quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Poema da memória do que foi feliz (ou o tempo que não vai voltar...)

Conto de um tempo que não contava
Pensava que memória não doía
Pensava que memória só passava.

Conto de um tempo de alegria
De um dia em que a vida me agradava
De um dia em que eu vivia o que eu queria.

Conto de um tempo que passa sem que fosse
Não vira cinza. Renasce enquanto espero.
Conto de um tempo que não volta nem que seja pra ver se dessa vez não erro.

Tempo de um tempo que não dá mais tempo...

Quem me dera o tempo contasse ao contrário
E então eu vivesse o que não foi,
Mas que um dia eu quis que tivesse sido.

Quis as mãozinhas, os pezinhos e o cheiro de shampoo...
A casa de varanda e o almoço de domingo
A briga por causa da conta do fim do mês.

Lembro que a canção dela EU SEI qual era
E que até de novela a gente gostou
Mas que de tudo o melhor era ela.

Já faz tanto tempo que lembro há tanto tempo
De como era bom esperar o melhor dia chegar
De como foi ontem - sem ser - todo abraço que lembro só pra lembrança doer.

Já faz tanto tempo que lembro há tanto tempo
De como é bom saber que ao menos houve esse tempo
E de como não é bom apenas saber que foi bom enquanto durou.


*ouça o poema aqui.

6 comentários:

Anônimo disse...

Disseram-me certa vez, que tenho talento para a crítica literária. Provavelmente por causa da forma ácida de ver as coisas. Ou porque não teria talento pra fazer nada realmente útil no mundo. É uma hipótese.

Então. O TEXTO ANTERIOR, ESTAVA UM HORROR (meu ponto de vista). Mas ao que parece, esse intervalo de três dias fez muito bem ao autor.

Ora, vejam só! Houve uma melhora significativa na redação. Não que o texto seja bom, porque honestamente, é MUITO DRAMA POR ESTROFE QUADRADA (e²).

Todavia, tem lá seu mérito, os versos são razoavelmente compreensíveis ...

Se continuar melhorando assim, talvez, quem sabe um dia, uma coletânea?!! Não creio.

E mais. Se essas minhas observações também forem razoavelmente compreensíveis e caírem no gosto dos leitores, talvez possam dizer que se trata de um comentário feito por um HETERÔNIMO ANÔNIMO (algo como um Fernando Pessoa da era digital)!!! Mas não creio. Tenho o dom de não crer em nada.

Aproveito a oportunidade para anunciar o fim da minha carreira de Crítico(a).

Anônimo disse...

*No comentário acima, onde se lê COLETÂNEA, leia-se ANTOLOGIA.

Anônimo disse...

Tem uma frase que acho magnífica "embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim". Não sei de quem é.


Muito bonito o texto.

Anônimo disse...

Texto bacana! Só não vou dizer mais nada porque estou sem tempo! Estou vivendo o meu tempo, sem perder tempo, para depois não dizer que eu gostaria de voltar no tempo e aquele tempo reviver!

Anônimo disse...

Me lembrou os Manuéis... rsrs


POEMA DE MANOEL ANTÔNIO DE ALMEIDA

Mulher, irmã, escuta-me: não ames
Quando a teus pés um homem terno e curvo
Jurar amor, chorar pranto de sangue,
Não creias, não, mulher: ele te engana!
As lágrimas são galas da mentira
E o juramento manto da perfídia.


TRADUÇÃO DE MANUEL BANDEIRA

Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredite não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
Cai fora.


Anônimo disse...

Eita, hahahahaha... São as bravuras do anonimato!!