sábado, 24 de setembro de 2011

Como nos filmes...



Quando o que penso é você comigo, geralmente o cenário é único. Não, nunca uma balada. Sempre imagino no caminho de volta de algum lugar (que lugar não importa). O carro encostado, a lua brilhando, eu tomando tua mão na minha e deixando as tuas se tocarem num silêncio que só não é absoluto porque o peito insiste em aumentar a intensidade das suas batidas.

De repente você baixa os olhos tímida. Eu te ergo o rosto levemente com a ponta dos dedos sob teu queixo só pra dizer o quanto você é linda... e você sorri. Então corro os dedos pelos teus cabelos e os coloco por detrás da tua orelha, deslizando a ponta da minha unha pela tua nuca, te arrepiando a pele nesse misto de frio e calor que te corre a espinha.

Teu sorriso já beira o tímido e o tenso. É quando me vou à direção tua e te beijo o rosto, com calma, com carinho...

No beijo que te dou no rosto, você deixa que teu rosto vire e faz com que meus lábios toquem os teus... O peito – que já fazia barulho – agora faz escândalo já que tudo que eu mais queria era beijar o beijo teu.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DESCONSOLO






Há certas palavras que cortam. Machucam. Sangram.

Há palavras que são escritas como que com sangue. Palavras, versos, frases e orações que carregam no seu fluir a dor de quem as escreve sem que finja que é dor a dor que sente.

Essas palavras, escritas no sangue que as fazem ainda mais fortes, correm como correnteza. Esvaem-se pelos pulsos cortados e enquanto vão atingindo o chão onde não deveriam estar, levam consigo toda a luz – se é que alguma luz há – , restando só o negro que se ficou.

Por tantas vezes é tanto o sangue que sangra nas palavras, que o que parece cheio de vida se mostra morto por dentro. Está morto só que ninguém vê.

Não há olhos que perscrutem o íntimo dos que sofrem. Não há ouvido que ouça o lamuriar silencioso daqueles que sentem que o que já foram jamais tornarão a ser.

À medida que o sangue corre e faz as palavras, o corpo inerte e vazio é tomado de escuridão. Não há peito que bata como já bateu; não há choro que corra como já correu. Não há mais ela, não há mais eu.

Se é que foi como tinha que ter sido, onde estará quem escreveu essa história que, calado, não surge pra dizer se ainda existe ou se acabou?

Onde havia um coração que pulsava há no máximo um músculo inerte. Se os olhos ainda piscam é a teimosia de quem não repara que o sangue que correu terminou seu curso e não voltará para onde veio e não mais virá para fazer viver.

De tudo que se foi, a dor ainda fica. Tivesse ido - e deveria ter ido - não haveria mais dor. Mas há dor. E dói. Sempre dói.

Olha-se pra dentro e é tudo negro. Tudo é nada!

As palavras que sangram (escritas do sangue que sangrou) ficam. Quem vai foi quem as escreveu. É ele quem encerra uma história, sua história, tantas histórias... mas não, ele ainda não morreu!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Corinthians 101 Anos: Minha Vida, Minha História, Meu Amor



Nada mais justo do que quebrar o silêncio do blog falando de amor, mas não de um amor qualquer, mas de um amor que é muito e que é grande.
No dia do aniversário de 101 anos do Corinthians, esse post só podia ser sobre esse amor... esse amor pelo Todo Poderoso, Sport Club Corinthians Paulista.
Sim, o Corinthians tem 101 anos. Desses 101 anos eu participo de 26. Não, não me tornei corinthiano depois de certa idade. Todo corinthiano já nasce corinthiano.
Quando me perguntam se sou corinthiano respondo que sim, graças à Deus e quando me perguntam o porquê de eu ser corinthiano, respondo que foi porque dei sorte.
Lembro da primeira vez que fui ao estádio, não um estádio qualquer, mas na casa que por mais que queiram dizer que não, é a nossa casa: o Pacaembu. Corinthians e Grêmio, campeonato brasileiro de 90. 2x0 Corinthians, dois gols de Neto.
Neto, sem dúvida o meu maior ídolo dos que eu vi jogar. Pra mim Neto é muito maior que Marcelinho... mas e o Ronaldo? Bom, daí já fica difícil definir qual deles que gosto mais: se o fenômeno das alegrias recentes ou o goleiro que 10 em cada 10 crianças gritavam: Ronaaaaaaaaaaaaaaldo quando defendiam uma bola.
Eu vi bastante de Corinthians. Se invejo os que vieram antes de mim – como meu pai, por exemplo – foi porque não vi Rivellino, Zé Maria, não vi Sócrates, nem vi Zenon, nem Wladimir.
Não vi - como meu pai viu - o Morumbi com mais de 130 mil pessoas e não comemorei, como ele comemorou, o título de 1977...
Mas tenho boas lembranças do que vivi, do que sofri e do que senti.
Lembro de gostar do Tupãzinho e de admirar a raça do Ezequiel. Raça, sinônimo de Corinthians.
Lembro da camiseta da Kalunga e depois a da Suvinil. Eu tinha a número 5 que era do Bernardo e depois passou pro Zé Elias, o Zé da Fiel, que batia até na mãe se ela passasse na frente.
Na cantina da escola, num dia de Corinthians 6 x 3 Santos, cantei com a torcida que: “caiu na rede é peixe, leleá – o que? O que? – o Timão vai golear. Foram 03 gols do Viola, o mesmo Viola que surgiu em 88, mas que em 93 se emocionou porque jogava uma final contra o Palmeiras, seu time de coração.
Vi chegar Marcelinho e, antes disso, lembro de um gol de falta que ele fez no Ronaldo quando ainda jogava nos urubus. A dupla com Donizete. A 12 do Túlio e dos dias que o banco Excel dava de juros no cheque especial. E vi Mirandinha, aquele que se pensasse não corria, mas que se corria não pensava.
Xinguei o Luxemburgo quando ele barrou o Ronaldo do gol e trouxe o Nei do Fluminense. Xinguei mais ainda o Nei pelos frangos que levava. NA reserva, sempre ele, Maurício, pequenino, mas eficaz (principalmente quando o terceiro goleiro era Wilson Macarrão).
A dificuldade do Sylvinho marcar um gol, mas, em compensação, vi Didi fazer um golaço no São Paulo num dia que, infelizmente, era dia de Raí, o mesmo Raí que, em menos de seis meses perderia dois pênaltis no mesmo jogo e para o melhor goleiro do Corinthians, o geladíssimo Dida. E ri do Raí.
Antes disso, anos afastado dos estádios por causa da violência, meu pai me chamou pra assistir a um jogo da Copa do Brasil: Corinthians x Treze de Campina Grande/PB. Segundo jogo das oitavas de final. Primeiro jogo empatado em 2 a 2. Estava de volta ao Pacaembu e não acreditava nos meus olhos quando o placar indicava 2 a 0 pro time da Paraíba e então vi o treinador chamar do banco Amaral (aquele mesmo que as vezes parecia que tinha um olho só) e que naquele jogo, ao entrar, pôs fogo. Onde você olhasse no campo tinha Amaral. Depois da entrada dele o Corinthians empatou e o jogo foi para os pênaltis.
É 07 anos sem ir ao Estádio e vou pra assistir uma disputa de pênaltis... e o Vampeta errou (novidade?) Vi o Pacaembu inteiro bater nas cadeiras e fazer um barulho ensurdecedor e, se Vampeta errou um, o time da Paraíba errou 02. Nunca fui ao Estádio pra ver o Corinthians perder.
Vampeta, não tivesse sido um baita jogador, já entrou pra história entre os maiores só porque foi ele que definiu muito bem o que é o time da Vila Sônia que acha que está no Morumbi. Foi Vampeta que cunhou o: time de bambis.
O meio de campo sensacional: Vampeta, Rincon, Ricardinho e Marcelinho, para lá na frente achar Edílson, Luísão e muitas vezes ele, o fazendeiro Dinei.
Sofri na final contra o Cruzeiro, mas vi meu time ganhar.
Ri e ri muito com as embaixadinhas do Edilson e pensei que fosse enfartar na final contra o Atlético.
Vi meu time ser Campeão do Mundo (mesmo com Marcelinho perdendo pênalti).
Depois volto ao estádio em 2004 pra ver Fábio Baiano, mesmo mancando de uma perna, acertar um chute no ângulo do Harlei num jogo contra o Goiás (a narração do José Silvério é de arrepiar).
Pois é, praticamente não ouvi Osmar Santos que fazia as bandeiras tremularem, mas ouvi muito jogo na voz de José Silvério: angústia, aflição, mas muitos gols.
Em 2005, Tevez, Nilmar, Mascherano, Roger, Carlos Alberto, um 7 a 1 no Santos e um título brasileiro no peito...
Vi meu time cair em 2007, mas cantei junto com a torcida: Eu nunca vou te abandonar, porque te amo! E naquele momento foi como se eu renovasse meus votos de amor pelo meu time que, já no ano seguinte, renasceu e se fez ainda maior.
E chegou ele: Ronaldo. Senhoras e Senhores, xinguei o Douglas quando ele não deu o passe para o fenômeno no jogo contra o Itumbiara. Desacreditei quando, contra os porcos, ele acertou um tirambaço dá intermediária no travessão e gritei feito louco quando, no gol, até o alambrado caiu.
Quem viu se arrepiou.
As outras torcidas não entendem a nossa torcida. Querem achar que amam seus times como o corinthiano ama o seu. Mas não. Nunca, serão!
Quem falou que todo time tem uma torcida, mas a Torcida do Corinthians é uma torcida que tem um time, sabia bem do que estava falando.
Não há outra torcida que grite tanto. Que apoie mesmo na adversidade. Enquanto as outras vaiam, a do Corinthians canta. Somos sim, um bando de loucos, “Loucos por ti, Corinthians”.
Que venham mais tantos anos e que eu sempre veja o Corinthians jogar. Ganhar é mero detalhe. O que me importa é cantar meu amor ao “clube mais brasileiro”.
E como diria um corinthiano dos mais geniais, o grande Toquinho: Ser corinthiano é ir além de ser ou não ser o primeiro. Ser corinthiano é ser também um pouco mais brasileiro.
Então, só me resta dizer: Vai Corinthians!