sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Fins e recomeços (FELIZ 2022!)

 

Eu tendo a acreditar que o amor será sempre a metáfora perfeita para a vida. A forma de amar é a forma de viver; como se reage ao amor é como se reage à vida. Quem teme amar, fatalmente é um grande medroso na hora de viver... e daí, no último dia do ano (ou a um dia do primeiro dia de um novo ano) eu me peguei pensando sobre como tanta gente sonha com começos, mas tanta gente não lida bem com os fins.

E talvez seja por isso que geralmente sejamos nós que queiramos pôr os pontos finais nas nossas diferentes histórias.

Ainda que às vezes relutemos, demoremos (e isso naqueles casos de quando a gente já sabe que não vale mais insistir, que precisa mudar, que não quer mais prosseguir aquela história, mas ainda assim, por alguma razão, a gente adia) até que o outro vai e termina.

E daí, nossa! O mundo cai, a tristeza é companhia certa, o desespero toma conta. Nem a gente entende, mas a gente não lida bem se alguém vem e age como se tivesse decidido antes da gente aquilo que a gente é que tinha que determinar.

A gente até se indigna: onde já se viu ter essa ousadia de encerrar algo que eu estou adiando encerrar? Se eu não tomei a iniciativa por que alguém tomaria?

E o pior é que a gente ainda se dá ao luxo de sofrer porque alguém decidiu fazer algo que, no fundo, a gente sabia que era o que deveria ser feito.

Tudo porque somos orgulhosos, egoístas... porque a gente gosta de acreditar que só a gente sente falta, mas jamais deixa faltar; só a gente sonha com mais, mas satisfaz a tudo de todos os demais. Porque somos perfeitos para todos esses que têm o defeito de não serem – nenhum – perfeito para nós.

Mas a verdade é que quando acaba para um, acaba para todo mundo. Porque não existe o que satisfaz sem estar satisfeito (comodismo é só um sintoma). Assim como não existe isso de pegar o outro de surpresa. O que há é no máximo negação, é não querer aceitar, é fazer vistas grossas para não ter que lidar com um mundo desmoronando. Todos os envolvidos sabem, percebem, sentem o que está acontecendo.

É só o fim chegando. E tudo bem.

Sim. Tudo bem! Porque todo fim é o início de todo recomeço. Fins não são apenas momentos terríveis a serem lamentados e sofridos, mas são também oportunidades incríveis de novos acontecimentos mais incríveis ainda. Porque toda a vida que vive, vive para frente e só para frente. Porque toda a vida que é, também é vida que será. E daí encerramos para começar e começamos para encerrar. Não pretendamos o que seja eterno (porque não precisamos do que seja eterno).

Daí que um ano acaba e logo outro começa e a gente sonha novos sonhos que encerrarão sonhos velhos e teremos novos encontros que superarão adeuses velhos e sorriremos novos sorrisos que apagarão choros tristes. E a vida seguirá, e nós seguiremos; e a vida acontecerá, e nós aconteceremos; e tudo será... e só dependerá de nós aquilo que nós seremos...

FELIZ 2022!

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