A ausência antes angustiante agora apenas
aparenta aqueles amores absurdos, ababelados, apagados a assentos a assomar.
Basta brevemente borrada, barafundeada, bem
baralhada, biscate, bufã.
Cioso com cada cena cerrada cerebralmente,
calo cada caso cometido com carinho.
Dou dulia deveras devoto da deusa distante
da drástica dor de dentro do divino daqui.
Enquanto esqueço e erro, eu exclamo, exalto
e exulto. E existindo em emoções encapadas, enroladas, escondidas —
escancaradas? — espero espantado evolar-me em epicédio.
Fica fácil fazer-se fúnebre (fiz-me
furente!) frequentando festivais frívolos, funestos, fementidos (fofocas,
futilidades, falsos feitos).
Gestos grandiloquentes geralmente ganham
graça grassando gentil galanice gerada gemendo (gritando) gozo grave.
Havia hábitos hebdômados hilariantes:
humanos horrendos hesitavam hobby hedonista.
Infelizes! Inquietava-me insistir
irritantemente imerso, infundido, imotado, infeliz, indiferente, “icônico
imoral”.
Jactava-me jamais jazer jovem. Janota,
jurei jogar jogos, jejuar jus jeovista, julgar jornada jugal; janistroques,
juntei jirotes jantando — jiquipanga justa! —, jongo, jaré juntando jererê jito.
Ladairei léguas lacerado, luctífero,
lambuçado. Lá, labreado, listei lutos, livrei lisonjas, liguei lições,
ludibriei lógicas, locupletei láureas, lençalhei luxos. Labrego, loucamente
lamechado, laconizei-me lacrando lábios.
Morri momentaneamente? Matei-me
miseravelmente mercê merencória mesmice mimetizada milênios? Monomania me
mabaça minando meus melhores méritos. Meu magistério modorra mudado, moderno,
momo. Madraço, misturo minhas mágoas mais merecidas; mas mortiço, maladio…
Não! Nem noutra narrativa naufragaria nesta
necedade niilista naturalizada na nequícia normalizada naquelas neurastenias
nonsenses. Nonada!
Outros optariam obdurar ocasiões
olhalegres. Obfirmado, ombreei oposição onduleante onde os opacos, outrora
oportunistas, ocorriam o ocaso oficial.
Pabulagem pregada por picareta para pascácio
pascer purgado pusilânime pelos passeios pede porrada porfiante. Protopacientemente,
pois, protejo pacholas prostadas perante perigosos porcinos (pabulantes) podridos,
presepeiros, picaretas próximos. (Pocema!).
Que querente quererá quadrilhar quaisquer quarteirões
quando “Quem-Diga” que quarteiriza quamanhos quinhões? Queromaníacos? Quetilquês?
Quanta quizila! Quanta quengada! Queria quididade querubínica quebrantando queridos
qual querigma queimando quem quer. Quimera...
Rábido, reparo rapazes rotos ribombarem risos
ruminantes; rabeiam. Reajam, rapazes renitentes! Reacenda-se, rebeldia renovada!
Reerga-se razão rufada, realegrando regentes, regidos, remansão. Ruas regozijarão
recomeço retumbante.
Sonho sonhos sensacionais. Saboreio sensações
suaves sendo simples sabagante. Se soçobro sob suplícios sufocantes, socorrem-me
sorrisos sensuais, sinceros, sublimes. Sádico, sou sacrílego sano: sacrifico santidade
semeando safadice; sabedoria sucumbe sob sedução; sedição segue seu sobrepor.
Trabalho tunando toda Terra (troço). Tento tudo. Travesso, tensiono turbas tocando tambores, tintinabulando timpanetes, tergiversando tagarelices trágicas. Trilho terríveis trevas transgredindo tradições tolas. Tinhoso, travo tinhanha toquista tramando trapacear.
Ulcerado, urrei ultrajes unilaterais. Usei usurpar urbanidade unissonante (ucronia única ungida unanimemente). Uniu-se-me ultriz ululante. Ululei ultimado.
Vi vir vergonha vil varrer-me vitórias, viço, venturanças. Voltei voluntariamente. Valente, vacinado, vagando vias vedadas, voltejando vicissitudes vorazes… vinguei vitupérios, volvi vilanias, vaticinei virtude varonil. Venci vaniloquência vazia vergastando vosso volutabro vulgar. Volúpia virginal…
Xacoco… xoxo xumberguei. Xumbregar? Xongas! Xingaram-me xexeiro. Xinxilha xendengue, xeroquei xurumbambos…
Zombarão! Zoilos zaranzando... zanagas ziguezagueantes zunindo zarelhas zanguizarradas... Zuretas... Zangados… Zampões… Zum-zum-zum…
Glossário
ababelado: confuso
barafunda: confusão de coisas
dulia: culto rendido aos anjos
epicédio: discurso fúnebre
fementido: conduta traiçoeira; falso
furente: colérico; furioso
hebdômada: período de sete (dias, semanas, anos)
imotado: impedido de se mover
janistroques: indivíduo sem valor; “joão-ninguém”
janota: almofadinha
jaré: dança africana
jererê: maconha
jiquipanga: festa ruidosa
jirote: vadio
jito: muito pequeno, miúdo
labreado: muito sujo
labrego: homem rude
ladairo: procissão para paga de promessas
lamecha: comportamento ridículo do enamorado
lençalho: lenço grande. de má qualidade
luctífero: que causa luto
madraço: vadio
maladia: doença
monomania: obsessão sobre ideia fixa
necedade: sandice ou ignorância
nequícia: crueldade
nonada: bagatela; insignificância
obfirmado: muito firme; obstinado
pabulagem:
mentira ardilosa
pachola:
pessoa ingênua e bondosa
pacientar:
mostrar-se paciente
pascácio:
homem simplório
pocema:
grito típico de guerra a várias vozes
porcino:
relativo a porco
quamanho:
quão grande
quarteiriza:
ato de delegar a terceirização a uma quarta pessoa
quem-diga:
diabo
quengada:
malandragem; esperteza; atitude ou dito impensado
querigma:
núcleo da mensagem cristã com fim evangelizador
queromaníaco:
pessoa com euforia exagerada; mórbida
quetilquê:
pessoa sem importância
quididade:
qualidade essencial
quizila:
aversão
rábido:
raivoso
sabagante:
ser humano
tinhanha: barganha
tintinabulando: fazendo soar
toquista: policial que se deixa
subornar
tunar: andar à toa
ululante: vidente
ulular: gemer em lamento
ultriz: mulher vingativa
vaniloquência: manifestação oral
presunçosa
volutabro: desonesto
xacoco: sem graça
xendengue: magro, imprestável
xexeiro: caloteiro de prostituta
xinxilha: homem sem destaque
xongas: coisa nenhuma
xumbergar: ficar bêbado
xumbregar: namorar escandalosamente
(reg)
xurumbambos: velharias
zampar: comer exageradamente
zanaga: vesga
zanguizarra: desafino
zaranzar: zanzar
zarelhar: fazer fofoca