segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mais uma do Lula... AFF!


Aos que não concordarão com o texto faço questão de frisar que naquilo que tange à política interna do presidente Lula, tenho em mim certa indulgência a medida que o pobre come e a inflação não sobe. É a política internacional que acho uma catástrofe, desde a insistência com a cadeira no Conselho de Segurança, até o acordo com o Irã, mas vamos lá.
Há sempre um sentimento de grande contentamento quando o Brasil ganha algum destaque que seja no cenário internacional.
Talvez, mais do que qualquer coisa, seja esse um dos motivos pelo qual o país é tão entusiasmado pela Copa do Mundo. É o momento – de novo, talvez o único – em que o Brasil se mostra como grande potência mundial.
Provavelmente dito sentimento seja fruto do tal complexo de vira-lata sagazmente observado por Nelson Rodrigues. Fato é que todos sentimos uma ponta de orgulho quando um nacional se destaca e ergue o nome do Brasil.
Aparentemente, a julgar pelas primeiras manifestações, dito sentimento parece querer surgir com a assinatura do dito acordo nuclear entre Brasil, Irã e Turquia, no qual Irã se compromete a enviar 1.200 quilos de seu urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 120 quilos de urânio enriquecido a 20% na Rússia ou França.
Mas qual a real relevância da medida? Arrisco a resposta: nenhuma.
Sejamos francos: essa medida é como o ato do devedor inadimplente que substitui o título vencido por um novo título sob nova promessa de pagamento futuro que não tem a intenção de adimplir. Ou dá para confiar em um país como o Irã, governado por um facínora que se manteve no poder por meio de fraude às eleições nacionais? Um país que tem como marca de seu governo o fundamentalismo religioso que há anos jura vingança contra o mundo ocidental?
O governo Lula conseguiu no máximo algumas manchetes, mas a própria repercussão internacional demonstra que não foram as mais positivas. Não há liderança que aplauda a iniciativa do Brasil, antes, há os EUA chamando-nos de ingênuos, alemães e israelenses dizendo que o acordo é irrelevante e uma União Européia que insiste na assinatura de um ato unilateral do Irã de comprometimento com a Agência Internacional de Energia Atômica, o que, até agora, não fez.
Para mim fica claro que o presidente Ahmadinejad criou toda essa fantasia para provocar os Estados Unidos e a Europa, fazendo do Brasil o seu “pato” para um belo “Golpe de Mestre”.
No fim das contas, essa medida terá efeito igual ao aperto de mãos que Bill Clinton patrocinou entre Rabin e Yasser Arafat: efeito nenhum.
Mais uma vez o Brasil anda na contramão. Enquanto EUA, União Européia e Japão defendem uma realidade, vem o presidente Lula, aquele mesmo amigo do “El loco” Chaves e defende o outro lado.
Desculpem-me os que pensam o contrário, mas para mim essa é mais uma bela bola fora de um governo trágico em matéria de política internacional.

8 comentários:

Fabrício Andrade disse...

Seus argumentos são bons, muito ponderáveis. De fato, assim como você - certamente subsidiado com as notícias todas de hoje - há muitos que desconfiam do acordo. Agora, não concordo que é catastrófica a política internacional brasileira. Então se trata de uma conspiração internacional para ridicularizar o presidente Lula? Os prêmios recebidos os reconhecimentos são simplesmente para 'zoar' o Brasil? E outra: ele recebeu pedidos para ir ao Irã e disse que iria lá para tentar alguma coisa. Disse que preferiria errar fazendo, mas não por omissão.

William R Grilli Gama disse...

É sempre um prazer ter teus comentários aqui, Fabrício.

Eu não diria que os prêmios são para "zoar" o Brasil. Eu diria que eles não são para o Brasil. Os prêmios são para o Luiz Inácio, esse retirante nordestino que foi com a família para São Paulo em cima de um caminhão, buscando melhores condições e que, pela luta sindical se fez conhecido nacionalmente ao ponto de, depois de 03 derrotas, ser presidente reeleito de um país de dimensões continentais. O presidente Lula é uma figura pitoresca, diferente de todos os outros governantes, com seu jeito caloroso de conversar, tão típico dos povos ibéricos.
A força da sua imagem é forte, mas isso não tem nada a ver com a imagem do Brasil e, insisto, não há grandes feitos do governo Lula no plano Internacional.
Chamar o Brasil para o debate foi só uma forma do Irã espezinhar os EUA.

Mas é sempre bom receber tuas ponderações por aqui...

PS.: meus posicionamentos quanto ao papel internacional do Brasil vão de antes desses fatos de hoje. Os de hoje, inevitavelmente vem viciados de considerações lidas do que se escreveu

Anônimo disse...

Merecia um destaque em uma coluna social, quem sabe assim os cidadãos levasse mais a sério o voto, mais duvido muito que A VEJA, por exemplo publicaria um artigo assim...o que é uma pena, tanto talento oculto !

Beijos :*

Aluna e admiradora !!

Bernardo Penna disse...

Prezado William,
volto ao blog pra discordar, naturalmente. Não acho excelente, mas também não acho desastrosa a política externa do Brasil. Mas gostaria só de dizer que o Lula hoje é tudo aquilo que o Fernando Henrique gostaria de ter sido no cenário internacional. Esse é o maior ressentimento dele. Não foi nem nunca será. O Lula é uma figura mundial, reconhecida e respeitada. O acordo realmente não foi o que esparávamos, mas só de conseguir conversar e arrancar alguma coisa de um sujeito daqueles já é uma vitória.
Ah, avisa pra sua aluna e admiradora, infelizmente anônima, que a Veja publica fácil, fácil um artigo como esse.
Abraço.

William R Grilli Gama disse...

Bernardo, eu não tenho dúvidas de que o Fernando Henrique deve pedir pra morrer quando vê que o Lula se tornou aquilo que ele queria ter sido e se julgava ser. O meu ponto de vista é só o de que qualquer boa imagem é pessoal do presidente e não do Brasil. E pela história de vida do Presidente e não pelas conquistas do Brasil.
Ninguém me tira da cabeça que o cara só quis conversar pra espezinhar os EUA...

A Veja.. ah a veja!

Anônimo disse...

Hummm !!!
Que preconceito é esse meu amigo!!!
Vc professor de direito e migrante paulista!!!
Seu texto é sinônimo de inferioridade!!! |Isso de seres inferiores, que se incomodam com o sucesso alheio!!!
Que feio.....

William R Grilli Gama disse...

Em regra eu acho comentário anônimo de uma covardia que beira o ridículo, mas como esse comentário anônimo foi mais ridículo que o próprio anonimato, manterei ele aí.
Eu simplesmente não entendi o que tem a ver o fato de ser professor de Direito e ter ou não nascido em São Paulo, mas passado a adolescência e vida adulta em Rondônia.
O sucesso de quem incomoda? Onde há inferioridade? A isso só há a se dizer: aff!

Unknown disse...

Olá William, bom texto!
O importante é fomentar a discussão, no entanto, ouso a discodar. A posição Politica Internacional Brasileira, é fraca desde a criação da ONU, haja vista, que o maior articulador de sua criação fora um diplomata brasileiro. E o Brasil, como ficou nessa? Sem assento permanente. Outrossim, penso que realmente não podemos ser cachorro banguelo, devemos sim ter uma mordina mais forte, tal como a recente condenação Americana na OMC, sendo o Brasil beneficiário da medida. Ademais, outro fator marcante da politica internacional brasileira fora a conciliação que foi do nada para nada, e ainda no recente governo dos intelectos do tucanado liderado pelo SR. FHC, não avançamos nada na politica internacional. Assim, a passos lentos e com objetivos ao qual ainda não sabemos ao certo (intenção do Brasil em deter a tecnologia nuclear), creio que atual Governo e Estado Brasileiro estão no rumo certo.
Abração Fábio Ricardo