prioridades. É como se já tenham traçado nossos caminhos. A
escolha que dizem que temos é limitada por uma série de fatores que nos são
impostos e, no mais das vezes, aceitamos. Assumimos como sendo bons, como sendo
certos.
Andamos nas ruas e, se nos
ocuparmos de olharmos para fora de nós, veremos rostos marcados pelo cansaço e
pela dor de pessoas que não são elas próprias, mas sim, o resultado de um
roteiro que lhes traçaram ainda antes de existirem. Muitas vezes não fazem o
que gostam, mas sim, o que precisam. Toleram o dia de hoje em nome do pagamento
de amanhã e até esse parecerá pouco diante do sacrifício que, no mais das
vezes, é muito.
Olhamos casais e vemos que estão
juntos pelo hábito de estarem juntos. Não se fazem mais felizes (talvez nunca
tenham se feito felizes), mas as circunstâncias indicam que seu lugar é ao lado
daquele estranho que ele conhece há tantos anos. O esposo olha pra esposa e não
vê alguém para amar, cuidar e respeitar, mas sim, a castradora de seus sonhos
de outrora. Aquela que impede sua felicidade agora, porque ele está preso num
compromisso do qual, muitas vezes, ela também quer sair.
Por sua vez, a esposa,
independente financeiramente, não consegue entender que aquele homem que lhe
seria o companheiro, nunca lhe foi. Antes, quisera ser o senhor da vontade de
ambos, não conseguindo aceitar que ela, ser pensante e que sente, também tem vontades
e também as quer realizadas. Vivem uma guerra de vontades que, ao invés de
aproximá-los, termina por lhes afastar de uma forma irremediável.
A esposa tolera o esposo que por
sua vez suporta a esposa e ambos não veem que ainda há tempo de serem felizes
numa vida diferente de agora.
Nascer, crescer, trabalhar,
casar, ter filhos, criar filhos, trabalhar, morrer. Não. Não fugiremos desse destino.
Esse é o maktub mais certo que há. Como faremos isso só depende de nós.
A dor é optativa. Sente-se uma vez, mas continuar sentindo é uma opção de quem
já desistiu do melhor que a vida pode oferecer.
Eu sei que lendo essas linhas
pode se pensar que viver é uma merda. Talvez, às vezes até seja. Desde que você
opte por não fazer, por não se mexer. Por patinar no mesmo lugar em nome de
medos que te impedem de se sentir vivo.
Tua primeira escolha deve ser
você. Todos que te amam, te querem bem ou até precisam de você, não estarão bem
se você não estiver. A dor do pai será sempre a dor do filho; a dor do filho
trará dor ao pai. O bom amigo se ressente na tristeza de seu amigo e o marido
de verdade se ocupa da lágrima da mulher. A boa esposa é a razão do sorriso do
marido e quando não são, não há mais porque se ser, nem continuar sendo.
O tempo é já e é só ele que
temos. Ninguém vive sozinho e nisso somos novamente iguais.
Nascer, crescer, trabalhar,
casar, ter filhos, criar filhos, trabalhar, morrer. Mas, acima de tudo, VIVER!
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