Carpe diem, quam minimum credula postero! Eu não sei o que se
passava na vida de Horácio quando ele lançou esse “aproveite o dia e confie o
mínimo no amanhã”, mas um pouco de imaginação e a gente traz essa máxima pra
nossa própria vida.
O carpe diem já é lugar dos mais comuns. Filosofia presente na boca
de muita gente. O mesmo tanto de gente que teme o futuro e perde o presente.
Carpe diem porque ser feliz, amar e querer viver é tudo questão de agora. Essa página não tem a pretensão de ser professoral. Pelo contrário. Mas eu vou me permitir falar daquele que acho o filósofo mais legal: Baruch Spinoza. E, sobre ele, apenas uma simples ideia: a felicidade vem do que te afeta no instante em que acontece e te faz se sentir mais cheio de vida. Ser feliz é sentir a vida ganhando vontade de viver na hora em que acontece o que te faz querer viver e continuar vivendo. Felicidade é presente. Não está no passado e nem no amanhã, mas no agora.
Mais um filósofo pra somarmos a Spinoza
e encerrarmos por aqui? Agostinho de Hipona. Nele, todo o tempo é presente. A
lembrança é quando eu trago pro agora – portanto, para o presente – a memória
que eu quero; ao mesmo tempo, o futuro é quando eu vivo, no presente, a
expectativa do que não é (que pode ser esperança ou desesperança). Mas enquanto a esperança enche de vida e faz querer viver, a desesperança logo entristece e faz desistir.
Toda felicidade, toda paixão,
toda gratidão se deve ao momento. Geralmente é comum nos assustarmos com a
paixão (nossa e por nós) porque tendemos a não entender de onde saiu, se é de
verdade ou mero exagero, mas a verdade é que quando alguém diz que ama ou que
sente a paixão ou o que seja que sente, não precisa ser (e de ordinário não é)
uma proposta de futuro ou mesmo esse algum exagero. Ama porque o encontro é
favorável, porque aquele dia juntos é bom, aquele toque com que se tocam é
bom, a risada é boa ou aquela companhia pra uma simples caminhada. É porque
quando se encontram se afetam um ao outro e se afetam positivamente. Se querem
bem e fazem bem. Se fazem felizes, cheios, plenos e não querem que acabe. Amam a
vida que se lhes soma naquele momento e amam o momento. E daí também amam quem lhes
proporciona a experiência de viverem aquele momento ainda mais vivos de
contentamento.
Eu tinha dito que chegava de
filósofos, mas cabe mais um: Nietzsche vai nos ensinar o eterno retorno. Aquele
instante que fez feliz e que de lembrar faz sorrir e faz gostar é aquele
instante que a gente não quer que acabe, mas que, quando acaba, a gente se pega
pronto pra voltar. E mesmo isso não é apostar no passado. Não se trata do passado. Mas do agora enquanto o único tempo que se tem. No fim, é dizer dane-se aos
medos do futuro porque entendeu que tudo o que a vida deu é presente.
“Ou, então, como terias de ficar
de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última,
eterna confirmação e chancela?"[1]
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