O amor é coisa
de gente desprendida. E que não tem nada a ver com ser ou fazer feliz. Nem tem
a ver com regra. Amor tem a ver com vida. E vida que se vive um dia de cada
vez. Tem dia que vai ser tudo o que você sempre quis e tem dia que vai ser tudo
o que você não quer. Tem dia que te diverte e tem dia que ele é chato. E o que
tem isso? Nada.
O problema é
que apesar de a gente achar normal quando é a gente que acha chato, a gente não
gosta de pensar que assim como, de vez em quando, a gente pode achar chato estar
com esse outro, esse outro também pode estar achando chato estar com a gente.
Mas não é assim
que tem sido. Vivemos tempos de gente medrosa. Gente que foi programada para
vidas de sucesso e, vidas de sucesso, não sofrem, dão certo. Todos querem se
mostrar vencedores em seus projetos e o amor é só mais um entre tantos projetos
em que se propagandeiam seu êxito, em que se valem dos olhos dos outros para se
sentirem bem consigo mesmo. Sim. Porque vivemos tempos em que as pessoas só se
enxergam pelos olhos (e curtidas) dos outros. Aprovação externa.
Ah, essa necessidade cada vez
maior de viver de fora pra dentro. Da legitimação do sentimento que dê a
coragem de saber que o sentimento não vai fazer sofrer e que se eu souber que
sou amado mais do que amo terei a segurança de sorrir mais do que choro. Não é
disso que parece que tem se tratado?
- Ai amiga, mas será que ele quer
algo sério?
- Tá louco, cara? Ela vai achar
que eu ‘to’ afim dela e vai se fazer de difícil.
Essa busca por
um amor que é feito um jogo pelo contentamento de si através do comportamento
do outro ao invés da busca de si por meio do sentimento que se tem pelo outro
pode ser a raiz de muitos dos males. A obrigação de se sentir acolhido, de se
saber amado, de dar a satisfação pro mundo que te veja recebendo a declaração
na rede social, a foto postada, o presente ganhado, o “book de noivado”, a
festa suntuosa, a viagem feliz. Ser vista pelos olhos do outro para que a
inveja alheia te ateste que você é feliz.
Só que o amor
não é sempre feliz. Os antigos, que não tinham redes sociais para lhes
distraírem da vida real, já há muito faziam seus votos de “amar e respeitar” na
alegria e na tristeza, mas para os de hoje parece que momentos de tristeza
ofendem. Os momentos de individualidade são incompreendidos. Porque outros
postam uma foto sorrindo enquanto dividem um bolinho de arroz ou declaram-se
amor em mensagens abertas muito embora tenham acordado ao lado sem que tenham
se desejado bom dia, já é motivo pro que assiste se sentir infeliz porque
naquele dia não teve o que os outros propagandeiam o que estão tendo.
Não se mede o
seu relacionamento pelo que os outros mostram do relacionamento deles. E nem se
deveria medir relacionamentos por quem o outro não é nem se comprometeu a ser. A
medida da sua vida pode ser teu sonho. O que te sonha, se te sonha de verdade,
tem que ser a tua busca. E isso se aplica no amor. Por que não?
Um comentário:
Na verdade, quanto menos você falar da tua felicidade, do teu amor, terá mais chance de dar certo e ser feliz.
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