Não existe relacionamento em que
não haja um monte de erros. Relacionamentos perfeitos são uma ilusão que a vida
real faz o favor de destruir. Mas nem por isso a gente vai deixar de apontar
alguns. Hoje mesmo, quero falar de um erro muito comum das mulheres (e sei que
vocês, mulheres, têm vários de nós homens para serem apontados).
Acredito que um dos principais
equívocos da maioria das mulheres na maior parte das relações é o excesso de
expectativa. Mas aqui não estou falando da expectativa sobre o outro, não. Aqui me
refiro às expectativas que elas têm a respeito de si mesmas.
Explico: conversando com uma
série de amigos e ouvindo “despretensiosamente” sobre alguns conhecidos, observo
que parece haver uma tendência das mulheres se quererem a solução dos problemas
e o alento de todas as angústias e então, quando seu
companheiro/parceiro/amante/marido lhes aparece cansado, chateado, taciturno,
calado, por exemplo, elas se ofendem por não lhes fazer esquecer do resto do mundo.
Sim. Esquecer do resto do mundo.
Também parece haver uma tendência
de as mulheres acharem que elas devem ser a porta pela qual se entra e que, uma
vez cerrada, afastará “seu homem” do resto do mundo que lhe circunda diariamente
há anos. Por alguma razão que não entendo, creem de forma pia que são todo
sossego e todo acalanto que o outro precisa não fazendo sentido qualquer outra
necessidade que não lhes inclua. E daí tentam se impor e questionam e brigam
porque a reação do outro em precisar de mais, aparentemente faz com que se lhes desperte a
sensação de que podem menos. E podem menos mesmo. Qual o problema? A vida é sempre mais do que uma relação a dois (por melhor que ela seja... ao menos por um tempo).
O homem traz problemas para casa,
traz fantasias para casa, traz sonhos para casa, traz memórias para casa e para
onde mais ele for. Tanto quanto a mulher que também traz problemas pra casa,
fantasias pra casa, sonhos pra casa, memórias pra casa e, não raro, cada um com o seu
silêncio a partir do que acha que é caso de silenciar. E, sim, ao contrário das mulheres que segundo ensina a prática gostam - bastante - de falar, ao homem é
dado calar e dar o tempo que o tempo precisa para aquilo que for ruim passar.
Silêncio... ser companhia, ser
companheiro, é também saber respeitar o silêncio. É saber não se incomodar com
o “não quero falar sobre isso”, “são problemas, mas vai passar”, “não é nada,
não”. Mas não. O que vejo é que muitas mulheres querem ser o oásis que sacia e
faz esquecer a sede, da dor, do passado difícil ou da água de todos os outros
dias. Deixa eu falar uma coisa: esse não é o papel da mulher “de todo dia”. Talvez chegue muito próximo do que falam "da outra" (o que não se defende aqui, apenas argumenta).
A mulher de todo dia é a que sabe
entender sem precisa explicar. A que muitas vezes aceita sem precisar entender.
É a que sabe que a vida é repleta de nuanças que vividas, experimentadas e
experienciadas formaram aquela pessoa que se lhe mostrara no que lhe era possível,
lhe cativara e, tudo isso, justamente porque não é igual a todos os outros.
A mulher de todo dia é aquela que
entende que não dá pra ser o oásis, mas que se a vida é um deserto, também sabe
dar de beber e ajuda ao fazer brotar de si a água doce, límpida e suave que vem de dentro
(como é o cacto no deserto de seca) e que tem muito – mas muito –
mais valor.A mulher de todo dia não é a que resolve o problema, mas a que contribui para o problema não continuar.
2 comentários:
Muito Bom o Texto William. :)
Qual a diferença da mulher e da ''mulher de todo dia''?
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