domingo, 3 de abril de 2011

Textos que não escrevi - Parte IV

O texto que segue não é meu. Seu autor, Vanderlei Kloss, é um grande amigo dos tempos de faculdade e de depois, hoje professor universitário. Pediu-me o favor de postá-lo aqui, mas é ele quem me honra com a deferência. Segue-o:


AMOR: RAZÃO OU LOUCURA?

Vanderlei Kloos Às 3 horas do dia 08/03/2011.

Vejam como o Dicionário MICHAELIS define razão e loucura:

- RAZÃO – é o conjunto de faculdades anímicas que distinguem o homem dos outros animais.

- LOUCURA – é o estado de quem é louco. LOUCO – é aquele que perdeu a razão. Indivíduo extravagante, apaixonado.

Percebe-se de plano que, razão e loucura são antônimos. Sem nenhum devaneio, citando o senso comum dizendo que “no amor existem razões que a própria razão desconhece”, porém, fica muito piegas, não é esse o objetivo; pensemos de maneira mais científica. O brilhante filósofo alemão Friedrich Nietzsche, disse: “AQUILO QUE SE FAZ POR AMOR ESTÁ SEMPRE ALÉM DO BEM E DO MAL.”, para ele, no amor vale “tudo”, compensa correr qualquer risco, até porque, no amor não existe garantia. Ciências Humanas é um ramo da ciência que envolve um componente imprevisível, o próprio SER HUMANO!

O homem é um dos poucos animais que consegue disfarçar suas emoções; que destrói por destruir; e dos poucos animais que faz sexo por prazer e não apenas para procriar. Portanto, não existe uma lógica quando está presente esse componente, o SER HUMANO!

Raul Seixas escreveu: “(...) ninguém nessa vida é feliz tendo amado uma vez (...)”; escreveu ainda: “(...) eu do meu lado aprendendo a ser louco, um maluco total, na loucura real (...)”, o que o poeta exprimiu nestas palavras? É difícil ser louco, especialmente, se a loucura for real, por ser de caráter subjetivo (loucura aqui, não se refere à esquizofrenia, tal é doença – CID F20.0).

O advogado, professor, músico, poeta e trovador William Grilli, pessoa que jamais esquecerei (vi sua transição: adolescente-adulto – vou parar aqui, pois, minha avaliação não é confiável, mais do que amigo, sou um fã), em uma de suas músicas, de maneira um pouco diferente do Raul, canta quase a mesma coisa, vejam: “Há quem me chame de louco, eles são bem mais que eu, fazem isso por achar que minha vida se perdeu; mas eu só quero é amar, amar do jeito que aprendi e se é isso que me faz louco, quero endoidar mais um pouco (...)”, registre-se: NÃO PARTICIPEI NO APRENDIZADO DA LOUCURA DO CIDADÃO EM COMENTO, por mais que digam o contrário.

Fala-se que “o amor e o ódio são as duas faces da mesma moeda”, melhoraria esta frase dizendo que, no amor, a RAZÃO e a LOUCURA são as duas faces da mesma moeda. Parafraseando Nietzsche, diria: “há sempre alguma loucura no amor; mas há sempre um pouco de razão na loucura”, como definir se o amor é razão ou loucura? IMPOSSÍVEL! Na música “A MIRAGEM” o intérprete canta: “(...) Somente por amor; a gente põe a mão no fogo da paixão e deixa se queimar (...)”; parece coisa de novela das oito. A pergunta que não quer calar: O AMOR EXISTE? Existindo, o amor é: RAZÃO ou LOUCURA?

Conta-se que um casal enamorado, após juras de amor eterno e sem entender o porquê de tanto amor, daqueles dignos de filme Hollywoodiano, surge de inopino Andre Sardet cantando FOI FEITIÇO, dissipando as dúvidas: “(...) Eu não sei o que me aconteceu, foi feitiço, o que é que me deu? Pra gostar tanto assim de alguém (...)”, há aqueles que não creem em feitiço, mas era a explicação do casal: “FEITIÇO”. Como se não bastasse, surge Fábio Jr com ALMA GÊMEA, e diz: “(...) VOCÊ SABE COMO ME FAZER FELIZ!”, parafraseando Os Melhores do Mundo: “a vida é uma caixinha de surpresas”, ia tudo bem, mas um dia (porque sempre existe porra de um “MAS”?), na mistura da “maluquez” com a “lucidez”, o casal deixa de ser “maluco beleza”. Lembram-se do que foi lhes ensinado a vida toda: “esmola grande o santo desconfia”, eles DESCONFIARAM (como é difícil romper com certos paradigmas). Resumindo: eles se machucaram, distanciando-se ao ponto de se perderam no pior labirinto que existe, o labirinto do seu próprio ser. Pode ser que eles ainda se amem de verdade, mas, tudo indica, que não ENCONTRARÃO O CAMINHO DA VOLTA, como na fábula de João e Maria, as migalhas de pão que indicava o caminho da volta, fora comido pelas aves oportunistas que sempre aparecem nessas horas (e aparecem mesmo, alguém duvida?).

Façamos uma reflexão no que disse o poeta romano Horácio: “carpe diem quam minimum credula postero”, ou seja, “Colhe o dia, confie o mínimo no amanhã”; nesse mesmo diapasão, existe um verso com autoria atribuída a um poeta chinês da dinastia Tang: “colha a flor quando florescer; não espere até não haver mais flores, só galhos a serem quebrados”. Fazendo uma análise teleológica assevaremos: APROVEITE TODAS AS OPORTUNIDADES NA HORA QUE A VIDA OFERECER, NÃO ESPERE E CONFIE ACHANDO QUE NO FUTURO TEM MAIS. Quando a “burrinha da felicidade” bater a sua porta, ABRA SEM MEDO DE SER FELIZ! Não cante como o Zé Geraldo: “(...) meu cavalo passou ensilhado e eu não montei (...)”. Arrependimento só chega depois do “derramamos o leite” ou do “espelho quebrado”, quando a grande oportunidade de ser feliz passou. Chorar depois? Ajuda, pois, alivia a dor, mas não resolve o problema.

Se o amor é RAZÃO ou LOUCURA, não sei, mas NÃO TEM A MENOR IMPORTÂNCIA!

O IMPORTANTE É “AMAR COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ!”

3 comentários:

Vanderlei Kloos disse...

Meu Amigo,
sinto-me honrado por ver em seu Blog uma "crônica" que escrevi. Estou apenas "engatinhando" na arte de escrever coisas que não estejam ligadas ao mundo acadêmico, porém, gostei muito dessa nova experiência.
Obrigado,
Vanderlei

Fabiola disse...

Padrões ou apenas formas de enxergar sentimentos e emoções ?
Fiquei encantada com o texto ! Uma boa semana.

Poliana Matos disse...

O amor atinge a tudo e a todos!
Não deveria mais me surpreendo em ver homes tão absorvidos pelo cotidiano, analisar,se indagar sobre o que é o Amor. E mais, se incomodar tanto ao ponto de levantar pra escrever um texto sobre o assunto. Mais como falei, não deveria me surpreender, afinal a humanidade tem feito isto a milhares e milhares de anos! E somos todos humanos, apaixonados pelo Amor!
Brilhante texto Vanderlei Kloos.