"As coisas que mais gosto:
mulher, mulher, mulher
(com prioridade da minha)..."
Vinícius de Moraes
Há beleza na nudez da mulher. É uma
beleza natural, não agressiva. Uma beleza sutil, incapaz de ofender quaisquer
que sejam os olhos que a veem. As formas são delicadas, em curvas que são como
caminhos – perigosos caminhos – que tanto quanto queremos, precisamos
percorrê-los.
A nudez do corpo da mulher é como
um mesmo caminho com vários portões de saída e cujo destino não é tão óbvio
quanto se pensa. O corpo dá mulher são vários destinos independentes, todos
eles prazerosos pra quem entende que melhor do que a chegada é a viagem
completa pelo que seja mais do que interessante.
Ah, quando a porta por onde
se sai e se começa esse caminho vai por aquele lindo umbiguinho escondidinho
como um prenúncio de novas descobertas, pelo qual podemos ir ao norte ou ao sul
com a mesma reverência de quem entra num templo, mas com menos silêncio (sim,
porque o amor pede palavras, sons, ruídos e, eventualmente, gritos que só se admitem
abafados em beijos). Não se pensa em chegada. Cuida-se de partidas, de caminhos
que vão e voltam por uma pele que se arrepia e mostra que gosta – assim, com um T separando o verbo que se gozTa de conjugar se T não houvesse.
Ah, quando a porta por onde se
sai e se começa esse caminho vai por aquela nuca toda nua pros beijos que
despertam uma mulher que ousa quando tocada e que pede por mais toques e
suspira com mais beijos e desejos que se quer, se tem, se espera e prova. O corpo
mostra que gosta, a voz mostra que gosta, a boca mostra que gosta, as mãos –
ousadas – mostram que gosta. É bom que goste quando essas mesmas mãos abrem
novos caminhos para novos beijos, tão ousados ou mais que as mãos por aquele
corpo que é todo desejo, que acusa desejo...
Ah, e quando a porta por onde se
sai e se começa são os pés? Ângulo novo. Sobe-se mais resoluto do que o fiel
que busca o céu. Conhece bem o caminho do paraíso. Para alguns o da perdição... mas para todos os que sabem o que buscam, é a primeira provocação capaz de
fazer ferver ainda mais um corpo prestes à sua própria ebulição. As mãos vão
antes, por onde os lábios subirão, se deterão, provarão o que é o próprio de
quem se entrega e continuarão em busca de toda beleza – e pureza – que nelas
há.
Seus olhos são doces, seus lábios
são mais. Os lábios da mulher levam do santo ao profano e levam de volta ao céu.
Seu colo é repouso de lábios e de olhos e seus seios, dos mais variados, são o
que há de mais perfeito em toda criação. Suas pernas são como todo o universo:
misterioso em seus propósitos, distante, mas capazes de, quando em volta de nós
mesmos, nos fazerem mais próximos de sermos como o Deus que dá vida.
Mas se engana quem pensa que a
beleza da mulher está só no que se toca quando se toca por poder tocar. Não.
Mais do que tudo, a beleza da nudez da mulher é para ser contemplada, adorada
com uma devoção que num primeiro momento é quase calada: primeiro se admira com
os olhos, toca-lhe com os olhos, louva-a com os olhos e com um sorriso que tem
que se abrir em todos que entendem o privilégio de se depararem com a nudez
natural de uma mulher. E isso porque é essa beleza da mulher que lhe aproxima
das deusas a quem só se serve, sem que se questione e por quem se pede no
coração silente, mas também contente.
O mundo não é plano e não é reto.
O universo é feito em curvas e não numa linha ou num plano. Curvas que lembram
a mulher. Mulher que precisa ter curvas. Curvas que enchem os olhos, curvas por
onde passam e correm as mãos. Curvas de uma mulher que nas suas formas (tão bem
pensadas e esculpidas) é sempre digna da nossa total adoração.
Mulher, mulher, mulher...
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