quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Culpa não é tua quando o sentimento não é teu!


Pare e respira. Você não é responsável pelo sentimento de ninguém. Não é tua culpa se a outra pessoa construiu uma imagem de você que não é você. E mais. As pessoas se chatearão, perdoarão e se chatearão de novo e talvez nem venham a tornar a perdoar, mas nem isso é tua culpa. Cada um faz da própria vida e dos próprios sentimentos o que bem entende.

Às vezes você se vê trazendo pessoas para a tua vida e, ao mesmo tempo, começa a se preocupar com o que essas pessoas estão esperando de você; ou se o que elas esperam é justamente aquilo que você está disposto a dar. E daí você já começa a ‘sofrer’ por antecipação, imaginando que está se enrolando numa teia que, depois, caberá a você mesmo desenrolar.

Mesmo correndo o risco de gostar mais do que ‘ser gostado’, você já começa a imaginar que aquela pessoa pode acabar se envolvendo demais no teu mundo e, quando menos esperar, estará sendo desconvidada dos teus dias. E começa a pensar no quanto ela ficará triste com você e você, que precisa ser amado, ficará tentando controlar uma situação que não está sob seu controle (tanto que você corre esse mesmo risco).

Esqueça. Você não é infalível e, tampouco, a companhia mais ideal.

Desapegue-se da ideia de você mesmo e dê mais crédito às pessoas. Elas não se apegam a você com tanta facilidade assim. E ainda que após o ‘apego’, o desapego faça doer, em algum momento você será o passado do que foi, ou o futuro do pretérito do que poderia ter sido.

Não ache que o sentimento vem em primeiro lugar. Muito menos o sentimento dos outros em relação aos teus sentimentos. Esteja em primeiro na tua vida e permita que o outro seja o primeiro na sua vida. E pensa o seguinte: as pessoas se entregam muito mais aos momentos do que aos sentimentos.

Faça, então, o momento valer a pena e daí sim, cuida do sentimento do depois. Porque na vida, o que ainda vale é o durante!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Encontros, desencontros, despedidas e reencontros...


“Algumas situações me levam a questionar sobre quem passou pela minha vida: ‘essas pessoas são descartáveis pra você ou você que era descartável para essas pessoas’”


Experimente lembrar-se de qualquer ocasião em que você esteve cercado por uma multidão, seja enquanto caminhava a pé pelas margens de uma avenida muito movimentada, seja quando dentro de um transporte público na hora de seu maior movimento.
Você já parou para pensar quantas pessoas passaram por você? Quantos rostos que não te diziam e nem disseram nada? Quantas não foram as mais diferentes histórias que essas pessoas traziam consigo e que você não soube? Quantas dores elas escondiam? Quantas alegrias queriam compartilhar, mas calavam? Quantos medos poderiam confessar, mas simplesmente, passaram. Passaram como quem sai por um caminho para nunca mais voltar.
Há muitas e muitas pessoas no mundo e você não saberá nada da maioria delas. Sua existência não afetará a tua e a tua qualquer importância terá para a delas.
Ao mesmo tempo, os acasos da vida ligaram a tua vida a vida daqueles que fazem parte dos teus dias. Seja porque se empregaram na mesma empresa ou porque estudaram na mesma sala ou na mesma instituição, cresceram na mesma rua, moravam no mesmo condomínio ou frequentaram o mesmo clube, o fato é que essas pessoas não passaram como rostos que se acumulam, mas somem. São pessoas que fazem parte de você. São pessoas que não se limitaram a passarem pelos teus dias, mas, sim, ocuparam parte considerável deles.
Mas onde estão elas?
Por qualquer dinâmica da vida, quem era alguém pra você ontem, hoje, de repente, já não é mais. E os que hoje são, talvez até pouco tempo sequer tivessem chegado a ser. E por vezes você nem nota que foi substituindo as pessoas que ocupavam diferentes papéis na tua vida.
É como se a roda da vida girasse a velocidade tal que fosse lançando pra longe os que não ficariam mais na órbita da vida tua, abrindo espaço para novas tentativas. Mas não. Várias e várias vezes a escolha foi tua. Consciente ou inconscientemente, é você quem as afasta de ti. E, no mais das vezes, tem ainda mais dificuldade de entender que assim como você tira as pessoas da tua vida, as pessoas tiram você da vida delas. E aí, sim, dói.
O ser humano tende a se creditar uma importância para além da que ele realmente tem. Sente um acréscimo de estima por si que muitas vezes se faz tão grande a ponto de começar a achar que a bem aventurança está para aqueles que lhe tem nos dias, não concebendo que assim como não lembra, pode muito bem não ser lembrado.
Mas a dificuldade está em entender como isso se dá. Como alguém que antes era tanto, de repente já não é, ao mesmo tempo em que você, que era tanto para alguém, hoje já representa menos que a fração mínima do nada para esse mesmo alguém?
Até que ponto somos realmente importantes para alguém? Faríamos falta se não existíssemos? Provavelmente, não. Somos a metade de a existência de alguém? Dificilmente.
De repente me pego imaginando que na vida não somos nada para o outro. E, se não somos, nós apenas estamos. Estamos fazendo parte de seus dias até que um dos dois desista ou enquanto for bom, conveniente, interessante...
Mas qual o verdadeiro significado desse estar? Somos, de fato, para o que houver de útil e, portanto, prontos a ser parte de uma história daquelas que, talvez, ninguém conte ou mesmo se recorde?
Se antes éramos a razão dos sonhos, dos suspiros, das ligações noturnas ou mesmo quem ouvia os lamentos e compartilhava as primeiras alegrias nas novas conquistas, de repente (ou nem tão de repente assim) passamos a ser só mais um daqueles tantos “rostos numa multidão”. Talvez o que nos diferencie dos vários “rostos dessa multidão” seja a lembrança do outro (esporádica) de que em determinado dia você também esteve presente naquela ocasião narrada anos depois onde, se antes você era personagem principal, agora, na lembrança narrada, não passa de mero coadjuvante.
No final das contas, somos apenas “mais um na multidão”. Descartáveis, sim. Ainda que o presente diga que não, o futuro pode vir e dizer que sim. E a prova disso é a nossa própria vida. Quantos amigos não recebem um telefona teu há anos? E isso não significa que não havia sinceridade nas relações de vocês. Mas vocês estavam, muito mais do que eram.
Quantos são aqueles de quem você sente falta, mas que não se ocupam de pelo menos lembrar de você? E daí você se pergunta: só ele (a) era importante pra mim? Eu não era importante pra ele? Sim. Você foi. E talvez um reencontro dos dois traga carinho, traga saudade, mas não traz o tempo que passou e nem diminui a distância que esse tempo percorreu, com o detalhe de que nem sempre é confortável confrontar e reviver o passado.
Mas uma certeza eu tenho: não há o que compense a mesquinhez. Longe de mim querer que alguém pense que o novo não vale a pena ou que, havendo o novo, deverá haver também a indiferença de quem sabe que não vingará para muito além.
Alguns encontros são, sim, para sempre. Depende só da sinceridade do sentimento e da verdade do que se quer para si; depende dos cuidados de um para com o outro; de não se pensarem como parte mais importante da amizade, da relação; nem se acharem mais fortes e o outro mais fraco. Não depende nunca de um, mas sempre dos dois, dos vários. Um abraço só é abraço quando os braços não se sentem vazios. E também a vida: trazemos os outros e vamos a eles porque os dias não se vivem se estiverem vazios de companhia, de carinho, de afeto e de amor.
Mas antes de trazer o novo (e é bom que se traga), não deixe de cuidar de quem já está, porque é bom, também, que vocês estejam.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Textos que não escrevi - Uma questão de (bom) gosto: Já fomos mais inteligentes?


Esse texto é do Prof. Bernardo Schmidt do curso de Direito da UNESC e se o reproduzo aqui é por dois motivos: o primeiro é porque eu concordo e o segundo é porque ficou muito bom. Espero que gostem:


Já Fomos Inteligentes?

Recentemente, o jornalista Carlos Nascimento cravou em um comentário no Jornal do SBT, do qual é âncora, que nós brasileiros “já fomos mais inteligentes”. Nascimento estava inconformado com as últimas notícias que acabara de transmitir envolvendo a repercussão do fenômeno Luísa (aquela que estava no Canadá e, de repente, ficou em todo lugar) e do suposto estupro no Big Brother Brasil.

Soou ranzinza e acabou por confundir inteligência com bom gosto. Além de esquecer o gigantesco poder da internet. A pergunta que surge, no entanto, é a seguinte: “já fomos mesmo inteligentes?”

O Brasil sempre se destacou muito mais por suas atividades corporais do que cerebrais. Somos referência mundial em esportes e danças, havendo brasileiros consagrados mundialmente nestas áreas. Mas quando o assunto é cérebro, não chamamos tanto a atenção. Para se ter uma idéia o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel. Ao contrário de nossos vizinhos sul-americanos. A Argentina já abocanhou três em áreas científicas e outros países como Peru e Colômbia ganharam em literatura.

Nas artes tivemos alguns movimentos interessantes e destacados como a Semana de Arte Moderna de 22, a MPB e o carnaval. Mas, mesmo dependentes de grande inteligência, se destacam mais pela inspiração e o talento de seus integrantes.

Não se quer aqui afirmar que não somos inteligentes, apenas que temos a mesma inteligência de outrora. Talvez tivesse mais razão o Carlos Nascimento se dissesse que já tivemos mais bom gosto. Neste ponto realmente regredimos.

A culpa em parte vai do gosto individual, mas o que transforma em algo coletivo é o fato de que há muito tempo só recebemos porcarias. Acabamos por ser resultado daquilo que vemos e ouvimos o tempo todo. A massificação do mau gosto traz esse tipo de resultado. O próprio canal em que trabalha o citado jornalista não preza pelo bom gosto.

Música universitária nos anos 60 e 70 era MPB. Nos 80 rock. Hoje é esse sertanejo estilizado. Os livros daquelas épocas eram os clássicos e os de grandes escritores premiados. Hoje são de auto-ajuda (o Brasil é o penúltimo colocado no ranking de leitura na América latina). Havia luta pela liberdade. Hoje estamos cada vez mais reclusos, satisfeitos com o que a internet e a TV nos despejam.

É claro que precisamos de diversão barata, que, pelo visto, incomodou muito o apresentador. Mas só isso não basta. É claro que não podemos achar que a vida é um big brother e nem que um fenômeno repentino e efêmero como Luísa tem alguma relevância. Temos a mesma inteligência. Só precisamos recuperar o bom gosto.

Bernardo Schmidt Penna é advogado, mestre em Direito e professor do Curso de Direito da Unesc. Bernardo@unescnet.br