Sou alegre porque sou triste, mas
não porque me falte algo. Algumas pessoas simplesmente são assim: tristes. Elas
sabem ser alegres, gostam de se sentir alegres, às vezes até ousam acreditar em
felicidade, mas, na sua essência, são assim. Tristes.
Mas não se trata de uma tristeza
que faz querer chorar, que faz querer tirar a vida ou, pelo menos, desistir
dela enquanto vive. Não. Aqui se diz de certa melancolia que dá o gosto
necessário para a vida que se sonha.
Sim. Sou naturalmente triste e
sou alegre por causa disso. Essa tristeza me faz ver e entender o mundo (ao
menos meu mundo, do meu jeito), me faz entender (e viver) certas músicas e nem
dar ouvido para outras tantas. Essa tristeza me faz escrever... me faz aprendiz
de poeta, cronista inacabado, contista sem histórias, mas que faz histórias pra
contar.
Sei que não nasci para ser
irremediável e constantemente feliz. Nem o quero. Posso até fazer alguém feliz
e esse alguém pode me fazer seu bem. Contudo, sou o limite de mim mesmo e a
felicidade parece ir além do limite de mim. Porém, a conheço e, em seus
momentos, sei reconhecê-la até mesmo em mim.
Ah, mas ser triste me faz melhor
amante e me faz gostar ainda mais de amar. Por que? Porque sendo triste, sei
perceber e sentir a alegria que só sabem os que amam. Naquele instante de amor,
de carinho, de desejo, de devaneio ou torpor, sou tudo, menos triste. E isso,
porque sou tudo o que ela me dá e que sei retribuir. Se problema há, é que, na
minha tristeza alegria costuma se confundir com prazer e prazer não é tão fácil
de achar.
Minha tristeza não é pessimismo.
Eu ainda sonho, eu ainda amo, ainda busco algo a mais. A minha tristeza só não
me deixa entender gente alegre. Essas, pra mim, não existem. São invenções de
outras gentes tristes que não se entendem nem se aceitam como são. (Desculpe-me você que se pensa alegre.
Talvez até seja. Sou apenas o eu que não te entende)
Não me queixo por ser triste. Ou
o que mais dizem meus olhos que, portas da minh’alma, não se importam em ganhar
brilho no instante anterior ao que voltam ao normal de si? Opacos. Vivos porque
o corpo respira, mas sem vida quando o que veem é o mais do mesmo e o menos do
que gostam de ver. Só que a vida dos meus olhos – que muitas vezes parece que
nem vive – renasce a cada olhar. E também sabe se saber alegre, ainda que
triste.
Apesar de tudo, serei sempre a
metade de mim mesmo. A parte inacabada do que jamais virei a ser. E que por
isso continuo e ouso me buscar. Mas sendo o que for – e serei! – guardarei as
melhores coisas e delas lembrarei sorrindo e esse sorriso, apesar de eu ser
triste, será sempre um sorriso verdadeiramente feliz.
No fim, sou triste porque sou eu, mas alegre por esse triste ser eu. Melancolia nem sempre é doença. No fundo, minha melancolia é o aleijume que me faz compensar o sentido prejudicado. Na falta do sentido de ser feliz, encontro-me no que me basta enquanto triste e que, sendo eu esse triste, faz-me alegre. É a minha tristeza que me ensina ser alegre e a gostar de ser assim...
No fim, sou triste porque sou eu, mas alegre por esse triste ser eu. Melancolia nem sempre é doença. No fundo, minha melancolia é o aleijume que me faz compensar o sentido prejudicado. Na falta do sentido de ser feliz, encontro-me no que me basta enquanto triste e que, sendo eu esse triste, faz-me alegre. É a minha tristeza que me ensina ser alegre e a gostar de ser assim...
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