segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A Felicidade de quem já fez feliz, mas que não está


Uma das melhores formas de ser feliz é se alegrar na felicidade de quem a gente gosta e que gosta da gente. Sabe aquela pessoa que muitas vezes já esteve até mais presente, mas que, por algum motivo que nem a gente sabe qual, é mais importante do que muita gente? Então. Assistir essa pessoa feliz é tão bom quanto nos sentirmos, nós mesmos, assim, feliz.
E essa é uma forma genuína de felicidade. Ninguém está falando de deixar de buscar ou de acreditar na própria felicidade, mas sim, de se doar de forma que ser feliz é importante, mas ver feliz também é.
Ora, somos a soma de cada dia que vivemos, cada experiência que vivemos, cada relação que vivemos, em suma, de cada momento em que experimentamos ser quem somos. E essas experiências não se fazem sozinhas. Na verdade, as nossas experiências são misturas de outras experiências de outras pessoas que, partes que são da nossa história, nos fazem sorrir com seu próprio sorriso feliz.
(Você já sorriu com o sorriso de alguém?)
Gostamos de gostar daquela pessoa porque sabemos que ela gosta de gostar da gente e, mesmo que, de repente, o verbo tenha que ser conjugado no passado, ainda assim gostaremos daquela pessoa pelo bem que ela fez para gente, e isso porque sentimento não tem que ter memória seletiva, mas tem, sim, que se lembrar do bem (e do mal também) e ficar com o resultado positivo que permite sorrir com o sorriso desse alguém.
(Aquele sorriso que, de verdade, já te fez sorrir, não merece chorar)
A vida da gente é engraçada. Vinícius dizia que ela não era brincadeira, não. Para ele, a vida era a arte do encontro, muito embora haja tanto desencontro pela vida. E ele estava certo. Quantos não são os encontros que fazemos ao longo da nossa vida? Quantas e quantas são as pessoas que cruzam nosso caminho, ficam e vão, vão ou ficam, mas que, no fim, estiveram sim? Estiveram pelo tempo que tinham para estar, pelo tempo que precisavam ou pelo tempo que precisávamos.
São muitas as pessoas que pareciam nos ter uma importância infinita, mas que chegou ao fim. Assim como são tantas outras aquelas para quem éramos de uma importância infinita que também já não é mais. Já não somos presentes, mas se é que foi bom, seremos (e elas serão) o eterno passado nas lembranças presentes no futuro e que valem recordar. Uma lembrança que também faz feliz mais do que dói.
Quando isso acontece, essas pessoas nos ganham e se tornam importantes para cada um de nós. E nós passamos a torcer por elas, porque elas merecem a mesma felicidade que desejamos para nós. E não importa se elas estiveram e não estão: pelo tempo que foram, ganharam cadeira cativa em cada coração que cativaram com seu pelo bem.
Assim, se você gosta de alguém, saiba ser feliz se ele for feliz também. E, se ele estiver feliz sem você por perto ou mesmo se estiver feliz mais perto de outro alguém, lembra que ele(a) já te foi bom e, de novo, seja feliz com ele (e por ele) também.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Chico pra mim


Gosto de música e é a música que gosto que – pretensiosamente – uso chamar de boa música. Gosto de dormir ouvindo música, gosto de estudar ouvindo música e de escrever ouvindo música. Vivo música e prezo que minha vida seja em música e como música.
E é na música que tenho quem seja meu único ídolo. Não que me faria indiferente a figuras icônicas como McCartney, Jagger, Rod e outros Rock stars que tiveram uma vida que eu penso que gostaria de ter tido (riscos de overdoses à parte). Mas quando se trata de Chico, aquele Francisco Buarque de Holanda nascido em 19 de junho de 1944, não há quem me seja mais.
Durante meus primeiros anos Chico foi pra mim um jogador de sinuca na contracapa de um LP antigo de um tio. Não sabia o que cantava, não sabia nem se cantava. Era apenas um nome. Um nome forte de alguém importante, mas que eu não sabia quem.
Descubro o Chico artista aos 13 e me encanto com a prosódia incomum de uma moça do sertão que sonhava conhecer e morar no Rio. A Violeira, parceria com Tom, foi a primeira música que ouvi e depois gostei.
Tom. Tom foi parceiro de Chico e fizeram ‘Pois é’ e ‘Sabiá’. Levaram um Piano pra Mangueira e perderam a noção da hora olhando Marias em retratos branco e preto por aí. Tom que era ídolo de Chico que treinou com Francis para saber fazer música pra Tom Jobim. E foi parceiro de Edu, amigo de Toquinho e compadre de Vinícius.
Chico que é grande e nas cordas do violão lutou pra derrubar uma Ditadura levada pela Roda Vida que mostrou pros maus que apesar deles tudo poderia ser diferente e ninguém precisaria falar de lado, olhar pro chão como nesse tempo quem passou e se voltar sempre vai passar.
Chico que é fruto da raiz de Sérgio e Maria Amélia e que desde pequeno se pensou cantor.
Chico que é pai de Sílvia, Luísa e Helena, mas também de muitas Bárbaras e Anas e Marias e Joanas, Iracemas, Terezinhas e Genis.
Chico que fez Beatriz que não estava na poesia...
Chico que ainda menino cantava com Vinícius e desenhava com Oscar.
Ah! Chico... aquele menino calado e travesso que puxava carros ao longo do Pacaembu em que fazia olas e gritava olés (Olê, Olá?)
Chico do Pedro Pedreiro sempre esperando, esperando, esperando e se guardando pra quando o carnaval chegar.
Chico do amor que é pra ser sentido e cantado e não sofrido, nem chorado. Amor barato...
Chico do riso tímido e do verso sem-vergonha, da homenagem ao malandro e paratodos que fizeram dos seus versos mais do que canções.
Chico que perdoou a amante que ele mesmo traiu e cantou os amantes que no futuro serão a história passada no Rio de tantos sonhos e amores e sambas e canções...
Chico à flor da pele e à flor da terra nos seus “O que será? O que será?”
O mesmo Chico que faz música com paralelepípedo e que quando canta escafandrista, faz ter sentido essa palavra feita pra ofender qualquer canção.
Chico que mandou às favas o Evangelho e os Orixás, mas pediu a benção de santos e ainda os mudou de lugar numa permuta pela chuva que traz água.
Chico que domina o português, apesar de gostar do francês, ter vivido em italiano e ainda arranhar o inglês. Quis fazer música inteira terminar em proparoxítona, fez. Quis versos em que destacasse paroxítonas, destacou... Chico é mestre na arte de dominar a composição que ele criou.
Chico que fez ode à bola e que se fez cego à Rosa;  lamentou a Rita e parou pra banda... Chico viu e cantou a banda passar. Mas a banda de Chico não passa...
Chico, quem te viu, quem te vê? E eu te vi em três shows e cantei, cantei, cantei e nem era cruel cantar assim.
Chico que com Tom introduziu a turma do funil... Chico Buarque (que é) de Holanda, mas bem pode ser Chico Buarque do Brasil.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Poema de quem era quem eu fiz

E enquanto eu aqui te esperando
Te querendo, te pedindo e te sonhando
Não há hora que seja mais que boa
Do que a boa hora do teu haver...

Chegas leve como leve só tu és
Passos suaves como voa o condor:
Vens como a divina encarnação da desesperação
De um eterno amor reinventado.

Sendo quem és quando em meus olhos,
É aos meus olhos que agradas.
És muitas nas minhas memórias várias
E bem és a quem tanto gosto de lembrar.

Foram dias que não foram muitos
De momentos intensos que foram tantos!
Fostes tu! Fosses quantas fostes, todas elas sendo quem eras...
(E a melodia era a música certa!)

Já agora sois quem já não sei
E se é que sabia, perdi-me de tudo que seja
Perdi-me mesmo de quem verdadeiramente és
Ou eras... eras nas outras eras de quando te sabia.

Mas de tudo que fostes (e do quanto fostes)
Sei que fostes quem te fiz
Porque mais do que quando chegastes
Sempre fostes aquelas que eu não quis.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ESTOU BEM (E vou ficando por aqui!)


De algum lugar do presente para alguém do passado depois de um tempo de futuro:


Oi, tudo bem?

Sabe, foi bom. Me fez bem. Já faz bastante tempo, é verdade. Tanto que nem sei quanto. Mas foi bom. Se for pra buscar um saldo, não tenho dúvidas de que aprendi mais do que ensinei. E até por isso é que foi bom. Era um tempo de redescoberta, de reconstrução. Era um tempo que eu era meu e todo o tempo que tinha servia para que continuasse sendo. Quando pensava que me conhecia, descobri que era menos do que o tempo de mim me sugeria e vi, então, que o eu que era não era o eu que via. Daí mudei o jeito de ver.

De repente eu era especial. Eram mensagens quando não esperava, nos momentos menos pensados e em contextos divertidos e inusitados. Eu era alguém que fazia bem a quem me queria bem. A troca dos dois era o sorriso que se sorriam para si e por si. E era bom sorrir.

As músicas tocavam diferentes naquele momento em que toda melodia tinha um pouco de você. Era um som suave, era um som intenso, como era suave e intenso o sentimento que me movia e me fazia querer mais perto e mais junto de você, fosse nossa distância a de dias, fosse nossa distância a de instantes.

Todas as luzes da cidade ao alcance dos meus olhos, ali no alto, soberanas, lindas, reunidas e decididas a não deixarem treva alguma no céu, mas minha noite só tinha brilho e vida, no brilho e na vida de você como parte fundamental de cada novo instante meu.

Foram anos sem que você me fosse alguém e eu te fosse alguém. Na verdade, até então e depois de então não nos éramos nada. Talvez nunca tivéssemos sido o que destinados a jamais sermos, mas ali nós éramos. Contigo as horas passavam como se cada hora fossem cinco minutos. Uma noite toda, madrugada adentro e mal parecia que o sol já estava prestes a nascer. Fostes o que me foi de melhor.

Fostes porque já não és (ainda que a verdade é a de que sempre serás esse alguém que só eu sei, muito mais do que o alguém que ameacei dizer que não eras e nem vieste a ser).

Quis fazer da minha vida, nossa. Ousei desejar pra minha vida, a tua nela. E mesmo quando desejei não te desejar, tudo que fiz foi te querer pros beijos, abraços e mais beijos que te beijei no silêncio da minha própria solidão. E isso te fez o sonho mais gostoso de sonhar.

Ah sim! Por tua causa meu conforto passou a ser terreno estranho. Tudo o que eu sabia parecia errado e certo era só o que eu aprenderia de novo com você, já que até meu medo de me sentir bem, com você e por causa de você, eu enfrentei. E se é que meu coração era doído, teu sorriso foi a vida e teu alô foi a cura do que teu adeus não dito, mas feito, foi a  cicatriz principal.

Mas, pensando bem, qual não foi minha estupidez ou idiotice ou loucura de te pensar, de te querer, de te sonhar? Mas acontece que não foi nem burrice, nem estupidez e nem loucura porque foi você. E de você foi fácil de gostar.


E mesmo quando, antes de ir, você questionou o fato de não ser quem eu penso quando te penso como quem é demais, ainda assim te quero sabendo que se você não era quem eu pensava, de nada importaria, pois te queria sendo você quem você fosse, seja você quem você seria!

Te sonhava porque gostava, mas não te queria em sonho, te queria, quis, quero, quererei e tornarei a querer, pro que for real. Porque só o que é de verdade satisfaz.

E daí sento pra te escrever: caneta em punho, folha em branco sobre a mesa e quando penso em tudo isso, imagino mil e um motivos pra não te escrever e nem te falar nada; penso em mil e uma razões pra arrancar a lembrança desse sentimento de ontem dentro de mim, mas só preciso de uma – embora tenha outras – pra querer insistir: ser você e eu ter certeza de que você vale/u a pena, real do jeito que você é.

O que lamento é não ter feito parte dos teus dias. Foi te gostar à distância. Te gostar errado. Te gostar errando. Talvez não ter nem sabido te gostar.

Mas graças a tudo isso e a você, aprendi. Graças ao teu silêncio, aprendi a conversar comigo e entender quem eu sou, o que eu quero e quais os caminhos que me levarão ao destino que me é certo. Te quis pra mim, mas não te pude. E já nem sei qual o tamanho da verdade de cada linha de uma história que parece perfeita e que na perfeição é que se faz improvável. Não existe perfeição. O que existe é a vontade de fazer dar certo.

Enfim, hoje eu me sei. Sei que quando eu tiver a mulher pra mim (essa que eu gostaria que tivesse sido você), será não porque ela é linda, como você é linda, mas porque ela tem o que eu mais procuro na mulher pra mim: ela me desperta admiração pela forma como é, pela forma como vive, por aquilo que acredita e pelo que está disposta a fazer e viver.

E nossa, como eu te admirei! Ainda admiro, mesmo que me ressinta em mim. Mas admiro. Admiro tua inquietude. Admiro tua sagacidade, tua inteligência e a forma como você enxerga o mundo à tua volta. E te admirar, torna ainda mais fácil te gostar. Gosto de te gostar.

E, além de tudo, você teve o dom de me fazer querer despertar o melhor de mim, quando nem eu mesmo acreditava haver o que de bom guardado no vazio de mim. Talvez não fosse mais vazio, já que me via cheio do sorriso que me vinha da presença tão presente de você. Me quis melhor, seja pra fazer o melhor pra mim, seja pra despertar um orgulho e um sorriso em você.

E eu atravessaria distâncias, eras, vidas e mundos pra me deleitar na visão tua que não tem visão que meus olhos queiram mais. Não tem encontro que eu queria mais do que o do teu abraço e nem olhos outros que eu queira que me olhem que não os teus.

Eu já quero alguém pra mim, você talvez precise ser um pouco mais de você. Acho uma pena.

Mas estou bem. Contigo aprendi e segui, descobri que posso gostar, me curei (talvez). Você, meu remédio menos provável, me fez bem (eu estou bem!). Vou gostar de novo (gostarei!) e descobrirei que a felicidade com a qual não conto, existe em algum lugar, talvez também pra mim.

Mas, por enquanto, vou ficando por aqui. Aqui... aqui!