quinta-feira, 1 de maio de 2014

20 anos: Ayrton... Ayrton... Ayrton Senna do Brasil...

Parece que foi ontem. Naquela manhã de domingo eu dormia no apartamento dos meus avós. Todos haviam ido à Escola Bíblica Dominical, mas eu fiquei dormindo. Dormia no quarto de meu tio que tinha por hábito sempre deixar a CBN ligada durante a noite e foi quando, de repente, escuto o radialista dizendo “o piloto brasileiro foi retirado do carro e recebe o atendimento ainda na pista”. Mas já faz vinte anos...
Ouvir aquilo foi um susto que me fez pular da cama e ir até o quarto onde ficava a TV, liga-la já na Globo e me deparar com a cena daquele piloto vestindo um macacão azul e uma poça de sangue ao seu lado. Um choque. Barrichello já tinha sofrido um grave acidente da sexta, Ratzenberger já tinha morrido no sábado e no domingo os deuses da pista resolveram deixar o mundo da F1 ainda mais dramático: escolheram Senna pra sua vítima maior.
A partir daquele momento me uni a outros 150 milhões de brasileiros na expectativa das notícias que não poderiam ser outras. Àquela época sempre ouvia alguém falar mal da arrogância do piloto brasileiro, ouvia diferentes críticas e, aos 9 anos, muito embora acordasse quase todas as manhãs para assisti-lo correr, não tinha ideia da dimensão do que representava aquele rapaz de 34 anos, Ayrton Senna da Silva e do Brasil.
As lembranças mais fortes que tenho de Senna é ter ficado acordado pra vê-lo na corrida de seu segundo título, quando ele bate em cheio no carro do Prost, numa forra ao que o francês fez no ano anterior; mas as mais fortes são do campeonato de 91, assistindo a corrida em que ele vence no Brasil pela primeira vez, ou pegando uma carona no carro do Mansell, ou mesmo, deixando o Berger passar na sua frente quando já se sabia tricampeão no campeonato daquele ano.
Hoje sempre assisto às reprises desejando que fosse possível que Senna não corresse aquele GP de Imola; que Senna não fizesse nenhuma curva Tamborello; que ele fosse pra Minardi, mas não assinasse com a Williams. Mas como ele poderia não assinar com a Williams?
Lembro-me que tinha sido há pouco tempo que ele tinha lançado a personagem do Senninha. Ele já corria na McLaren em 93 sendo pago por corrida e, quando assina com a maior equipe da época, maior vencedora daqueles anos, fizeram uma festa e teve até um gibi do Senninha mudando sua roupa de vermelho para azul. Ele estava empolgado e o Brasil também.
Sua primeira corrida foi cheia de expectativa e terminou triste.
Sua segunda corrida vem com mais expectativas e terminou triste.
Sua terceira corrida, por tudo que aconteceu, começou triste e terminou trágica.
Senna morreu como herói, mas eu preferia que ele estivesse vivo. Eu preferia que tivesse ganhado mais do que ganhou e ele poderia ganhar. Eu preferiria que o Senna tivesse realizado o seu sonha de pilotar uma Ferrari e eu teria adorado acordar a cada manhã só pra vê-lo correr.
Naquela segunda-feira, 2 de maio de 1994, lembro da professora entrando naquela turma de 3ª série e nos perguntando se sabíamos o que tinha acontecido. Com seus olhos marejados de dor, ela falava de Senna enquanto muitos colegas de sala choravam sua dor. Lembro de um rapazinho – acho que seu nome era Álvaro – que chorava copiosamente a dor de ter perdido o ídolo que carregava em seu caderno.
Vinte anos depois ainda me dói saber que o melhor piloto de todos só não pode vencer o destino que sabe ser mais cruel com um do que com outros.
Ayrton... Ayrton... Ayrton Senna do Brasil...


Um comentário:

Anônimo disse...

É professor tambem me lembro como se fosse hoje, a fórmula 1 nunca mais foi a mesma, apesar de que não perco se quer um grande prêmio.

Alesandro Vilvock