Certa vez vi alguém comparar as
postagens no Facebook ou no twitter àquelas mensagens postas em garrafas
lançadas ao mar. À época, achei a comparação pertinente. Lançava-se o
pensamento e guardava consigo a expectativa daquela mensagem ser encontrada em
algum tempo, algum momento ou até em algum lugar inusitado. Mas hoje vejo que
não.
Quanto mais “convivo” neste mundo
tão peculiar (já que preso em si mesmo) do Facebook, mais percebo que as
pessoas (e o texto poderia vir em primeira pessoa tranquilamente) não guardam
uma expectativa abstrata de atingirem alguém.
Não! A meu ver, o que querem é o
louro e o aplauso concreto. Imediato. Instantâneo. Querem a fama traduzida em “curtidas”,
comentários de quem concorda, compartilhamentos que os exaltem.
É, a partir daí, que se passa a
ter os mal-humorados profissionais sempre prontos para espezinhar as postagens
alheias ou a ridicularizar quem quer que seja, porque acham que assim serão
engraçados (tal qual o valentão que pratica bullying
na escola). Esses me parecem sempre os mais bobos. Aqueles que sofreram durante
anos e agora, protegidos pelo escudo da tela para a qual olham, falam agora o
que o medo sempre lhes fez calar.
Além desses temos também os
reparadores, os devotos, os arautos, os zombadores... todos no afã de serem
notados como pessoas que pensam, que sentem, e postos como se todos estivessem
num grito angustiante e angustiado de serem queridos e serem notados.
Cada vez mais as “redes sociais”
se veem repletas de vários vaidosos de suas próprias opiniões, defendendo-se
dos que nem os atacaram e agindo como se a vida fosse uma eterna batalha sobre
quem tem mais razão. Não contentes em terem sua própria opinião, as pessoas
querem, a partir dela, sugestionar as opiniões dos outros. No mundo virtual
todos se julgam verdadeiros formadores de opinião e levam isso a sério. Vestem
a personagem até com certa cerimônia.
Aliás, o mundo virtual, que de
sério não tem nada, acaba aparecendo como cenário de disputas vazias de pessoas
orgulhosas de si mesmas, sempre prontas a tentarem fazer com que nos sintamos
mal por não termos tido a sorte de termos nascido eles.
E assim sou eu, assim é você (até
mesmo você que leu tudo isso pensando que você não é).
Só que a vida, essa se vive do
lado de fora daqui. Vamos pra lá?
Um comentário:
Olá, Professor!
De fato as redes sociais se tornaram "cabides" de Egos inflados. Pessoas postam comentários para serem populares, mesmo que muitas vez nem saibam o significado de seus posts ou nem acreditam naquelas ideias, pois para eles o importante é agradar.
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