Muitas vezes nos deparamos com
situações em que não sabemos o que fazer ou o que dizer. Não raro, somos
tomados pelo assombro do impensável, do improvável ou do inconfessável e todas
as saídas possíveis se sugerem impossíveis ante a nossa falta – torçamos, temporária
– de ação.
É quando, então, no melhor
estilo, “se não tem remédio, remediado está”, tendemos a procurar por aquilo
que deveria ao menos ser o mais simples a se fazer em situações assim:
continuar a viver.
Como bem sugere a canção que dá
título a esse texto, se não há palavras ou se a situação é desconfortável,
ficar calado é uma péssima decisão. O melhor é respirar fundo, se concentrar e
enfrentar a situação da forma mais impressionante que houver, a fim de que se faça
(ou por ora, pareça) ainda mais capaz e importante do que é.
A falta de ousadia (e até mesmo a
falta de um certo “descaratismo”) é uma razão das mais profundas a causar o
desmerecer de nossas vidas repletas de sua cada vez mais risível (in)dignidade.
Mesmo sabendo que hoje a vida já não é o que foi e nem muito menos o que será,
mas sim que a vida é o que está sendo agora (esse ser, projetando o “vir a ser”),
nós insistimos nas várias lamentações que nada acrescentam e em nada ajudam. Ao
lamentarmos, revivemos e revivendo permitimos que sejamos a nossa influência
mais nefasta, já que a dor, a raiva e o rancor que sentimos não são mais a que
nos causaram, mas a que nós mesmos insistimos em fazer doer.
Se a vida vive, ela tem que
seguir. Viver é como estar a navegar o alto-mar sem âncoras. Ficar parado sem
que se saia do lugar não é uma opção e nem uma possibilidade. As ondas (que na
vida são os dias que se seguem e os acontecimentos que os completam) vão sempre
nos empurrando, talvez até nos atirando contra alguma pedra – essa, sim, imóvel
– mas que seria possível evitarmos.
Se a vida vive, ela tem que
seguir. Não vive-la, nem enfrenta-la não traz resultados, nem nos mantém acima
da altura rasa dos pés dos demais. Não! A inação é a causa do afogar profundo como
quem cai à água de mãos e braços presos e apertados, não podendo nadar, só
podendo se sentir afundar, afundar, afundar e afundar...
A situação é difícil, mas não
tanto que não possa mudar.
O fato é inusitado, mas nada com
que não se possa lidar. Algumas vezes até o que é definitivo muda e tantas e
tantas vezes basta apenas querer fazer com que tudo fique mais e mais
diferente de tudo quanto houve ou de tudo quanto ainda há.
Então não fiquemos quietos, falemos o que for necessário falar, mesmo quando não soubermos o que é certo dizer. E mesmo se quem ouve não entende, nem isso é motivo suficiente para fazer calar. Na dúvida: supercalifragilistiexpialidoce[1]
(ou "docisaliestilixgifragicalirecor",
mas aí seria ir longe demais, não acha?!)[2]
[1] Extraída da canção “Supercalifragilistiexpialidocius” dos “Sherman Brothers” para o filme “Mary Poppins” da Disney.l.
[2] Pergunta da Mary Poppins para o Bert no filme cujo título é o nome da personagem principa
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