Completar 30 anos é mais um
símbolo do que uma mudança. Ao menos em mim, não há o que veja que me mude de
quem era quando foi 20 ou 25. Sinto o mesmo e não porque já era maduro, mas
justamente porque continuo duvidando de que esteja crescendo.
Em brincadeira poderia dizer que
me consola saber que os que estudaram comigo na escola vêm juntos a somarem
seus 30 anos também. Entre aqueles com quem estudei na faculdade, sou o último
a fazer 30 e todos eles, já aos trinta, parecem passar bem. Que bom.
Pode ser que a minha impressão se
deva ao fato de não ter iniciado minha família ou de não ter, ao menos, uma
descendência que dependa de mim e que me faça ter que ser o que venho relutando
me tornar, mas ao mesmo tempo sinto que faço 30 tendo muito no que refletir e
recordar.
A primeira reflexão parece ser
inevitável. O tempo passa mesmo. Passa e nos leva com ele até nos deixar onde
não há mais andar, respirar e nem lembrança ou dor a lamentar. Passa
implacavelmente. E muito tempo já ficou pra trás. 30 anos são 1.560 semanas, 10.957
dias, 262.968 horas que não voltam mais. O que foi feito já é história e a
história, resultado de tudo o que me fez esse que precisa seguir em frente em
busca do que ainda será. E tomara que ainda seja alguma coisa.
A segunda reflexão vem das
milhares de pessoas que passaram por mim diariamente ao longo de todo esse
tempo. As salas de aula repletas em que estudei e fui professor, os pátios
lotados, zeladores que contribuíram com meu ambiente, secretárias e secretários
que foram parte da minha educação e professoras e professores responsáveis por
muito da minha formação, são ainda lembrança importante e viva do que já
passei.
As igrejas e os amigos da igreja.
A contagem dos dias para o fim de semana, Escolas Dominicais, aulas de música,
ensaios de orquestra, juventude, liderança, superintendência, pregações em
púlpito, salas e rodoviárias, tudo é parte de uma história que até parece ser
nada, mas quando olho, significa muito.
Minha família que guardada por
Deus cresce mais do que diminui e mesmo na perda mais doída e importante,
mostra que o cuidado de Deus é constante mesmo comigo que sou tão pouco fiel.
As lágrimas de meus pais, as dores de minhas irmãs, a fé de minhas avós, a
astúcia de meu avô, o constante superar de meus tios e o crescimento firme de
meu primo e primas, alegram meu coração tantas vezes machucado, mas que ainda
soma suas mais de 10.957.000 batidas desde o meu primeiro dia.
Os amores, as paixões, as
aventuras, as ocasiões e a perda das oportunidades. Alguns lamentos, alguns
erros, alguns sonhos, algumas memórias, muitas lembranças, tantas saudades,
tanta vida e algumas lágrimas que molharam papéis, colchões ou que rolaram no
chão, tudo me fez que eu sou.
As pessoas mais especiais dentre
as mais especiais, mas que já não existem ao redor, são importantes até quando
deixam espaço pra que surjam novas pessoas também mais importantes dentre as
mais importantes a contribuírem pra que seja quem sou, mas um pouco melhor.
Fazer 30 anos não muda nada de
quem a gente é. Mas ajuda que a gente veja que por mais que o tempo passe, por
mais que ele corra, por mais que pareça tudo fora da hora que já não há mais,
já tivemos tanto que não dá pra ficar como louco achando que tivemos pouco se
ainda há tempo pra termos bem mais... muito mais.
Cheguei aos 30. Não achava mesmo que chegaria a
tanto. Mas agora que cheguei, quero alcançar anos e mais anos, mais e mais...
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