segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Sempre à vida (já que há tempo quando há vida)

O livro que não leu, o filme que não viu, o amor que não declarou, a matéria que não aprendeu, a viagem que não fez, o amigo que não conheceu ou a paixão que não viveu. E daí? Eles estão logo ali. Ao alcance da tua atitude.
A vida vive para frente e o que não fez tem que ser a história prestes a mudar. Lamentar o que não viveu não vai trazer vida. Não resolve. Só tira mais do precioso tempo de viver.
A vida vive para frente e viver não tem que ser questão de opção, mas de tesão. De encarar o tempo com a gana de quem quer possui-lo mais do que ser possuído. Com olhos de quem sente o gozo perto e possível. Olhos penetrantes de quem aumenta o ritmo quando sente que o que quer lhe chega e não para nem depois de conseguir, porque vive no desejo de sentir e não na folga de quem já se teve sentido.
A vida vive para frente e para frente sempre se tem o que viver. Para frente não importa o que não houve. Importa o que vai ser.  O que se vai fazer. O que se quer... viver.
Olhar para trás é o jeito errado de viver para frente. As escolhas de antes tiveram as circunstâncias de antes. Foram o que tinha que ser, mesmo que hoje pareça que não devessem ter sido o que foram.
Ficarmos bravos com quem fomos no nosso passado não passa de desculpa “mal dita” de quem não quer entender que a responsabilidade com o que será no futuro depende do que faz no único tempo que existe: o agora. Remoer o passado é distração inútil e injusta. Apenas sonhar com o futuro é frustração certa, mas lutar pra que ele chegue contente é um dever mínimo de quem se quer bem.
Se você respira, sonha, deseja e tem forças, tem tudo o que precisa para recuperar o tempo que acha que perdeu. Contudo, seja gentil consigo e entenda que o tempo que passa também é experiência que se acumula. Experiência que também tem que olhar pra frente e que se recuse a repetir passos, mas que trilha seu caminho, consciente de que o ontem não lhe importa e que a vida de hoje é só – e tudo! – o que tem. E basta. É exatamente o que precisa para viver a intensidade de quem, tendo vivido bem, saberá de si tudo, menos que é alguém que por falta de coragem viveu sem escolhas, como se fosse, desde sempre e pra sempre, seu próprio refém (e apesar de tudo o que pode viver no tempo que tem, mas não fez). 

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