Já disse, em círculos de pessoas
mais próximas, que algumas vezes chego a invejar aqueles que vivem a vida
inteira junto de seu “primeiro – e, no caso, único – amor”. A inveja em questão
é em relação àqueles que não precisaram e nem se aventuraram em conhecer outras
pessoas, tendo vivido aquele amor bastante.
É que conhecer muitas pessoas
pode fazer com que não saibamos e nem acreditemos mais na viabilidade de uma
felicidade havida na companhia de outrem e, cínicos em relação ao amor e suas
possibilidades, investimos nossos esforços em novas conquistas e novos
encontros que não recebem de nós mais do que a porção calculada de uma
intimidade frívola.
E é nisso de não nos bastarmos
com uma e procurarmos tantas pessoas que não saciarão o vazio que se acumula em
nós, que nós magoamos, somos magoados e mais erramos do que acertamos. Só que
parece que sempre tem aquele erro que dói. Aquele erro que é uma pessoa. Aquela
pessoa que, depois de tudo, a gente pensa que era melhor não ter vivido. E não
nos enganemos: um dia também podemos ser esse erro pra alguém.
Você que lê agora, você tem
aquela experiência com outro que você mesmo pensa que era melhor não ter tido? Ou
tem a consciência de que existe quem olha pra você e tudo o que mais deseja era
poder voltar no tempo para evitar que você lhe aconteça? É triste, mas é
normal. Arrependimentos são inúteis, mas são fatos. Mas será que esse erro é
assim tão ruim?
Por exemplo, aprendi – de uma
forma que à época me doeu – que é inútil deixar alguém por outra alguém pensando
que será melhor ou que, com isso, seria feliz. Depois disso, poderia até lamentar
tê-lo feito, prometer pra mim mesmo que não cometerei o mesmo erro e que, voltasse
o tempo e tudo seria diferente. Mas como eu saberia que não deveria fazer o que
agora entendo que foi erro se não o cometesse? É daí – e já foi tema de texto
aqui – que defendo que a vida é da única forma que poderia ter sido: tanto em
escolhas certas, quanto em escolhas cheias de erros. Se não aprendesse naquela
época, aprenderia com o mesmo erro tempos depois, afinal, ainda não o saberia.
Por isso não vale a pena que
vejamos o outro como um erro. É uma experiência. É o que deveria ter sido na
hora que foi, com a dor, com o sofrimento, mas também com tudo que pareceu bom
à época do “sim, te quero”. Com todo o contentamento. E é uma pena que nem
todos entendam que a vida é o tempo da escolha e que a escolha nem sempre tem
que pensar em tudo (menos ainda em todos). É uma questão de que acontecimentos
acontecem, vida vive e o encontro de hoje é o que tinha que ser hoje, sem que
precise e nem deva ser o lamento de amanhã.
Que o que valha seja o bem e haja
tempo para sempre sermos vistos como o bem que viveu noutro alguém. No mais: carpe diem e quem não entender, azar. A
vida segue. E como segue!
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