sexta-feira, 29 de abril de 2016

Amor é coisa de gente desprendida

O amor é coisa de gente desprendida. E que não tem nada a ver com ser ou fazer feliz. Nem tem a ver com regra. Amor tem a ver com vida. E vida que se vive um dia de cada vez. Tem dia que vai ser tudo o que você sempre quis e tem dia que vai ser tudo o que você não quer. Tem dia que te diverte e tem dia que ele é chato. E o que tem isso? Nada.
O problema é que apesar de a gente achar normal quando é a gente que acha chato, a gente não gosta de pensar que assim como, de vez em quando, a gente pode achar chato estar com esse outro, esse outro também pode estar achando chato estar com a gente.
Mas não é assim que tem sido. Vivemos tempos de gente medrosa. Gente que foi programada para vidas de sucesso e, vidas de sucesso, não sofrem, dão certo. Todos querem se mostrar vencedores em seus projetos e o amor é só mais um entre tantos projetos em que se propagandeiam seu êxito, em que se valem dos olhos dos outros para se sentirem bem consigo mesmo. Sim. Porque vivemos tempos em que as pessoas só se enxergam pelos olhos (e curtidas) dos outros. Aprovação externa.
Ah, essa necessidade cada vez maior de viver de fora pra dentro. Da legitimação do sentimento que dê a coragem de saber que o sentimento não vai fazer sofrer e que se eu souber que sou amado mais do que amo terei a segurança de sorrir mais do que choro. Não é disso que parece que tem se tratado?
- Ai amiga, mas será que ele quer algo sério?
- Tá louco, cara? Ela vai achar que eu ‘to’ afim dela e vai se fazer de difícil.
Essa busca por um amor que é feito um jogo pelo contentamento de si através do comportamento do outro ao invés da busca de si por meio do sentimento que se tem pelo outro pode ser a raiz de muitos dos males. A obrigação de se sentir acolhido, de se saber amado, de dar a satisfação pro mundo que te veja recebendo a declaração na rede social, a foto postada, o presente ganhado, o “book de noivado”, a festa suntuosa, a viagem feliz. Ser vista pelos olhos do outro para que a inveja alheia te ateste que você é feliz.
Só que o amor não é sempre feliz. Os antigos, que não tinham redes sociais para lhes distraírem da vida real, já há muito faziam seus votos de “amar e respeitar” na alegria e na tristeza, mas para os de hoje parece que momentos de tristeza ofendem. Os momentos de individualidade são incompreendidos. Porque outros postam uma foto sorrindo enquanto dividem um bolinho de arroz ou declaram-se amor em mensagens abertas muito embora tenham acordado ao lado sem que tenham se desejado bom dia, já é motivo pro que assiste se sentir infeliz porque naquele dia não teve o que os outros propagandeiam o que estão tendo.
Não se mede o seu relacionamento pelo que os outros mostram do relacionamento deles. E nem se deveria medir relacionamentos por quem o outro não é nem se comprometeu a ser. A medida da sua vida pode ser teu sonho. O que te sonha, se te sonha de verdade, tem que ser a tua busca. E isso se aplica no amor. Por que não?

Um comentário:

Unknown disse...

Na verdade, quanto menos você falar da tua felicidade, do teu amor, terá mais chance de dar certo e ser feliz.