segunda-feira, 24 de junho de 2013

Desculpe se te traí

... E não dava nem para dizer que era um acordo velado. Desde o início tudo se fez claro. “Não se apaixone por mim”.
Não. Ele não devia se apaixonar por ela, mas ele não tinha porque não se apaixonar por ela.
Ainda assim, quem não se assusta quando o pedido é quase uma ordem, com ares de recomendação? Quem se conhecia a ela, melhor do que ela que se conhecia a si? E ela avisou. Ele ouviu. Ele não escutou.
Em sua defesa, é bom que se diga, ele não tinha qualquer intenção de se apaixonar por alguém (sim, porque há pessoas que gostam de se apaixonar, assim como há outras que preferem tirar cravo do rosto alheio). Mas ele não queria. Sua vida estava ruim e isso era bom. Lamentava-se de tudo, esperando quando haveria outro nada a se lamentar.
Mas ela avisou.
Falavam-se mais do que se viam. E essa distância guardada era segura. Ela existia, mas não era real. Ele também existia e era presente, mas era um presente distante, mas muito menos ausente do que quem lhe era presente.
Eram-se. Viram-se. E o que era imaginário ganhou formas, ganhou vida, virou real.
Agora era real e de verdade.
Não. Antes não era de mentira. Era intenso de um jeito suave, quase sutil. Mas agora... agora o mundo virou do avesso. Logo ele que se achava responsável por ela, pô-la numa situação em que era ela quem se sentia responsável por ele... mas ela avisou! Não era uma ordem? Ele não entendeu?
Agora tudo parecia estragar. Tudo parecia deixar de ser como era. Era puro, era doce, era suave. Mas era. Já não é.
Ela sabia que havia nele o que não poderia haver nela. ELA AVISOU!
Ele sabia que havia nele o que não poderia haver nela. ELE OUVIU!
Mas ele arriscou. Ele tentou. Não fugiu. Confessou. Ele a traiu.
Ela avisou. Ele não escutou. Ela teve que ir. Ele ficou.
Mas a lembrança é doce. No fim a culpa foi de quem gostou mais do que de quem não podia “ser gostada”. Se ela não podia dia dizer sim, foi melhor ter dito tchau. E ela disse. E ele, ficando onde sempre esteve e de onde pensava e queria sair, nunca teve a chance de lhe dizer: desculpe se te traí.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Di(c)a dos Namorados: ELA é a melhor parte de você!

Ela é aquela que é melhor do que você sempre sonhou e só você não percebeu.
É quem te faz sorrir mais feliz, mas só você não nota como o mundo te prefere depois dela.
Às vezes você pensa que nada mudou e desatento consigo, acorda mais cedo, sorri satisfeito, se exercita e quer ser melhor, mas não se dá conta que é tudo depois dela.
Sim. Elas fazem isso. As boas namoradas. Aquelas que se orgulham de serem pegas pelas mãos enquanto você abre o caminho por onde passarão. Aquelas que se sentem protegidas quando envoltas num abraço de corpo inteiro, suas costas apoiadas no peito (mesmo o mais mirrado) daquele Hércules franzino, mas por quem ela tanto gosta de se sentir protegida e a quem ela tanto gosta de chamar de seu.
E como ela é uma boa namorada, você quer que ela se orgulhe de você. É por causa dela que você trabalha horas a fio. Estuda para aquele concurso (ou até mesmo fica chato oferecendo quotas de BBom ou Telexfree a Deus e o mundo). É por causa dela que você é o “chefe-adjunto do setor de vedações e edificações de médio e grande porte”, ao invés de dizer que é “meia-colher”. É por causa dela que você é o “responsável pelo setor de entregas e pagamentos terrestres e pessoais da gerência empresarial” ao invés de dizer que é mesmo “Office-boy”. E ela te joga pra cima sempre que sorri com os olhos brilhando, orgulhosa por ser tua, orgulhosa por causa de você.
Ela é a mais bonita entre todas as outras. Sim, você sabe que no mundo há muitas mulheres bonitas, mas ela é a mais bonita para você. E ela te escolheu. Você, com a experiência de quem admire seu reflexo há uma vida, sabe bem que ela é demais para você, mas ela te escolheu. Ela te quis. Você não entende, mas também não questiona, só é grato e, confessa a si mesmo, a vontade eterna de fazê-la feliz.
Ah! Depois dela, teu mundo gira diferente. Já não gira em torno do Sol. Teu Sol é ela. E nada  há de mais natural. À sua simples presença e teu corpo ganha vida, cores e calor. Ela se ausenta e tudo é cinza, a alegria é triste, a vida não vive e tem a mesma agitação de um mar sem brisa ou de um rio sem correnteza. Tudo é chato.
Você a tem, então cuide dela. Faça-a feliz. Ouça-a. Pergunte-lhe sobre seu dia, suas vontades, seus sonhos. Aprenda mais e mais sobre ela. Seu mundo é um mundo que não te pertence, mas que ela te abre as portas para ter você.
Se não for você, outro fará. Se você duvida do valor dela, olha a tua volta quando vocês chegam a algum lugar. Todos os olhos olham para vocês? Não. É para ela. Ela ilumina o caminho por onde vocês passam e, se você ainda não conseguiu ver isso, limpa a lente e presta atenção. A melhor parte de você, é a mulher que você tem ao lado.
Então diga que a ama, não que a amou. Deixe-a segura de que você está com ela, que é dela, que são! Ame-a. Ame-a. Ame-a. E namore bastante também!

sábado, 1 de junho de 2013

Eu quero é você!

Eu quero é você!
Você que é pra mim mais do que o muito que te quero no pouco que te tenho.
Você que é a presença que me vale mais do que a falta que me faz tua ausência e mais ainda do que a ausência que me deixa a despedida do pouco de você.
Você a quem quero pra minha boca na tua boca e pra minha boca descendo pelo teu corpo arrepiado do contato do meu, do instante de nós, até o descanso de depois.
Quero você e sei que te quero nua para os meus olhos brilharem na visão de você...  de você a quem quero com o corpo brilhando o brilho que vem do teu corpo inundado de desejo e prazer.
Prazer por você comigo e por mim com você.
Você de quem quero ouvir o som da tua resposta quando do meu corpo invadindo o teu e de quem me interessa a mordida em meu ombro abafando o som que cresce e que vem... de dentro de você.
Quero você com tuas pernas tremendo a vontade, confessando o desejo e me mostrando o caminho do irresistível querer. Tuas pernas em desejo quente quando num toque indecente, mãos, beijos e dentes, te fazendo de mim.
Você que tem os seios que quero em meus lábios e os lábios que quero em meu corpo.
Você que tem a alma de que se enamora minha alma e é a fantasia em quem descansa e se agita meu pensamento.
Você que é quem tem sido e sabe-se até quando será a dona da vontade desse querer que te quero e que, se te tem, mais goza em te querer.
Eu quero é você... você que quero tanto, mas que está longe faz tanto, do tanto do meu querer.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Voltando à nossa pele (para que sejamos verdadeiramente nós)


Por quanto tempo nos contentaremos enquanto produto inacabado de nossa própria existência? Por quanto tempo nos sujeitaremos a uma sorte baseada mais no acaso que se faz à margem de nossa vontade do que a consequência do nosso planejamento? E as respostas são ainda menos simples do que as perguntas.
Não raro somos donos de nossas próprias respostas ao mesmo tempo em que culpados da nossa própria inação. Sabemos o que queremos, sabemos o que precisamos fazer, mas nos escondemos nas circunstâncias da vida e nos sujeitamos a sermos os opostos daquilo que deveríamos ser. Distanciados de nós mesmos, assistimos ao filme dos nossos dias na medida em que os vivemos (e ainda achamos ruins!). Por vezes, somos expectadores das nossas inconstâncias, críticos das nossas falhas e agente passivo de nossas escolhas: nos deixamos levar.
Ao contrário do que alguns possam sugerir, “se deixar levar” é a forma mais covarde de se viver a vida. Porque “se deixar levar” é abrir mão de viver. É se desresponsabilizar pelo que se acontece e pelo que se acontecerá. É se sujeitar ao que quer que seja como se a vida da gente fosse independente da gente que vive.
Viver é verbo. Verbo sugere ação. Viver é agir. É se mexer. É planejar, traçar um caminho. Viver é saber aonde se quer chegar sabendo por onde se deve ir. Viver não é suportar em cada dia seu mal. Mas é fazer do hoje um dia melhor do que ontem e não como muitos pensam, “o amanhã melhor do que hoje”. Porque a vida não começa amanhã. A vida vive hoje. E o tempo de fazer a diferença e de fazer diferente é agora.
Mas é então que devemos sair da posição de expectadores do nosso próprio descaso e voltar para nossa própria pele e isso porque viver também é sermos honesto com nós mesmos. Nós precisamos nos conciliar com quem somos, sermos fiéis aos nossos sonhos, às nossas vontades, a quem realmente somos para que possamos nos satisfazer. Ninguém pode ser feliz sendo quem não é, fazendo o que não gosta, convivendo com quem não quer. E daí eu preciso voltar a mim e então me confrontar para, enfim, resolver: “quem eu sou e para onde eu quero ir?”.
A certa altura o gato de “Alice no país das maravilhas” afirma que: “para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”. É uma triste verdade. Mas qualquer caminho também leva a qualquer lugar e o destino final te será ruim já que não é o que você se quis. E a culpa será toda tua porque teve medo de querer.
Você não pode ter medo de ser você. Sejamos fiéis com quem mais importa: nós mesmos. Sonhemos! Sonhar é importante para viver. Vivamos! É só a vida vivida que justifica sonhar. Um sonho não é o anseio impossível, mas o primeiro passo de um planejamento capaz de te levar para onde quiser. Todo vencedor fez sucesso porque ousou querer chegar além de onde alguém já tinha chegado (e até de onde ele mesmo já tinha chegado). Barreiras e dificuldades não servem para impedir que se alcance o que se deseja, mas para provar que nada é difícil demais, desde que a tua opção seja fazer, viver... seja querer. Só que tudo isso é verbo que depende de você.
Então, seja verdadeiramente você e não aquele outro que tem medo de perder.

domingo, 19 de maio de 2013

São


Ela era dele, mas só ele sabia. Quem lhes via de longe não pensava (e nem podia!) serem de si quando, aos olhos do mundo, eram de outros.
Ele era dela, mas só ela sabia. Serem um do outro era o suficiente para que vivessem os dias dos anos em que não seriam mais do que a soma desordenada de uma existência que só não era vazia quando se viviam.
Eles se eram um do outro. E serem assim é o que lhes fazia felizes. Completos na sua própria incompletude, eles nunca foram muito, mas, mesmo assim, são o máximo.
Não se convivem como pensavam, mas se pensam mais do que convivem. Mesmo distantes, servem como a força um do outro. Mas eles nunca estão longe.
Olhos nos olhos é o máximo que se têm. Suas mãos não se tocam, seus lábios não se conhecem e seus corpos são a espera feita em fantasia no silêncio de uma noite em que o melhor parece calar.
Mas eles não calam.
Se é que é nos olhos que se têm, deixam que os olhos “falem”. E eles dizem tanto. Num brilho, num piscar mais longo, às vezes mais rápido. Diante de si, os olhos sorriem e eles sorriem com os olhos. É também no sorriso que se sorriem ao perto ou ao longe, que dizem que se gostam e como se gostam e do tanto que se gostam. E é muito. É tanto. É como o tamanho do céu. Sabe-se que é grande e basta!
E no fim, não é isso que tem que ser o amor, qualquer tipo que seja de amor? É se dar sem esperar a troca e, se houver troca, ser feliz por ser feito feliz por quem te importa feliz? Querer-se bem apesar de se ter? Apesar do ter? Preocupar-se com a felicidade de quem se gosta, mesmo que não seja você esse alguém que faça feliz a quem, verdadeiramente, quer se saber bem? 
E eles se querem... se quererão. Porque ela é dele, ele é dela e, assim, serão.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Uma história, uma saudade e a bagagem de cada um


João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. Tudo bem. Às vezes acontece. Mas e se de repente, ao invés de ir para um convento, Teresa tivesse se apaixonado por João? Será que João disse que amava Teresa ou ficou com medo porque ela amava Raimundo, se calou, mudou para os Estados Unidos e passou a vida pensando em como seria ser feliz se fosse pelo menos ousado?
Ousadia... viver por si só já é uma ousadia. Não estou falando em acordar, sair da cama, escovar os dentes, tomar banho e trabalhar até a hora de dormir. Estou falando de VIVER, assim, com letra maiúscula. Rir, amar, chorar, sofrer e começar tudo de novo. Eu estou falando em dar sentido para aquele tempo que separa o tchau do oi de quem se quer. Estou falando de querer mais e mais, sempre do mesmo jeito mas, de vez em quando, fazendo um pouco diferente. É de se abrir para o novo, usar a experiência de antes para cometer os mesmos erros de sempre, só que agora, com mais graça. Sim, porque só acertar é chato. É coisa de gente metódica. E gente metódica é chata.
Viver. Querer. Fazer.
A vida se encarrega de nos carregar de experiências. Aonde quer que vamos, levamos conosco o que vivemos, o que aprendemos, o que nos completa e o que nos faz falta. O que nos faz falta é passado e passado é história. A história não vive e, se não vive, não deve contar e nem fazer barulho. Não deve impedir que se viva o presente que, dia após dia, segue seu caminho em direção do futuro. O passado não deve assustar.
Se você gosta dele e ele gosta de outra, mostre-se você quem a outra não é. Mas daí você me diria: “ah, mas ele ainda pensa nela!” e eu te pergunto: “você nunca pensou em outro alguém e depois, quando menos percebeu, já não pensava mais nesse alguém para pensar em outro alguém e assim em diante?”. É assim que funciona. O passado não vive. A vida, sim. E o tempo dela é agora.
E daí se quem você quer pensa no ou na “ex”? isso é normal. Viveram juntos. Tiveram experiências juntos. Fizeram planos que nunca realizaram (e essa é a parte mais difícil de um fim), mas acabou. Provavelmente, no início, procurarão alguém que os lembre de quem gostaram um dia mas, depois, pouco a pouco, entenderão que as pessoas são diferentes e que isso é bom. Então, ouse! Se quer, diga! Se deseja, faça acontecer! O medo não joga. Ele fica de longe pra não se machucar (mas ele também não conhece o prazer de vencer).  
Temer a história do outro é abrir mão de si mesmo. Se a pessoa ainda olha pra trás, seja você o motivo que a fará olhar pra frente. Se é você quem olha pra trás, esteja atento e não perca de vista quem te passa à frente. Não fique esperando alguém pronto para você e nem pensando que o que acabou era o melhor pra você. Lembre-se que se acabou talvez não fosse pra ser e que, por mais que com o tempo a gente tenda a lembrar só do que era bom, se acabou, foi porque estava mais para ruim. Então, abra-se para a vida e se deixe surpreender por ela. Sem preconceitos, sem medo. Só vontade de dar certo, ser feliz e viver. Ninguém nasce pronto pra ninguém, nem você e nem quem você quer. É tudo uma construção. Um dia de cada vez. Mas é preciso querer, ousar e fazer. Isso sim é viver (no presente do tempo “infinito”).

sábado, 20 de abril de 2013

Calei-me para ser (de) quem sou

Calei-me!
Calei-me de mim mesmo.
Calei minha própria vontade.
Calei cada querer que me veio.
E cada silêncio de mim, fez-me quem sou.
E se sou triste, ao menos sou dentro de mim.
Muitas vezes triste por ter me virado às costas.
Eu que me deixei para ser de quem me tem sido ao longe.
Calei a voz que grita sem que saia som e que só fala em mim.
Ah! Voz que ressoa o pensamento e não segreda a angústia.
É silêncio que diz nos olhos que não se erguem,
Pois contra a luz bem que podem não resistir e chorar.
Silêncio que dói...
Satisfação que falta ao corpo e só se revela na alma... calada.
Meu sorriso é a janela desenhada que mostra o sol ao longe
Mas só o que faz é esconder o escuro da noite mais fria
De uma vida que não merece sorrir já que não sorri.
Vivo um dia de cada vez todos como se fossem muitos
Mas são poucos e já me cansam
E quando não cansam, lembram-me cada “não”
E me cobram a falta do sim que não me faria feliz.
Sei de cada não...
Os diria de novo e outra vez.
Só não me peça que esqueça cada sim que não tive de fora
Mas que vivem como se fossem verdade
Quando acontecem, todo dia, no outro lado de mim.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Mulheres que falam demais


Sim, minhas amigas que me dão o prazer de acompanhar esse blog. A coisa não tá fácil pra ninguém. Você se programa pra festa, não admite nem pra si mesma, mas fica na expectativa “dele” aparecer. Aquele qualquer um que será diferente de todos os outros e te dará o romance de cinema. Mas daí, nada! É sempre mais do mesmo. Os mesmos que chegam, com os mesmos papos e a mesma conversa e sempre com o mesmo final: “vamos para um lugar mais reservado?” (ou mesmo os que preferem chamar de motel – pra não falar do banco de trás do carro ou da carroceria da Fiorino). Fracos. Vocês acham que esse vale a pena (respondam no comentário, sim?)
Por sua vez, os rapazes, esses estão cada dia mais ridículos. Um bando de homem frouxo com medo de se apegar e se envolver com uma só mulher. Querem somar currículo. Precisam ter a quantidade que os fará se sentirem homens prontos para a mulher que lhes será só deles (e de preferência tendo sido de poucos ou de quase nenhum – virgindade muitas vezes pode ser um problema para alguns).
“E por que isso?”, pode estar se perguntando você, mulher que luta para entender a cabeça desses homens cada vez mais parecidos com meninas indefesas.
Simples. Vocês resolveram invadir uma área que antes era só dos homens.
É a verdade mais ridícula de todas, mas os homens não estão prontos para as mudanças de vocês. Sim, o amor tudo suporta e até a Bruna Surfistinha achou alguém para chamar de seu, mesmo quando ele não podia dizer que ela era só sua. Mas a verdade é que os homens morrem de medo de comparação. E vocês, mesmo sabendo disso, falam. Falam e continuam falando.
Todos nós temos histórias de amor e de paixão. História! Passado que não tem que ser presente. Por mais que nós fiquemos curiosos sobre o que o outro viveu antes de nós, a nossa curiosidade vai só até a intenção de descobrir que não viveu nada demais e que somos nós os primeiros a despertar todos os sentimentos pela primeira vez, desde o amor mais sublime até o tesão mais louco.
Mas não. Vocês falam. Contam. Fazem questão de deixar claro como que aquele ex-amante foi o melhor amante que já teve, mesmo tendo tido meia-dúzia ou dúzias inteiras depois dele. O quanto a lembrança te faz aquecer não só a alma, mas até mesmo... enfim. Falam. E daí o homem, ser inseguro por natureza, acha que precisa somar amores ou só “amores” para não sair perdendo no jogo do amor. E não tinha que ser um jogo de perde e ganha, mas só de empate, em que os dois ganhem e gostem e gozem e gostem mais.
Então, mulheres. Os homens querem a santa na rua, mas querem ainda mais a “outra” na cama, mas precisam se enganar de que vocês estão aprendendo isso com elas ou com as revistas que vocês andam lendo por aí. Tudo o que vocês estarão fazendo com eles deverá ser a primeira vez, ainda que você que tenha inventado aquilo anos antes e ensinado toda uma geração.
E sim, e
u sei que a culpa é deles de serem tontos, mas será que não vale a pena guardar suas lembranças pra você e poupá-los de não serem os melhores que vocês jamais tiveram?
Homem que é homem e não se importa com a sua história, mas até se diverte e tem dó dos que te tiveram, mas não souberam te ter e ainda ter, são poucos. E olha que homem que gosta de mulher é cada dia menos. Então, fale menos. Omita mais. E faça do seu homem um homem feliz.

Meu Presente


"Todos temos datas especiais. Por exemplo, dia do nosso aniversário. Muitas vezes, nesse mesmo dia em ano anterior, aqueles que hoje são dois, ainda existiam sem existir um para o outro. É certo que depois de quase um ano já é difícil pensar que existiu um tempo em que não 'se existiam' já que desde então, parece que estão sempre em tudo que sejam eles, seja no que é de um, seja no que é do outro.
Andava com as costas curvadas em razão das dores da vida. Doía uma dor que muitas vezes ainda dói, mas era uma época em que tudo era pior. O céu negro da noite era o mesmo céu negro do dia e, se variava a cor, era para um cinza sem nenhuma alegria.
Andava com a cabeça baixa para que não se notassem os olhos vermelhos. A lágrima era a certeza de todo dia, seja a lágrima que corria dos olhos, seja a lágrima que sangrava o coração. Até o sorriso e a alegria eram tristes. Químicas. Sem razão.
Andava passos que seguiam em frente, mas não saíam do lugar. A vida era uma repetição de dias sem qualquer entusiasmo. Tudo o que fazia era vivê-los um dia de cada vez, todos eles com o enfado de saberem mais do mesmo que já passou. A novidade estava no que ainda viria.
Era última semana de um abril que era o mais triste abril. Maio teria que ser melhor. Não podia ser pior. Mas ao fim – cinco dias antes do fim – abril se lhe abriu enfim.
Se antes andava em trevas de uma estrada sozinha e triste, agora tinha a companhia que jamais imaginava ter e que muitas vezes temia e em tantas outras vezes, simplesmente, descria, pelo simples fato de que não poderia ser. Mas era. Eram.
A partir de um simples instante – desses que temos todos a todos os instantes – foram se sabendo próximos mesmo que vindos de histórias tão distantes e foram somando suas dores e descobriram o que todos aprendemos em algum momento: 'a dor da vida é de todos, então vamos nos ajudar a sorrir. E se ajudaram. E se ajudam. E sorriram. E sorriem'.
Àquela altura a certeza que tinham se mostraria mais que certa com o tempo. Divergiam se havia destino, mas se destino há, são a melhor prova de que ele brinca, mas também acerta. Não pode haver mero acaso em quem se soma de verdade. Não pode haver mero acaso em quem faz bem sem pedir em troca quando a troca é natural. Não. Se estão juntos hoje não é por uma simples escolha de virar a esquerda e se esbarrarem num ponto qualquer do caminho. Se fazem bem em nome de uma história que se escreveu nas estrelas e se repete em mil vidas e em todas as eras... sempre eles.
Desconfiam do bem que fazem um ao outro, mas tem certeza do bem que recebem um do outro. Seguem sua história do jeito que sua história é e mesmo quando ela é muito, pensam que podia ser mais e quando acham que mais do que é, não pode ser, ainda assim querem mais. E quererão.
O sorriso de um traz o sorriso do outro e não há dor que sintam separados. E estranham. O que são é contra todas as previsões. O que são é o que todos gostariam de ser, mas que mesmo que soubessem e invejassem, não saberiam as inúmeras renúncias que os fizeram quem são.
São, sem que se sejam sempre. E, muitas vezes, não ser, também dói.
Mas continuam. Continuam porque mais importante do que como ou do quanto são, é serem. É terem o que sabem ser só deles. E é isso que importa. Os outros não entendem? De que importam os outros? É improvável? Melhor que seja! Eles continuam sendo até quando puderem ser, sem pressa de que chegue um dia diferente...
Seu presente é hoje. E seu futuro, nada mais é, do que a presença mais do que presente em todos os seus amanhãs.
Ela diz pra ele: você é meu presente.
Ele diz pra ela: meu presente é você.”

PS.: história baseada nas histórias de “muitos eles e muitas elas” que se bastam em si, mesmo quando querem gritar pro mundo a alegria de se terem e de serem de si.

domingo, 7 de abril de 2013

A Primeira que disse me amar


Foi a primeira a dizer que me amava. Ah! Como eu gostava dela. Era acordar e contar as horas para que chegasse a hora de assisti-la passar.
Àquele tempo, o que me ocupava era olhar quem à minha volta, com olhares sempre cheios de inquisição. Meu olhar só não era mais pedante do que minha mania horrível de achar que era pouco quem eu nem sabia ser. Não me eram tempos fáceis, ainda que à época, tudo parecesse mais simples mesmo quando insistia em complicar.
Não. Nunca fui fácil. E sempre achei o mundo previsível e incapaz de me surpreender desde a última surpresa. Os últimos meses daquele ano de meio da década que já passou tinham sido duros. Iniciaram alegres, mas logo foram tomados de uma melancolia que sempre me acompanhará.
Era isso. Estava decidido. Seria sozinho e faria da solidão minha principal companheira (é impressionante como é fácil se pensar sozinho, mesmo estando cercado de pessoas).
Mas sem que eu esperasse, eu a vi. Uma, duas, três noites e eu a vi em todas elas. Nascia o novo dia e, no fim desse dia, era ela que eu via. Havia ela. Ontem não tinha, depois de “hoje” sempre haverá.
Era uma terça, talvez uma quinta, de repente até numa segunda, mas não me surpreenderia se fosse uma quarta ou mesmo uma sexta (não era sábado, nem era domingo). Mas depois daquela noite, de onde eu estivesse, não importava quantas fossem as pessoas ao seu redor, era como se só houvesse ela. Eu a via surgir em meio de qualquer multidão: alta e quase sempre calçando saltos que a faziam mais alta; pele clara, porte de modelo, cabelos loiros lindos, levemente ondulados e que lhe desciam qual moldura em volta de um rosto lindo que, ao menos para mim, era arte pura. Seu sorriso? Seu sorriso me causava o meu sorriso. Seu sorriso era um sorriso feito em lábios macios que sempre me pareceram o destino mais que perfeito para os lábios meus.
Por causa dela gostei de músicas que nunca gostaria e nem nunca mais gostei. Também por causa dela, existem músicas que nunca mais toquei (quando tocava era pra ela e ela sabia que era pra ela e sorria de longe ao me ouvir tocar... pra ela).
Mulher bela, menina linda... era o nome da música que lhe fiz. A música era o nome dela, toda ela... eu era dela e nem eu mesmo sabia o tanto que era dela (até quando?). Abraçá-la era encontrar o sentido do dia que nasceu.
Ainda bem novo, estudante com muitos sonhos, todo um futuro e todo direito de ousar (inclusive de ousar sonhos absurdos), ela era o sonho que eu mais gostava de sonhar. Ela me fez voltar a gostar, depois de mais de um ano incapaz de gostar.
Mas gostei de longe. Ela sempre soube que eu gostava dela. E isso a fazia longe. Logo ela que sempre teve medo de me machucar e sentia ter poder pra isso. Como eu gostava de longe, usava esse ‘gostar’ pra me proteger de quem eu vinha a me envolver. Estive com várias gostando dela e, graças a isso, gostei pouco de todas que não eram ela. E a cada uma que era nova, o ciúme dela fazia brigar comigo, fazia um silêncio longo e depois voltava sorrindo. Seu silêncio me fazia triste, mas por ele eu me sentia rei. Do jeito dela, ela também gostava de mim... mas se conhecia a si, melhor do que eu.
Lembro-me como se ontem a última vez que a vi: fazia muito tempo que não a via. Era uma noite de sexta-feira em que, tendo passado pela casa onde ela morou, pensei “vou ver a... hoje“ e, realmente, chegando ao restaurante, ela também estava! Sorri de longe, respeitoso, ela não me viu. Já no caixa, pagando a conta, eis que me chega ela vindo não sei de onde, mas parando para um “oi Will, tudo bem?” que me fez refletir nos lábios o sorriso que sorriu do coração.
Não lembro como foi o primeiro beijo e nem lembro como foi o – suposto – último. Mas me lembro que sempre ao se despedir ela me dizia: “Will” (ela foi a primeira no mundo a me chamar assim), “se cuida direitinho”. Até uma noite em que, seguido disso, ela me diz “escuta: te amo, tá?”.
Talvez não amasse. Não me interessa. Era ela, era a voz dela, vinda dos lábios dela e falando pra mim. E em todas as conversas o fim era esse até que o fim foi mesmo fim. Eu errei. Me perdi na necessidade dela, num tempo em que já não tinha direito de querê-la pra mim. E ela disse adeus. Partiu dela. Sempre partia dela. Ela foi o início, o meio e o fim de uma história que até hoje reluto acreditar ter tido esse fim. E que, por isso, mantenho viva na memória que não se apaga (pouco me importa o que o cartório diga dela nos últimos anos que não a vi).
Lembro de uma foto sua, linda, em branco e preto, usava um boné e seus cabelos em rabo de cavalo atravessando o fecho desse boné. O destaque daqueles lábios que tanto gosto (e não esqueço). A foto que mais gostava depois da foto de nós dois. Não tenho mais essa foto que sempre gostei. Nem assim consigo mais lhe ver. Só lhe vejo na memória, no silêncio, na lembrança, na noite, na solidão.
E faz mesmo anos que não a vejo... nem tenho seus telefones, nem tenho seu facebook, nem msn, nem contato nenhum. É raro que eu saiba dela e mais raro ainda que eu procure saber. Sei onde ela ainda está, mas não está para mim, muito embora meus desejos de felicidade sejam sempre pra ela: pra ela que assina o nome do pai, mas não o da mãe que eu sempre achei que combinaria com ela; pra ela que me fez sorrir, me fez gostar, me fez querer; pra ela, primeira de todas a me dar algum sentido ao verbo “amar”.

“Sem que eu me desse conta, meu coração me atraiu... (set/2005)”

sábado, 30 de março de 2013

Para onde? (ou poema da dor de se saber quem é)


Há mais sono nos teus dias que em tuas noites.
Há mais vida nos teus sonhos que nos teus dias
Dormes que é para fugires
E acordas quando já não te podem ver.
Tua desgraça é tanto maior aos teus olhos
Quanto é menor aos olhos que te veem:
Desses, você disfarça.
Mal sabem eles do mínimo do menos que te mostrou.
És campeão aos olhos que não te conhecem
Gentil aos que te estão mais perto
Morto pra quem te sabe por dentro
                                               [Mas esses são poucos...
Talvez ninguém,
Nem mesmo tu.
Tua realidade é só tua no sentido de posse e culpa.
Não adianta fugir.
Não há cavalo preto que fuja a galope,
Nem mar por onde navegar,
Nem céus que permitam voos,
Ou mesmo portas por onde sair
                                                [e tens nas mãos a chave que não abre.
Estás preso nos limites de si mesmo.
Sentes a agonia das paredes que se estreitam!
Sentes o desespero enquanto o teto se abaixa!
São os últimos instantes antes de mais agonia.
Teogonia? Não! E nem parede nua onde encostar.
Tudo te sufoca.
O arrependimento do que já disseste
O desespero do que calaste.
                                                [ou é o contrário?
Repete-se sendo o que nunca gostaste.
Reclama! Protesta! Mas não muda.
Ristes? Só se de ti
Já não pode zombar
E nem há zombaria maior do que ser quem és
E continuar sendo quem sempre foste.
O erro calculável e a equação menos certa
Você sempre previsível, plausível, provável...
Estás sem mulher,
Sem a utopia de uma felicidade de ter nos braços quem te tem
                                                [mas quem te tem também?
A ti que foste de tantas sem ser de nenhuma...
Agora a noite esfriou
E não tens companhia
 – E não, a tua não te basta,
Ela te avilta!
E nem beberes tu não bebes.
A realidade não se maquia para se mostrar desejável
Se estás imerso nela é porque te punes sendo, miseravelmente,
             [aquele que se vê no espelho
Não te há mais destino certo.
Não pensas em futuro bom.
Queres sair, mas não te há pr’aonde ir
Queres voltar, mas não há por onde
                                                 [sabes que teus caminhos não são teus.
Queres gritar, mas nem tua voz te sai
E não queres ouvir.
És o mais fraco entre os mais duros.
Tu és José,
Tua és Raymundo,
Tu és Carlos,
E és Fernando sendo todos.
Tu és muitos sendo tu
Mas tu és pouco...
No fim, quem és?
Para onde vais?
De onde vieste?
Qual o meio?
Qual o fim?
Houve início?
Que início?
E que tipo de fim?
Para onde?
De onde?
Qual?
Por que?
O que?
Eu!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Pelo menos você tentou...


... e ninguém poderá dizer que desistiu cedo demais.
Eu juro que consigo entender quem se permite segundas chances. Até admiro. Penso que o otimismo joga. Ele faz parte.
Por que não acreditar que as pessoas podem mudar? Acreditar na mudança do outro é manter o otimismo em relação a nós mesmos. Se ele muda, porque nós não mudaríamos?
Tentar outra vez é não se conformar com o fim. O motivo pelo qual temos dificuldade de nos conformarmos com o fim é a sensação de que o fim sugere fracasso. Logo, perseverar é buscar o sucesso que a primeira tentativa nos negou. É rir-se do “destino”. Desafiá-lo.
E o interessante é que todo recomeço parece auspicioso. Parece mesmo que tudo será melhor. Como nós somos tomados pela tendência de nos atribuirmos até mesmo as culpas que não foram nossas, acabamos nos propondo um pacto de que não cometeremos os mesmos erros, de que agiremos com a tolerância que não tivemos e de que optaremos pelos momentos que outrora recusamos. E, no início, cumprimos esse pacto. No início...
É quando, então, o recomeço, essa nova tentativa, tudo parece ter sido a ideia mais acertada. Deixamos a esperança superar o orgulho e optarmos por uma nova chance que, agora, se mostra tão acertada. O novo não poderia ser melhor do que a novidade de quem já se conhecia. Antes era ruim e agora é melhor. Era tudo uma questão de maturidade e paciência. Simples assim!
Só que a verdade é que a gente nunca experimenta conforto maior do que o daquele instante em que podemos ser nós mesmos enquanto ninguém nos vê. O momento em que nós somos só “a gente” e que já nos basta. E esse conforto grita. Grita o grito sufocado pela máscara que muitas vezes vestimos para cumprirmos o pacto de sermos quem não poderíamos ser e, por isso, nunca fomos e nem seremos.
E daí, quem se irritava fácil, continuará se irritando, e ainda que, no (re)começo tente explodir menos, uma hora explodirá. O impaciente, o egoísta e o intolerante, também (re)começam fazendo concessões que no outro momento não fariam, mas logo arrumam desculpas para que os programas que não são seus preferidos não sejam os escolhidos para o sábado à noite. O ciumento e o possessivo até prometerão mais calma e mais confiança, mas logo recriminarão teus amigos, teus programas e teu serviço... porque é a essência de quem são. 
Nós só mudamos para nós e nunca para o outro. É a mudança que vem de dentro pra fora. A mudança que se faz de fora pra dentro é a mudança pro outro e a mudança pro outro e essa mudança é sempre fugaz e se deve àquele preciso instante da promessa em que vale tudo. Na hora em que se quer tentar o recomeço e lutar contra o fracasso que incomoda, todas as promessas são verdadeiras. Mas promessas não passam de palavras.  E palavras voam com o vento e vão pra longe com o tempo.
Mas a gente insiste. A gente precisa insistir já que “o fim” não é só da convivência, mas também é dos sonhos, dos planos, dos projetos de um futuro bom que, de repente, já não era mais aquilo que deixou de ser. E é então que insistimos e pagamos pra ver. Arriscamos o nosso presente em nome do passado pensando que estamos (re)projetando o futuro no momento de agora. E até pode ser que a segunda vez seja a que vai ser melhor, mas se não for, pelo menos você tentou...

quarta-feira, 13 de março de 2013

Todo amor que houver nessa vida


Essa eu aprendi no blog da Fernanda Mello. Em um de seus textos ela falava que demorou anos para concordar com Cazuza quando ele cantava que queria “a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida”. Antes, ela achava que esse tipo de amor seria um tédio.
Ao longo desse texto ( Amar é Punk ) ela afirma que depois de anos escrevendo sobre querer alguém que lhe tirasse o chão, que lhe roubasse o ar, ela vinha humildemente se retificar. E ela afirma: “eu quero alguém que divida o chão comigo. Quero alguém que me traga fôlego.”
E confesso que, ao longo de 17 meses de 'solteirice', não foram poucas as vezes que me peguei imaginando qual o tipo de amor é o amor que eu quero. Continuo concordando com o pessoal do “Clube da Esquina”: "qualquer maneira de amor vale a pena; qualquer maneira de amor valerá!" Mas é qualquer amor o amor que me quero e o que acho que vale a pena querer mostrar ao oferecer?
Aqui nesse blog já se falou sobre amor, sobre paixão, sobre relações, encontros e despedidas. E tudo isso acontece na vida de todos nós.
Hoje, depois de algumas paixões, também quero quem some e compartilhe. Não faço questão de me sentir mais feliz do que a própria felicidade. Não quero o impossível, nem o improvável. Também não quero o que arrebata, nem o que faz querer cantar noite e dia. Não quero o amor que começa à toda e perde em força com o tempo. Nem o amor que parece tanto no início, mas era só a empolgação vinda do desespero de ser amado.
Claro que a paixão é boa. Gosto do amor tranquilo, mas também sei que o amor não sobrevive ao excesso de tranquilidade. O desejo é, sim, fundamental. E não acredito que possa existir amor carnal sem desejo e é claro que para que seja amor deve haver respeito – mas sempre com aquela pitada (necessária) de desrespeito que faz selvagem o encontro que é de alma, mas de carne também.
Amor de fruta mordida... Aquela que você experimenta, gosta e continua provando. Um amor que traz alento. O amor que faz com que se descanse ao lado de quem se gosta e faça com que o sono seja natural.
Eu quero um amor. Sim, eu quero. Mas quero o amor que chegue de surpresa e me surpreenda. Não posso percebê-lo antes de amá-lo. Tem que ser de surpresa, sem perceber. Gostar sem nem perceber que já está gostando. E, quando vier, que venha aquele que me dê paz, que me faça querer ser melhor, me faça querer crescer e que, então, cresça comigo, se faça melhor por mim e sinta a paz que virá do encontro de amor com o meu amor. Um amor que faça e saiba fazer feliz.
Sim. Amar é punk como a Fernanda escreveu, mas amar (e ser amado) também é sorte. E que sorte... 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Um amor que eu sei que amei


Algumas histórias de amor têm finais felizes. Outras histórias têm apenas finais. A minha tem final. E só. Poderia ser a história de qualquer pessoa que amou, foi amada, depois se duvidou amada e se perguntou se amava o amor que amou. Poderia ser a história de qualquer pessoa que não viu o amor ficar doente e, na hora da angústia, procurou a ajuda errada num socorro que tardou.
Essa história, prefiro dizer assim, é minha sem que aqui seja e, se você me permite, vou começar contando como ela, realmente, acabou:
“Quando eu me dei conta de que o carro cairia mesmo dentro do rio, foi que tudo ficou claro pra mim: eu a amava. Não naquele segundo em que assustada ela gritou segurando meu braço, assustada pelo fim iminente. Eu a amava desde muito antes. Desde o primeiro momento. Desde o primeiro instante.
Antes daquela viagem fomos um casal. Durante a viagem, já não o éramos há algum tempo. E não me pergunte por que deixamos de ser. Essa pergunta eu já me fiz centenas e centenas de vezes e, definitivamente, não há resposta que me pareça certa. Não há motivo que pareça justo. Não há nada que faça parecer certo. Só que já tinha chegado o fim.
Mas eu a amei, eu a amava... e a imagem dela era a última imagem que eu via, ali, segundos antes do instante em que iria morrer.
Lembro que a primeira vez que a vi sabendo que a via, ela vinha ao longe com mais duas amigas. Inseparáveis até um tempo. Ela era linda. Seus cabelos estavam lisos, escuros e quando caíam pela blusa lilás que ela usava, formavam o contorno ideal para aquele rosto lindo que já tinha visto muitas vezes, mas que pela primeira vez gostava tanto.
Eu já fazia conta dela muito antes de ela notar a minha presença. Era mais velha, tinha mais vida. Já era mulher quando eu era menino e a ideia de tê-la era tão absurda que eu mal conseguia considerar.
Mas naquele mês de julho tudo era diferente. Naquelas formas de mulher pequena havia a felicidade que me seria plena quando, meses depois, descobrisse nela a metade de mim.
Sim. Foram meses. Ela não queria. Eu era pouco e sabia que seu não querer fazia sentido. Ela que já tinha sido tanto e se cuidava desde mais nova do que a idade que agora era eu que tinha e nada fazia, não tinha porque querer quem nada era perto de quem lhe merecia.
O primeiro beijo se deu no dia que dizem trazer azar. Era a sexta das superstições, dos medos, dos uivos e dos gatos pretos. Mas foi a sexta do primeiro beijo. Um beijo... batalhado. Sim, porque apesar da noite agradável, do abraço apertado e das palavras perto do ouvido, ela não se deixava beijar. Mas ela se deixou beijar e, depois daquele beijo foram anos de beijos do menino que nada era com a mulher que era tanto.
E ela era tanto... e no tanto que ela era, foi muito que ela ensinou.
Por causa dela, eu que mal me sabia, queria ser diferente daquele que eu era. Tinha que mudar. Queria lhe ser motivo de orgulho, queria fazer com que ela se orgulhasse e cada dia parecia mais certo a escolha de amar.
Queria amá-la.
Um mês, uma rosa; dois meses, duas rosas; flores, poesias, vinhos, carinhos, desejo... amor?
Meus pensamentos eram dela, meus sonhos tinham ela e mesmo a vida naquele começo era toda dela que me parecia boa, ainda que sempre acima, como quem olha da janela aquele que, de longe, faz acenos e gentilezas enquanto pensa uma forma de alcançá-la.
Já não me via mais sem ela. Amor?”
- Pensei que conseguiria contar a história que era minha, mesmo que eu tenha dito que não é e, espero que você pense que não é mesmo. Mas não consigo seguir daqui. Penso que o melhor é que alguém conte por mim, ainda que esse alguém não saiba como eu. Mas fica seu testemunho ao invés do meu:
“Moraram juntos. Não se diziam casados, até sabiam assim, mas se enganavam dizendo que não era o que todo mundo via que se fizeram sem querer.
Todas as noites encostavam-se para o que se queriam e a presença do corpo de um era o pedido do corpo do outro para a noite que se dormiria em paz. Meu corpo era mais calmo na presença do corpo dela e mais vivo a cada instante que se tinha pra viver.”
- Não! Não dá certo que outro conte por mim. Deixa-me voltar a falar a história que sou só eu que sei de um jeito que só eu sei:
“Nossa, eu a amava!
Ela dizia amar e era do seu jeito não saber escrever como eu escrevia e nem mostrar isso como eu mostrava, mas ela sabia amar e hoje eu vejo, ela também amava.
Mas muitas vezes eu quis que fosse como eu fazia e essa ausência me doía e até me fazia duvidar. Eu era um idiota. Agora, vendo o carro cair da ponte alta, sem qualquer controle e com a certeza de um único fim, vejo seus olhos e neles a história que foi nossa e que, no fim, fui eu que pus o fim. Ela me amava sim e eu a amava também.
Eu já aprendia mais. Já era outro. E sentia que ela gostava. Ainda assim, de tempos em tempos eu era errado e errava. Cada mágoa que lhe fazia era uma dor que também me causava. E pra cada perdão que pedi, era menos um perdão que me guardava.
Mas no fim do dia, voltar pra casa era vê-la. Era abraçar o corpo que melhor eu conhecia e que me conhecia como nenhum outro. Era beijar o beijo que me entorpecia e encontrar o amor que me alegrava. Era bom voltar pra casa.
Mas o tempo é implacável e não parou de passar e trazer ventos diferentes e desafios... E eu fui sucumbindo a cada um deles. Perdi minhas forças. Duvidei dos amores. O que eu tinha e o que eu recebia. Fui fraco. Não achava sentido em ser amado e já não me achava amado, nem como queria, nem como – por suposto – achava que merecia.
A urgência dos anos e os passos da vida eram de um caminho que me levava para onde não sei. Não sabia. E ainda hoje não entendo. Só sei que a olhava, lhe sabia, mas parecia não entender, não compreender.
Era estranho a mim, era estranho a ela, ao mesmo tempo que lhe via, lhe sabia, mas já não podia lhe entender.
Senti que lhe perdia e ela parece não se dar conta do risco de me perder. Inseguro, temeroso, já achava que não lhe importava me ter ou me perder.
Perdíamos um do outro, não nos víamos e não sabíamos de nós. Conversar? Pra que? Eram muitos anos. Os olhares deveriam dizer e a certeza não poderia morrer. Nós sempre éramos quem sempre seríamos e não havia assunto que trouxesse dúvidas nos corações que só podiam ter certezas.
Nos perdíamos até que nos perdemos.
Hoje eu sinto falta dela quase todo dia e, certamente, toda noite. Quando o som da vida lá fora é nenhum, meus ouvidos ouvem suas voz enquanto meus olhos se fecham para que recebam a visão da sua chegada.
Ela era. Ela é. Ela será.
Será sempre presente quando, mesmo no futuro, eu revisitar meu passado. Será sempre dona de um sorriso que é só pra ela e de mais.
Sei que lhe amei antes de saber amar... e o que me resta senão amar, amar, (re)amar e mais amar quando venha o que seja amor?
É, então, que amo!”