Nós somos todos Barrabás. Éramos nós que estávamos condenados a uma morte sofrida e cruel. Éramos nós que deveríamos ser sujeitados ao vitupério e ao vilipêndio da humilhação e da condenação. A condenação era nossa, a morte era pra ser nossa, porque o erro é nosso, a transgressão é - e sempre vem sendo - nossa e se a nossa condenação era certa, não tínhamos outra escolha senão esperar a sua execução.
No entanto, enquanto aguardávamos a execução da nossa sentença de morte, eis que nos é anunciado que, na verdade, agora estávamos livres e que o preço da nossa liberdade foi comprado pelo sangue de outro que, mesmo sem que se tivesse achado qualquer culpa sobre si, aceitou calado morrer no nosso lugar. Nele não havia erro, nele não havia crime, nem muito menos pecado, mas nele havia um amor imensurável, um amor incomparável, um amor mais amante que o amor mais amado.
"Ele toma sobre si as nossas dores", cura as feridas da nossa alma resultado que são das nossas transgressões e iniquidades. Feridas que nós mesmos nos causamos separados de Deus numa vida de pecado e que agora nos cobrava, não como rendição, mas por punição, o preço da nossa própria vida e à medida que as horas passavam e o momento da morte chegava, a certeza da execução nos causava uma inevitável agonia e aflição. Nosso sofrimento era lógico e tinha razão de ser... Mas de repente o castigo não foi nosso, mas foi dEle e esse castigo dEle nos trouxe uma paz que sequer merecíamos ou fizemos por onde ter.
Lá estávamos nós, todos éramos Barrabás aguardando a execução de nossa sentença, aguardando o momento de nossa morte. Lá estávamos nós presos à correntes de uma prisão que, por nossa culpa, fizemos por merecer, mas no instante em que parecia o nosso fim, ao invés de sermos levados à morte, nos é anunciado que há um Jesus de quem a vida se oferece em lugar da nossa vida pra que, com a sua morte, nós tivéssemos - se não por direito, mas por graça - uma nova vida... As correntes caem, as portas da cela se abrem, somos postos de volta sob a luz do sol e, de longe, bem de longe, vemos alguém sofrendo o sofrimento que era nosso. Nosso corpo não carrega uma cruz, nossas costas não foram açoitadas e nem se mostra a nossa pele moída como castigo. Não. Estamos soltos. Nossos pulmões exalam um ar puro, leve, não carregamos a marca do criminoso, nem o julgamento da turba. Somos pessoas sem culpa, naquele momento em que outro sangue se derrama, nem mesmo criminosos somos mais. Estamos livres, novos, prontos pra recomeçar.
Mas então pensamos (e temos que pensar): se um justo que nada devia, mesmo que ausente qualquer acusação, se cala e aceita morrer em meu lugar para que com isso eu viva, se Ele me dá uma segunda chance de ter vida, eu preciso fazer por merecer a vida que me veio a partir da morte daquele que é, "verdadeiramente o Filho de Deus" que "tira os pecados do mundo", fonte inesgotável de toda a vida, fonte inesgotável de todo o maior amor.
Se agora eu sei do seu flagelo que deveria ser o meu flagelo, é minha obrigação, no mínimo moral, ser-lhe grato em palavras e com atitudes. Já não posso mais ser o mesmo que eu era quando mereci ser condenado.
Se eu reconheço que eu fui liberto porque Jesus (que não tinha erro, não tinha mentira, mas só tinha a verdade, já que Ele é a verdade) aceitou ser condenado, sofrer e morrer em meu lugar para que eu, agora, mais do que vivo, fosse livre de qualquer grilhão, eu não devo passar um só dia sem olhar pro alto daquele monte e nem olhar pra crueldade da morte naquela Cruz, sem abaixar meus olhos e de coração sincero dizer: muito obrigado Jesus!
"Ele era Jesus Cristo e 'todos nós' somos Barrabás."
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