A partir do aparente suicídio do
ator Robin Williams, fico aqui pensando no tanto de gente que se suicida. A
depressão é uma realidade muito dura, forte e cada vez mais presente (e
silenciosa). Talvez estejamos cercados de pessoas que se sentem com a vida devastada,
sem valor, sem perspectivas, julgando-se miseráveis sem que nos pareça que haja
alguma razão aparente para tanto.
Muitas e várias vezes nem mesmo
essas pessoas sabem a real razão de sua angústia, mas ela está ali, lhes
atormentando e falando com uma sutileza e um poder de convencimento, que faz
com que as pessoas se afundem mais e mais. E nós muitas vezes estamos do lado,
vendo a pessoa se afundar, mas sem que nos demos conta do quão profundo é o
buraco onde ela já está.
Há cada vez menos solidariedade
no mundo e cada vez mais indiferença. Isso é triste. Sob o manto de qualquer
justificativa fajuta, as pessoas se convencem de que não precisam dar conta dos
sentimentos, ao menos, das pessoas que lhes interessam. Não ligam pra saber
como vai, não mandam uma mensagem pra dizer que gosta de quem gosta. Não.
Deixam sempre pra depois esse gesto tão simples e que as muitas pessoas precisam
dele para agora.
Pense em quantas pessoas você
gosta; quantas também gostam de você. Quantas vezes você diz pra elas que gosta
delas? Quantas vezes fez com que elas se sentissem bem por (muitas vezes até
sem saber) terem feito bem para você? Qual foi a última vez que você ligou sem
ter assunto, mas só porque queria saber se a pessoa precisava de algo ou se ela
precisava de você? As pessoas que são importantes pra você, realmente sabem que
são importantes pra você? Você já disse? Ou acha que ela já sabe pelo simples
fato de ter que saber? Pense nessas várias ou poucas pessoas e permita-se ser
para elas e deixa que elas sejam para você. E se cuidem. Cuidem-se uns dos
outros. Não se deixem cair pra onde não seja mais fácil voltar.
Se ame, diga. Amar é para ser
sentido, vivido, dito e, se tudo correr bem, correspondido. Mas o amor que se
ama ou o sentimento que se gosta, esses não se devem calar.
Sejamos a força que falta pro
outro, tragamos o sorriso que a pessoa não vê razão pra sorrir, que se ache em
nós o apoio que, não raro, também servirá para que não caiamos.
Mas façamos. Não sejamos
indiferentes ao mundo. Não punamos o mundo por acharmos que não somos
importantes pra ninguém. Todos o somos, se não para todos, para muitos que
assim como gostamos deles, também gostam de nós.
Então não deixemos pra depois.
Procuremos o amigo de quem não sabemos há muito tempo, alegremo-nos se ele
estiver alegre, curemo-lo se sua alma estiver doente, mas façamos algo... façamos
mais, viver precisa ser mais do que assistir passar mais um dia. Se estamos no
mundo, que esteja, pois, em nós a causa do mundo ser um mundo melhor.
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