Se com uma mão me censuras enquanto co'a outra mão me repete
Tudo que existe de ti é tão verdadeiro qual cidade em
maquete.
Que estranha façanha essa sanha de então
Que crê na inverdade e não tem a menor piedade
E deixa que a mágoa te seja no peito vazio maior que o mais
largo desvão.
Enquanto destilas esse teu veneno incubado
Tomas por feno o que não passa de palha
E apesar dessa falha gritante que você cometeu
Nada há o que consiga evitar que acredites
Seres tu todo o acerto de um erro que crês todo meu.
Ah! se ao menos notasses que o real da quimera está no
possível e não na ilusão.
Quem sabe entendesse que sou bem mais do que esperas
E que em nada te perdes quando enfim te permites
Abrandar tuas feras e aprender a lição de que já estamos
quites
Toda vez que aceitamos que partilhar coração nem sempre é
palpite, nem sempre é paixão.
Só que agora tudo o que pressinto é o que me vem por
instinto e que não costuma mentir.
Como se por palavras, o vento sussurra que há tempos me
escondes tudo o quanto me cobras
E que já até
me quiseras quem inquieta teu sonho, mas que agora te alegra fazer-me tristonho
E que tudo que me guardas é o desejo por essa vingança
terrível que me lega em herança
Até que me sangra à adaga com que matas sem ao menos esperar que termine nossa última dança.
Até que me sangra à adaga com que matas sem ao menos esperar que termine nossa última dança.
Fui... Mas porque me afastaste e pra longe da vida que me
quis foi que me lançaste.
Me mandaste antes do tempo, quando me queria
por mais que o tempo que o próprio tempo tinha.
Para mim o tempo já não tem sentido e nem efeito já que
tudo é desfeito do que vivemos outrora
E já nem conto, porque de nada mais me vale saber do tempo,
do amor ou mesmo da hora.
Mas ainda lembro do tempo em que houvera censura, veneno,
vingança, mentira e ilusão.
(William Ricardo Grilli Gama - 12/02/1985)
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