“É que eu preciso dizer que te amo
Te ganhar ou perder sem engano.”
(Cazuza)
“Qualquer maneira de amor vale a
pena.
Qualquer maneira de amor vale amar”
(Milton Nascimento)
De tempos em tempos me pego
pensando que o amor é um sentimento supervalorizado. Não é tudo isso que dizem,
muito menos é o tanto que esperam dele.
Amor é um sentimento que você
sente, mas que não necessariamente outra pessoa sentirá. Nem por você, nem por
ninguém e não porque essa pessoa é incapaz de amar ou não sabe amar, mas porque
cada um tem o seu próprio jeito de amar.
O amor que eu sinto por alguém e
o que você sente pelo seu alguém costuma ser sempre o mais bonito que você tem
para oferecer e é a certeza disso que faz com que você queira que o sentimento
que essa pessoa te sinta seja o mesmo que você sente e daí vem a insegurança, o
pânico, o medo de não ter o sentimento correspondido. Ou pior: as vezes até o
tem. As vezes somos amados de volta, mas o amor não se mostra como nós
mostramos, não se vê como nós queremos enxergar e não se fala como nós
gostaríamos de ouvir e daí, mesmo amados, somos injustos e julgamos que não
souberam nos amar.
O medo de não ser amado tem feito
com que muitas pessoas lutem contra a vontade de amar. Todos sabemos que somos
felizes quando em estado de amor, todos sabemos a delícia de ser amado, a troca
de carinhos que faz querer bem, que faz gostar mais, os instantes em que se
quer estar “perto se longe e mais perto se perto”, mas quando sentimos, cada um
ao seu modo tende a revelar seu medo, e a principal forma de medo é aquela que
faz calar.
Eu te amo, mas não posso dizer.
É clássica nos filmes a cena em
que um diz para o outro “te amo” e esse outro, desconcertado, diz para o outro “obrigado”.
Esse é aquele instante em que espectadores de todo o mundo dizem, cada qual no
seu idioma: “putz!”. Imediatamente nos vemos na situação do que disse sem ouvir
e imaginamos o quão desagradável é se revelar sem que a recíproca seja a da
mesma verdade. E é por isso que calamos.
E o amor passa a ser um jogo em
que um fica esperando que o outro se mostre, para só então retirar seu próprio
véu.
“Eu te amo, mas só te digo depois
que você disser!”
“Eu preciso dizer que te amo, mas
só depois de você!”
Calam seu próprio amor por medo. Ou
vários medos dentro de um só. Medos, medos e mais medos que fazem com que o
amor seja uma dor que se acumule ou uma angústia que cresce, num
descontentamento que tinha tudo para ser contente. Mas o amor não pode ser
isso. Seja lá o que o for o amor, ele não passa de um sentimento. E sentimento
existe para ser sentido e experimentado.
Não há medo pior do que o medo de
amar. Amar é sentir e sentir é viver, logo amar é viver e quem teme amar, teme
viver e, se teme viver, já morreu antes mesmo de nascer.
Acredite, amar não é um jogo e
dizer que ama não é um desafio.
Se o teu sentimento é bonito,
sinta-o e viva-o por você, mais do que pelo outro.
Permita-se sorrir! Permita-se
viver! Permita-se amar! Ser amado é merecimento, não é obrigação para ninguém.
Não se engane e, se ama, revele o
amor que sente. Se sente, viva o amor que ama. Se não é amado, pior pra quem
não te quis no que de melhor você tinha pra dar. Certamente ele te merece muito
menos do que esse muito que você tinha para lhe amar.
Se como cantou Milton, “qualquer
maneira de amor vale a pena; qualquer maneira de amor vale amar”, liberte-se de
si mesmo e experimente a delícia de amar. Ser amado, é mera consequência: um
prêmio que se receberá.
4 comentários:
Meu sonhooo: Medo mode off e amor mode on! Agora conte-me onde fica o botão que liga isso??
Adorei o texto... pena que não vem com receita rs!
Aline
Nossa muito bom esse texto, tenho certeza quem tiver o privilégio de ler-lo se antes estava com medo de dizer que amo alguém, logo após esse texto terá coragem e na primeira oportunidade expressará esse sentimento oculto....
Quando amamos, devemos nos entregar sem esperar algo em troca.A partir do momento em que você se preocupa se terá retorno deste amor, acredito que, este amor deixa de ser genuíno e passa a ser uma ilusão.
Parabéns pela sensibilidade de seu texto, sou sua leitora assídua... :)
Amor não se quantifica, tampouco se qualifica. Ou se ama, ou não. Eu amo sempre! E mais! Muito bom!
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