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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Se ofender com o Zeca Camargo é vestir a carapuça. Ele foi preciso...

Desculpem-me os ofendidos de hoje, mas o texto do Zeca Camargo apresentado no "Jornal das 10 da Globo News" reproduz à exatidão o que tem sido a “constante ‘cultural’” da grande parte da população brasileira.
Vejo que movidos por uma indignação pessoal de um Eduardo Costa (que acha sentido já que atingido pela crítica musical), várias pessoas parecem reagir indignadas com um desrespeito que não houve. A não ser, é claro, que haja um evidente déficit cognitivo que faça entender que o Zeca Camargo estava falando da música do Cristiano e não da vida do Cristiano.
Desculpem-me de novo (agora os que pensam o contrário), mas não é porque morreu que virou um artista relevante. É óbvio que lamentaremos a morte de um jovem em condições tão trágicas. Ele foi, sim, vítima de um acidente de trânsito já que era carona. Mas o fato de ter morrido não vai alçar sua música a uma condição de “arte” na essência da expressão.
Custa-me acreditar que de fato haja quem, analisando a história e a música ao longo da história, consiga de fato crer que  “obra” do Cristiano Araújo – a exemplo de seus companheiros sertanejos do circuito universitário – tenha potencial para transcender essa geração. E isso, por isso, justifica as menções expressas a Kurt Cobain, Mamonas Assassinas e Michael Jackson e as imagens de Cazuza (e também Renato Russo).
A partir disso, proponho que analisemos o que foi dito pelo jornalista global que é, reconhecidamente (e suas carreira prova isso) um dos grandes críticos musicais e de “pop art” do Brasil.
Ele começa dizendo que "muita gente estranhou a comoção nacional com a morte". Quer verdade maior? Até aceito que ele já tivesse fãs de verdade, inclusive vi crianças que os pais deixavam se vestir como ele (?), mas pasmem, é fato que muitos de nós nunca tínhamos nos dado conta da existência desse rapaz. Logo, ele não desrespeita a memória de ninguém ao apenas constar o óbvio: era um rapaz ao mesmo tempo “tão famoso e tão desconhecido”.
Mas o que eu acho que mais causou a indignação ao cantor que puxou o movimento, foi a referência que abriu o balaio em que ele se viu lançado. Foi quando o jornalista, referindo-se ao atual momento da música brasileira, afirmou que ela vem sendo composta por “um punhado de artistas que não são um consenso popular, mas levam multidões para os seus shows (...) Revelações de uma música só [ganhando dinheiro até que a] faísca desse sucesso singular apague sem deixar uma chama mais duradoura”. Perfeito! Quem é capaz de imaginar essas músicas de hoje tocando daqui a 50 anos? Daqui a 30 anos? Daqui a 20 anos? Daqui a 5 anos? Quais os sucessos das rádios em 2010 ainda são “minimamente relevantes” em 2015? Eu respondo: nenhum! Não tem história, não tem mensagem, só tem consumo, um consumo desvairado, desenfreado, insatisfeito. Não faz refletir, não faz repensar, não faz ressentir.
E então ele chega a outro grande símbolo da atual geração. O consumo da obra de arte pronta, muito bem representada pelo tal livro de colorir para adultos. Que se queira usar o colorir como “terapia”, para desanuviar a cabeça, é compreensível. No entanto, os dia-a-dia das redes sociais mostram pessoas “orgulhosas do que coloriram”, como se estivessem fazendo arte, o que só mostra a banalização desse conceito.
Em uma das discussões sobre a repercussão da morte do cantor, li de um professor paulista, autodeclarado pesquisador de música, que Cristiano Araújo (e daí me permito estender seu ponto de vista aos demais laboriosos sertanejos) era, sim, poeta, porque o que ele fazia era poesia. Só que não. Poeta faz poesia que se supera no tempo, que atravessa o século, que falar com o homens e mulheres de todas as gerações, que provoca, que realiza, que se renova no tempo. Se esses cantores fazem poesia, é poesia ruim.
A necessidade de heróis que sirvam de referência é um fato antigo. Mas o Zeca Camargo é mais uma vez muito feliz quando ele identifica o que chamou de um “desejo de uma catarse, um evento maior que uma pela emoção”. A atual geração é profícua em mentir para si, para se sentir bem em meio ao lamaçal de mediocridade sob o qual se chafurda.
O Brasil não perdeu um ídolo. O Brasil perdeu mais um jovem. E só (o que não é pouco).
Felizmente o “nosso POP não precisa ser assim”. Sem contar a quantidade triste de artistas que já morreram (Cartola, Zé Kéti, Nelson Cavaquinho, Luiz Gonzaga, Raul, Renato, Cazuza, Tim, Gozaguinha, Dolores, Dorival, Tom, Vinícius, etc.) Sem contar a quantidade triste de artistas que já morreram (Raul, Renato, Cazuza, Tim, Gozaguinha, Dolores, Dorival, Tom, Vinícius, etc), temos artistas, músicos, cantores que, cada qual ao seu tempo já transcenderam gerações (e continuam transcendendo). São artistas em plena atividade e que já acumulam mais de 60 anos de carreira (Cauby, Ângela Maria, Agnaldos), mais de 50 anos de carreira (Roberto e Erasmo Carlos, Jorge Ben, Edu, Chico, Toquinho, Paulinho, Caetano e Gil), mais de 40 anos de carreira (Milton, Rita, Djavan Fagner e Ivan Lins), mais de 30 anos de carreira (Titãs, Barão, Paralamas, Capital), mais 20 anos de carreira (Marisa Monte, Skank e Jota Quest) e outros mais recentes como Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz que trazem o alento de sabermos que a música brasileira ainda pode ser objeto da boa arte.
Como bem disse o Zeca Camargo, e uso suas palavras pra encerrar esse texto, “temos tudo para adorarmos ídolo de verdade. Mas hoje não temos nada assim”.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

EU ODEIO SERTANEJO




O presente texto é uma reflexão estressada do blogueiro. Suas opiniões são realmente essas, mas todas elas dizem respeito à música e não aos que a ouvem (esses são heróis por agüentar tamanha porcaria). Se você acha que pode se ofender com o que está escrito nas próximas linhas, sugiro que não role o mouse e evite descer. Para os que se aventurarem, boa leitura.

Se a sobreposição de notas uma após a outra atendendo um regramento básico a soar uma melodia for o que se costuma chamar de música, então, há que se chamar esse gênero chamado sertanejo de música. Apesar de um lixo.
Sim, eu não gosto de música sertaneja. E, ao se dizer sertanejo, leia-se esse tipo de poluição sonora que surge nas rádios e nas ruas com um poder de destruição mais forte que o das pragas do Egito. Aliás, que nem vinculação com o Sertão possui.
O fato é que não se acha qualidade no que se ouve.
Provavelmente a preguiça mental– que parece ser regra nas pessoas –faz com que se valorize o nada, achando que no nada se entende alguma coisa. Alegam, os que apreciam a dita música (?!) que ela fala o que de fato é e revela o que todo mundo sente. Se assim o é, não há novidade no que se canta – o que torna ainda mais raso o ato de compor, já que se compõe o que já se sabe como é.
Possuir uma legião de “admiradores” não é nenhum atestado de qualidade. Há uma grande parcela de pessoas que se rendem aos ditames midiáticos. Se a mídia aprova, quem sou eu pra desaprovar. Se tantos ouvem, são esses tantos os que estão certo, logo, não preciso sequer ouvir para já concordar que é bom. E enquanto isso o mundo caminha para o seu fim...
O mais triste é ver algo tão desprovido de qualidade fazer sucesso em um Brasil que tem na sua música – a boa música brasileira – um de seus maiores referenciais no exterior. Nossos músicos – Ivan Lins, Tom Jobim, Sérgio Mendes, Bebel e João Gilberto, Céu, Astrud Gilberto, Dorival Caymmi e tantos outros são reverenciados no exterior pela qualidade da música que fazem ou fizeram, e no Brasil sequer alcançam respeito.
A música sertaneja é pobre. Música feita pra gente pequena (sem que necessariamente seja pequeno quem a ouve) e é onde me causa espanto quando vejo pessoas a quem julgo intelectualmente desenvolvidas, vibrando em rimas de amor com dor, paixão com solidão... Lamentável.
Na música sertaneja não se acha o ritmo sincopado deliciosamente presente no violão dos inventores da bossa nova, devidamente acompanhado pelo jeito macio de se cantar o sol, o verão, as alegrias e até o amor. Não há virtuosismo. É uma música que se toca em 6 acordes nas suas formações naturais, cantados por duas vozes onde uma delas não é nem ouvida o que dirá sentida. Não há harmonia que preste, dissonâncias, boa dinâmica e nem arranjos elaborados (basta um reles solo de guitarra em 04 compassos e lá vamos nós...)
A qualidade das letras é, invariavelmente, tão xinfrim, que não há sequer qualidade. Há apenas o relato de um amor que não deu certo porque a mulher se viu mais feliz nos braços de outra pessoa. Convenhamos, meu amigo, essa mulher deve ter encontrado alguém que não escutava sertanejo e encontrou a felicidade.
Pra mim é desesperador assistir as pessoas em estado de catarse entregues a esse barulho desregrado e sem dinâmica, como se estivessem sob efeito de um transe... como se fossem platéia de um show do Greenday após a experimentação das raízes da natureza.
Esse desespero que se faz gigante quando assisto minha irmã se realizando nisso que se pretende música; quando vejo uma namorada vibrando em meio a um repertória tão deselitizado e ainda por cima, uma irmã de apenas 09 anos, acreditando que isso é bom. Meu Deus, por que castigo tão grande para alguém como eu?
E vou além. Só não digo que o tal do movimento do Sertanejo Universitário é o mais lesivo a boa música brasileira nos últimos tempos, porque nesse ínterim surgiu o funk. Mas é um movimento desarrazoado que quis dar chance a cantores (?!) que em um mundo real não teriam a menor condição de dar certo. Péssimo...
Claro que esse meu sentimento representa nada pra esses pretensos artistas que a cada dia vêem suas contas bancárias crescerem milhares de milhões de reais, frutos de uma sociedade que adotou a falta de critério como qualidade para definir o que se é bom. São Sorocabas, Luans, Gusttttavos, etcque diariamente lançam esses lixos para o consumo daqueles que preferem viver em meio dele.
O pior é que, muitas vezes, para fazer graça, a pessoa se permite fazer uma brincadeira, canta um trechinho de uma letra que ficou enraizado no subconsciente ou qualquer outro fato que já surge motivo para que a pessoa outra reverbere aos 04 ventos que tanto você gosta da música que até sabe cantar.
Ora, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E vice-versa.
Fato é que a boa música deve dizer muito mais do que ela diz e deve ser envolta de uma atmosfera condizente com a mensagem que quer passar. Devidamente elaborada, cuidadosamente trabalhada, para que atinja a alma das pessoas, dizendo muito, mas revelando nada.
O Sertanejo não faz nada disso, mas apenas enche os ouvidos de uma harmonização básica, fria e desprovida de qualidade, sem enarmonia, sem efeitos no ouvinte pela sua suavidade e percepção, principalmente se comparadas à Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Francis Hime, Egberto Gismonti, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Baden Powell, Ivan Lins e tantos outros.
As letras são pobres e isso em uma língua tão rica como a portuguesa, para que se diga em, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Victor Martins, Aldir Blanc, Ronaldo Bôscoli, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Flávio Venturini, Gonzaguinha, Cazuza e mais tantos outros.
Não faço questão que gostem do que gosto. Muito embora me seria muito mais saudável para os meus nervos que a minha convivência se desse com os que preferem se abster de ouvir essa excrescência da música brasileira.
Música de letra pobre, escrita para ter como alvo pessoas pequenas, que se permitem nivelar por baixo (“coisas esotéricas passando pela cabeça de quem se entende um possível jardim como os que para onde voltam as borboletas”), tão baixo que alcança o nível da própria música. A letra precisa conter algo que leve a reflexão de um tudo... mas as pessoas preferem o caminho mais fácil. A essas, por mais que o gosto seja algo próprio de cada um, é cada vez mais difícil respeitar.
O fato é só que... EU ODEIO SERTANEJO e, por favor, desistam de tentar mudar isso em mim.