Muitos têm medo, enquanto outros
ainda mantêm a esperança que muitos já perderam, mas sim, de tempos em tempos
todos nós pensamos em amar. E, quando falamos de amor, falamos do verbo na sua
inteireza. Reflexivo. Amar não é verbo que se conjugue no singular. Amar é
verbo plural que não se basta no eu,
mas é perfeito se nós.
Mas vivemos um mundo acelerado.
Um mundo em que tudo é para agora. Temos pressa e esperar é parte de um passado
que não nos pertence. E é tanta a nossa pressa que sabemos que queremos amar,
mas sequer paramos pra pensar “o que é esse amar?”. Sabemos que é algo que
queremos, mas mal sabemos como queremos e, se pensamos saber, não nos ocupamos
do por que e às vezes, quando ele chega, o perdemos sem querer.
Temos pressa também em sermos
amados antes de amar. Parece mais seguro. Deixamos que o outro se entregue e
então medimos se vale a pena se(e quanto) entregar. Se não gostarmos,
simplesmente nos afastamos, seguimos, deixamos pra lá. Se gostarmos, além de
sermos amados, até podemos ousar amar.
Amar: equação ousada. O amante é
a outra metade imprevisível de quem ama. Somam-se duas incógnitas e, ainda
assim, espera-se achar o resultado correto. Mas eu posso errar e eu vou errar e
vai dar tudo errado, porque não tem como dar certo e, então, é melhor nem
começar a somar as variantes (nem bem as conheço!) e mais que depressa desisto
de amar antes de amar e de me permitir ser amado (ainda que ser amado pareça –
sem que seja – mais fácil do que amar).
E também não adianta pensar que
dá para aprender a amar. Ou que, quanto mais se apaixonar, mais fácil vai ser
se livrar, se acostumar ou, simplesmente, dispensar a ideia de amar. Não é
verdade que amando o novo amor de agora sabe-se mais do que quando se amava o
amor anterior e que, assim, o amor que
virá depois será melhor do que o amor que se tem agora. Mas são muitos os pensam
assim e assim justificam não serem e nem terem ninguém.
Mas temos pressa de amar e vamos
amando e vamos querendo e vamos nos dando... pouco. Parece tolo apostar no que
não existe (algum dia existiu?) e por mais que queiramos, muitas vezes
duvidamos que haja amor e passamos a achar que “a intimidade física prazerosa”
já é uma conquista que basta. Não por um
acaso, o sexo de uma noite é chamado de “fazer amor”, talvez uma forma de atenuar
qualquer tipo de culpa, a medida que nos mentimos ao crer que alcançamos o
ideal que poderíamos querer para nós. Mas não é.
Aos poucos nos perdemos de nós
mesmos e do mundo e pensamos que não nascemos para o amor ou que ele é algo que
nunca nos pertencerá. Se não podemos amar, logo apostamos que a paixão se faça
perfeita quando feita em verbo e que, ao se apaixonar, cada um descubra que é
possível se dar sem se entregar e receber sem precisar aceitar. Mas tudo isso, sem
perceber que, estando no mais raso de si, afoga-se no amor contido que não
soube livrar.
Ora, pra que se contentar com o
mais ou menos da vida se ela tem mais para dar? Não importa se dá medo ou se isso
é realmente ousar. Se te chegar o amor que te ame, ame-o. Sorria, se ria.
Paixão alimenta o corpo, mas não chega a alma. E, no fim, todos nós, nascemos para
amar.
2 comentários:
"Se te chegar o amor que te ame, ame-o. Sorria, se ria. Paixão alimenta o corpo, mas não chega alma. E, no fim, todos nós, nascemos para amar"
Deus...quanto hipocrisia!!!
Não conhecia o blog.. Muito bom, vou passar a acompanhar..
Aaah e gostei do texto.. Parabéns!
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