domingo, 28 de fevereiro de 2010

EU ODEIO SERTANEJO




O presente texto é uma reflexão estressada do blogueiro. Suas opiniões são realmente essas, mas todas elas dizem respeito à música e não aos que a ouvem (esses são heróis por agüentar tamanha porcaria). Se você acha que pode se ofender com o que está escrito nas próximas linhas, sugiro que não role o mouse e evite descer. Para os que se aventurarem, boa leitura.

Se a sobreposição de notas uma após a outra atendendo um regramento básico a soar uma melodia for o que se costuma chamar de música, então, há que se chamar esse gênero chamado sertanejo de música. Apesar de um lixo.
Sim, eu não gosto de música sertaneja. E, ao se dizer sertanejo, leia-se esse tipo de poluição sonora que surge nas rádios e nas ruas com um poder de destruição mais forte que o das pragas do Egito. Aliás, que nem vinculação com o Sertão possui.
O fato é que não se acha qualidade no que se ouve.
Provavelmente a preguiça mental– que parece ser regra nas pessoas –faz com que se valorize o nada, achando que no nada se entende alguma coisa. Alegam, os que apreciam a dita música (?!) que ela fala o que de fato é e revela o que todo mundo sente. Se assim o é, não há novidade no que se canta – o que torna ainda mais raso o ato de compor, já que se compõe o que já se sabe como é.
Possuir uma legião de “admiradores” não é nenhum atestado de qualidade. Há uma grande parcela de pessoas que se rendem aos ditames midiáticos. Se a mídia aprova, quem sou eu pra desaprovar. Se tantos ouvem, são esses tantos os que estão certo, logo, não preciso sequer ouvir para já concordar que é bom. E enquanto isso o mundo caminha para o seu fim...
O mais triste é ver algo tão desprovido de qualidade fazer sucesso em um Brasil que tem na sua música – a boa música brasileira – um de seus maiores referenciais no exterior. Nossos músicos – Ivan Lins, Tom Jobim, Sérgio Mendes, Bebel e João Gilberto, Céu, Astrud Gilberto, Dorival Caymmi e tantos outros são reverenciados no exterior pela qualidade da música que fazem ou fizeram, e no Brasil sequer alcançam respeito.
A música sertaneja é pobre. Música feita pra gente pequena (sem que necessariamente seja pequeno quem a ouve) e é onde me causa espanto quando vejo pessoas a quem julgo intelectualmente desenvolvidas, vibrando em rimas de amor com dor, paixão com solidão... Lamentável.
Na música sertaneja não se acha o ritmo sincopado deliciosamente presente no violão dos inventores da bossa nova, devidamente acompanhado pelo jeito macio de se cantar o sol, o verão, as alegrias e até o amor. Não há virtuosismo. É uma música que se toca em 6 acordes nas suas formações naturais, cantados por duas vozes onde uma delas não é nem ouvida o que dirá sentida. Não há harmonia que preste, dissonâncias, boa dinâmica e nem arranjos elaborados (basta um reles solo de guitarra em 04 compassos e lá vamos nós...)
A qualidade das letras é, invariavelmente, tão xinfrim, que não há sequer qualidade. Há apenas o relato de um amor que não deu certo porque a mulher se viu mais feliz nos braços de outra pessoa. Convenhamos, meu amigo, essa mulher deve ter encontrado alguém que não escutava sertanejo e encontrou a felicidade.
Pra mim é desesperador assistir as pessoas em estado de catarse entregues a esse barulho desregrado e sem dinâmica, como se estivessem sob efeito de um transe... como se fossem platéia de um show do Greenday após a experimentação das raízes da natureza.
Esse desespero que se faz gigante quando assisto minha irmã se realizando nisso que se pretende música; quando vejo uma namorada vibrando em meio a um repertória tão deselitizado e ainda por cima, uma irmã de apenas 09 anos, acreditando que isso é bom. Meu Deus, por que castigo tão grande para alguém como eu?
E vou além. Só não digo que o tal do movimento do Sertanejo Universitário é o mais lesivo a boa música brasileira nos últimos tempos, porque nesse ínterim surgiu o funk. Mas é um movimento desarrazoado que quis dar chance a cantores (?!) que em um mundo real não teriam a menor condição de dar certo. Péssimo...
Claro que esse meu sentimento representa nada pra esses pretensos artistas que a cada dia vêem suas contas bancárias crescerem milhares de milhões de reais, frutos de uma sociedade que adotou a falta de critério como qualidade para definir o que se é bom. São Sorocabas, Luans, Gusttttavos, etcque diariamente lançam esses lixos para o consumo daqueles que preferem viver em meio dele.
O pior é que, muitas vezes, para fazer graça, a pessoa se permite fazer uma brincadeira, canta um trechinho de uma letra que ficou enraizado no subconsciente ou qualquer outro fato que já surge motivo para que a pessoa outra reverbere aos 04 ventos que tanto você gosta da música que até sabe cantar.
Ora, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E vice-versa.
Fato é que a boa música deve dizer muito mais do que ela diz e deve ser envolta de uma atmosfera condizente com a mensagem que quer passar. Devidamente elaborada, cuidadosamente trabalhada, para que atinja a alma das pessoas, dizendo muito, mas revelando nada.
O Sertanejo não faz nada disso, mas apenas enche os ouvidos de uma harmonização básica, fria e desprovida de qualidade, sem enarmonia, sem efeitos no ouvinte pela sua suavidade e percepção, principalmente se comparadas à Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Francis Hime, Egberto Gismonti, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Baden Powell, Ivan Lins e tantos outros.
As letras são pobres e isso em uma língua tão rica como a portuguesa, para que se diga em, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Victor Martins, Aldir Blanc, Ronaldo Bôscoli, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Flávio Venturini, Gonzaguinha, Cazuza e mais tantos outros.
Não faço questão que gostem do que gosto. Muito embora me seria muito mais saudável para os meus nervos que a minha convivência se desse com os que preferem se abster de ouvir essa excrescência da música brasileira.
Música de letra pobre, escrita para ter como alvo pessoas pequenas, que se permitem nivelar por baixo (“coisas esotéricas passando pela cabeça de quem se entende um possível jardim como os que para onde voltam as borboletas”), tão baixo que alcança o nível da própria música. A letra precisa conter algo que leve a reflexão de um tudo... mas as pessoas preferem o caminho mais fácil. A essas, por mais que o gosto seja algo próprio de cada um, é cada vez mais difícil respeitar.
O fato é só que... EU ODEIO SERTANEJO e, por favor, desistam de tentar mudar isso em mim.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Amor mais desprezado


Minha bela senhorita,
Por que não sorris?
Tem-lhe sido a vida tão pouco generosa
As vezes até sofrida?

Doce e bela senhorita,
Tens um sorriso tão charmoso
E com um olhar que a tantos tanto encanta
Lhes sorrindo sem parar.

Mas, logo agora senhorita,
Em que me chego desejoso a no teu corpo achar meu gozo
E na vida que a ti me trouxe
Mulher tão bela que é você

Me viras o rosto como com pressa
Nem dá conta - só despreza! - a quem só lhe quis em bem.
E que agora ruma pesaroso
Pois que já que não é seu, não será de mais ninguém.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Reflexionando...

E eu seria o que fui, não teria mais chance de vir a ser
Seria o caminho errado indicado por mim mesmo
E o exemplo perfeito do fracasso de um.
Seria o errante por um deserto gelado
Caminhando pelo ártico em chamas
Veria a noite brilhar dourada
E o dia desvanecer-se negro
Não seria o que fui...
Seria o que sou.




Querer


Tenho pensado sobre o “querer”.
A idéia de querer alguma coisa ou o sentimento de se querer alguém.
Há quem diga que o interesse (querer) vem da utilidade que o objeto do meu desejo tem para mim. Só o quererei porque antes imaginei que me seria útil.
Se eu pensar em uma peça de roupa ou calçado, um livro ou até mesmo um carro, essa idéia é bastante aceitável e, assim afirmo, porque imagino que seja a regra.
Mas e quando um alguém deseja (quer, tem interesse) em outro alguém? A regra será a mesma? Quero ou quer-se alguém pela utilidade que esse alguém terá?
A resposta é perigosa. Poderá ter uma inclinação para além do romantismo ou até para aquém ou longe da pior forma.
Mas vamos pensar: por que um homem quer uma mulher (ainda que alguns possam dizer que a pergunta mais fácil seria “para que” e aí acaba-se com o romantismo antes que ele exista).
Eu não consigo deixar de pensar que é por causa da utilidade dessa mulher na vida do homem. Mas mulheres, não se sintam menos por causa disso. Mesmo porque, tenho certeza, a recíproca é verdadeira.
Os que procuram aventuras enxergam na mulher a utilidade de lhe servir para a satisfação de sua lascívia.
Os que procuram companhia enxergam na mulher a utilidade de colocar fim a sua solidão.
Os que querem uma família enxergam na mulher a utilidade de lhes ser o Côncavo do seu convexo quando da arte de se gerar os filhos.
E a mulher também.
Se quiser prazer procurará o homem que lhe atenda os seus desejos mais fantasiosos.
Se quiser segurança procurará aquele que lhe transmite firmeza, estabilidade.
Se quiser carinho procurará quem lhe fale a alma nos momentos de desespero ou despreparo.
O certo é que é bom querer e ser querido; amar e ser amado; desejar sendo desejado. Ao passo que é terrível quando não se é correspondido no que se espera do que se lhe faz interessado.
Um problema é quando as pessoas se deixam tomar pelo medo de querer de novo porque em algum momento esse querer não lhes foi bom.
Apesar de ruim certamente todos nós em algum momento queremos sem que tivéssemos sido queridos, assim como alguém nos ”quereu” quando não quisemos esse alguém. É como se fosse um ciclo da vida.
Mas ninguém questiona as delícias de se querer. A beleza de contar os segundos para o encontro com o que se quis e se alcançou. Ou em se sentir sendo querido por quem insanamente aprendemos a querer.
Não me sinto menos romântico quando vejo no querer do outro a utilidade pra mim. Mesmo porque o meu querer primeiro é sempre a delícia do romance do durante. As horas em que penso, o instante em que eu toco e durante que eu vivo... isso não se faz e nem se vive só...
Aliás, diria até que é útil se querer...

Saudade dos Musicais

Senti a vontade de escrever esse texto às 16h37min do dia 13/02/2010, enquanto assistia um DVD que retirei do “fundo do baú” da minha coleção. O DVD em questão é “Gene Kelly – An American in Pasadena”, um show em que o brilhante e inigualável, ator, diretor, bailarino, cantor e coreógrafo Gene Kelly reunia-se a inúmeros e não menos talentosos parceiros para um show para a TV americana, são artistas do calibre de Frank Sinatra, Lucille Ball, Liza Minelli, Cyd Charisse, Cindy Williams, Janet Leigh etc.
Ao longo do show ele ia comentando e cantando canções de seus filmes de maior sucesso e um projetor lançava sobre uma tela como as de cinema as imagens desses filmes e especiais para televisão.
Para aqueles que ainda não ligaram o nome a pessoa, o “Senhor Multi-talento” em questão é o ator/cantor de “Cantando na chuva”.
Mas não o texto não se presta a falar sobre Gene Kelly por mais que o autor do texto veja nele, junto a Fred Astaire os melhores dançarinos do mundo. O que eu quero é dizer sobre o quanto gosto de assistir a musicais e como lamento que não seja um gênero de investimento dos estúdios atualmente. Mesmo diante de sucessos de público, crítica e bilheteria como foi o caso de filmes como Moulin Rouge e Chicago, além de Dreamgirls ou até mesmo Duets. Isso para não se falar na aguardada estréia de Nine, tão bem recepcionada pela crítica, com direito a mais uma indicação ao OSCAR® para Penélope Cruz.
Não há dúvida que a Trilha Sonora ainda tem grande importância no cinema. Quem pode imaginar Indiana Jones sem a excelente música de John Williams ou ouvir Everything I Do (I do ir for you) e Have You Really Love Woman – as duas de Bryan Adams – sem pensar lembrar na hora de Robin Hood e Don Juan de Marco? Isso para não dizer de trilhas como CINEMA PARADISO, LOVE STORY e O PODEROSO CHEFÃO.
Entretanto, relega-se à música, no cinema atual, o papel coadjuvante semelhante ao do cenário que, simplesmente, compõe uma cena de amor ou um momento de suspense. Não se tem mais essa música no primeiro e principal plano do cinema. E isso é triste...
O filme musical dá uma leveza à vida das personagens e dos espectadores. É sempre encantador se imaginar sendo o sedutor que toma a mocinha nos braços em uma dança sensual e romântica, ingênua, mas cheia de significados. Ou cantando o amor correspondido ou a alegria recém-sentida... mesmo sabendo que na vida ninguém sai cantando e saltitando no meio da rua.
É como imaginar Fred Astaire tomando Cid Charisse nos braços em plena noite de primavera nos jardins do Central Park levando-a numa dança leve, mas ao mesmo tempo intensa, em um jogo de sedução a todo tempo implícito, mas exposto aos olhares mais sensíveis.
Ou até mesmo as danças mais ousadas e até engraçadas do mesmo Fred Astaire com sua pareceira-mor, Giger Rogers, duas presenças tão grandes em uma tela que parecia diminuir de tamanho diante do talento da dupla.
E os exemplos são vários... desde O Mágico de OZ e A um passo da Eternidade, passando por New York, New York e West Side Story, até que se chegue a Grease e High School Music.
Pode ser que os tempos modernos não tolerem mais a ingenuidade dos musicais, tidos como ultrapassados para os amantes dos vampiros, mutantes, lobisomens ou agentes secretos e bruxinhos adolescentes. Trouxeram a realidade para o cinema e a história criada, produzida e filmada perdeu o seu aspecto lúdico. Uma pena...
Por sorte, os anos 50 e 60 existiram, partiram, mas se souberam preservar. Fico com eles, mas ainda assim lamento: - Ah que saudade dos musicais...

Saindo do ócio... (nada criativo)

É tempo de retirar o blog do seu ócio.
O ócio é bom quando se faz criativo, não foi o caso desse ócio que agora quer-se, na marra, terminar.
Fato é que o blog ficou parado porque o seu dono não sabia o que escrever; desaprendeu a escrever.
Nesse meio tempo foram várias as vezes em que me incomodei a mim mesmo, buscando assuntos ou temas sobre os quais escrever a fim de torná-lo ativo, livrando-o das teias de aranha virtuais que já lhe tomavam conta desde o momento do silencia último.
Temas me surgiram aos borbotões, mas foi só. No fim era como se as palavras me tivessem escapado, deixando-me apenas a ansiedade por seu retorno, se é que me retornariam um dia.
Nesse meio tempo conheci o nordeste, assisti ao Corinthians, voltei para Rondônia, reencontrei amigos, assisti estupefato aos escândalos em Brasília e, assustado, assisti o crescimento da Dilma nas pesquisas.
Alegrei-me com Valdir Raupp sendo indicado à vice-presidência do PMDB nacional e desconfiado tive notícias do racha político entre o Governador de Rondônia e o Senador cassado.
Vi minha irmã se formar e um grupo de amigos ir embora; depois de quase sete meses Lost recomeçou e já me deixou com mais dúvidas do que da última vez que ele acabou. Não assisti a nada relacionado a vampiros e nem li nada que tivesse símbolos ocultos. Achei prazer no assistir o sol encontrar com as águas do mar e descobri que o Rio de Janeiro é verdadeiramente lindo.
Revi família e até mesmo amigos que há muito tempo não via.
Fiz vários planos e não realizei nenhum.
E entre tudo isso, escrevi no blog 03 vezes... e só! Mas a partir de agora tudo muda. O blog oficialmente inicia sua temporada 2010 e, promete por seu dono, que seja sempre o que estiver destinado a vir a ser, mesmo que o resultado final seja... nada!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O dia depois de ontem

Abrindo a temporada de textos do blog post-férias, nada como reflexões sobre o dia depois de ontem (ou seja, hoje!)


Nada como a perspectiva do hoje para que façamos o amanhã...

É comum no dia a dia de nossas vidas a gente se deparar com a necessidade de escolher. Todo o tempo temos uma escolha para fazer. Aliás, a vida por si só é uma escolha (apesar de “arte do encontro”).
As escolhas, por mais insignificantes que venham a se mostrar, são sempre atitudes. Ora, se a vida é escolha e escolha é uma atitude, temos que a vida é atitude. Assim se a vida é atitude, a falta dela é quase a morte.
De nada vale respirar se a única mudança na vida se deve ao movimento involuntário de rotações e translações da nave global. Os que assim se esperam, fazem-se vegetais de si próprios, parasitas de um espaço desocupado na presença ausente de si mesmos.
O fato é que como bem disse Maria, quem quer alguma coisa tem que fazer alguma coisa. E a vida se baseia em querer, porque os mais radicais poderão alegar que a própria indiferença é uma atitude e, então, a vida também será indiferença.
Mas não há como se gratificar e congratular consigo ao viver uma vida indiferente. Tampouco se sentirá o prazer de causar orgulho ou admiração naqueles que queremos bem e aos quais queremos o melhor.
Pelo contrário, a indiferença avilta o espírito manso que sempre anseia pelo amanhã mais solidário, em um futuro mais benevolente aos que ainda hoje sofrem.
Há que se construir o próprio futuro sem esperar que ele aconteça à nossa revelia. Precisamos tomar as rédeas do nosso destino, sob pena de, inertes em nossa descaminho, percebermo-nos lançados numa longa queda que se estende, ela sim, indiferente ao nosso medo e a nós.
Ora, quem quer algo novo precisa fazer algo novo. Não me adianta viver o dia seguinte em repetição ao dia anterior. Antes, precisamos despertar o que haja de empreendedor e desafiante no que é nosso para que, o depois seja mesmo melhor do que o antes se mostrou.