sábado, 5 de dezembro de 2009

O Amor é para todas as idades


Não havia barreiras. Não havia limites.
Se eram dois, como dois eram, queriam-se em um desejo intenso que se ia além.
Era um querer forte que de tão pungente, na ausência do outro fazia doente e no encontro de dois era mais que indecente... um indecente inocente. Não da inocência pueril que se perde na idade, mas a inocência do que não tem culpa. Era um para o outro sempre que eram os dois.
Enquanto se pediam ouviam a natureza se fazer mais forte. Natureza de gente, natureza da gente... a intensidade a olhos de censura parecia descabida, mas como em movimento de descida, deixava-se levar.
Não haveria rotina que os alcançasse e a vida era a prova mais precisa. Os anos lhes passava e o bem querer que muitos julgam se fazer ausente onde o tempo é passado e presente, lhes era o que ainda para sempre lhe seria: a mais terna e amável companhia.
Não era das primeiras vezes que se tinham, mas decerto não lhes seria a última. E se a idade lhes podia ser um fardo, a eles só era o deleitar nas lembranças de quando se começou, ou dos perdões que se perdoou e até dos carinhos recomeçados a cada novo recomeço.
Anos se passaram e nesses anos sempre queriam pensar se conhecerem, mas nunca o bastante. O novo dia sempre lhes nasceria e no seu encalço a noite os alcançaria, mas como dona de mistérios, sozinha não se permitiria. Viria repleta de nuances mais novas a se descobrirem a dois.
Se o primeiro ano foi bom, os que se seguiram até o vigésimo o foram também e os que lhes viriam (e vieram!) lhes melhorarão e serão melhores.
Sabem que se bastam um ao outro: um encaixe perfeito, qual acorde bem feito, que ao menor resvalar de um simples movimento feito em exato momento, faz da terra em céu se tornar.
E provam que o amor não tem idade, tampouco, prévia validade, desde que se queira viver a vida a se amar...

4 comentários:

Thonny Hawany disse...

Não posso perder a oportunidade de começar o meu comentário com as suas próprias palavras. Como diz sempre o bom amigo Fabrício Andrade: "você levantou, agora é só cortar" e assim o farei. "[...] o amor não tem idade,tampouco, prévia validade, desde que se queira viver a vida a se amar..." Deste modo acredito também no amor, um amor que se renova, uma amor que constrói e é (re)construído sempre que abalado, desgastado, lapidado. Lembro-me ter dito na noite do dia 4, enquanto tomávamos uma cervejinha na confraternização do 8ºB de Direito, que queria o meu escritor de volta, e ele está aí. Não que eu não tenha gostado do seu estilo gospel, mas, confesso preferir este estilo mais leve, sereno, poético, livre,... que só vc sabe sê-lo quando fala especialmente de AMOR. Parabéns pelo texto. Vejo que o seu blog é um cantinho bastante eclético. Se a proposta é essa, parabéns!!! Há texto para todos os gostos. Aguarde-me, estarei sempre por aqui. Sou seu leitor incorruptível.

Gleise disse...

Gostei muito do texto, William. O amor realmente não tem idade, não tem cor, não tem limitações. Não duvido que se possa vivê-lo indefinidamente, há quem tenha sabedoria para tanto, só que a prévia validade, nos dias de hoje, é um fato. Está certo que as pessoas não chegam em nossas vidas com rótulo e seu respectivo prazo de vencimento, mas o amor tem se apresentado cada vez mais frágil e perecível, e involuntariamente gente se pergunta: quantos dias faltam para que o paletó desenlace o vestido, quantos dias ainda sobram para que a confusão das pernas deixe de ser deliciosa e tenha o seu sabor alterado, quantos dias faltam enfim, para o nosso "desamor"?.
Pensando bem, no fim das contas, o rótulo com o prazo de validade até seria conveniente, rs. Mas entre acreditar no efêmero ou no eterno, nossa única certeza é que a nós, "criaturas, entre outras criaturas, só nos resta amar, amar e malamar, amar e desamar, amar"! (Viva Drummond, viva você!).

Fabrício Andrade disse...

William, belísssimo texto. Gostei muitíssimo do comentário da Gleise. É exatamente o que eu queria dizer. Assim, faço das palavras dela as minhas. Aliás, ela escreve muito bem. Já visitei o blog dela e gostei demais. Parabéns a você e a ela.

Laurindo Fernandes disse...

O amor é atemporal. Não é o amor de ontem, nem o de amanhã, é o amor de sempre. Ele transcende a existência terrena, suplanta a efemeridade de nosso invólucro carnal. Se a alma é eterna, se o espírito subsiste a esta matéria que o envolve, então o amor também ultrapassará esse plano material.

Isto só não acontecerá se o amor for condicional. Não sobreviverá o amor ligado a características que só temos por um curto espaço de tempo, aqui. Essas fatalmente passam - a velhice precede a juventude, que vai e leva com ela nossa saúde – se o amor estiver vinculado a elas, também passará, porque quem assim ama, não ama a essência de uma pessoa, mas sim sua aparência. Como a própria palavra diz: aparência, o que parece realidade, mas não é.

Mas o amor que emana de nossa alma, e ao outro é direcionado, indo direto ao cerne daqueles a quem amamos, criando com este um vínculo inquebrantável, esse é para todas as vidas, eternidade adentro. Sempre.