terça-feira, 30 de julho de 2013

No Alto da Torre te vejo. Cá do chão te busco

Postas distante do chão
Só o que te há é a janela que te mostra o mundo.
Fostes deste mundo sem que sejas
Mas agora, no mais alto,
Tu, perto do céu, és a bela que – no incerto – espera

Ninguém...
Aí do alto onde te vejo
Aqui debaixo de onde te busco
És quimera em muitos instantes reais.

Real.
Enclausuras a ti mesma
Esconde-se do mundo
Ouves o grito – alguém te chama!
Mas responder tu não respondes.
Como saberias se a voz que chama diz a verdade
Ou é a mesma voz que engana?

Leviandade.
Cansaste das mentiras que se vestem de verdade
E és cada vez mais, menos do que te sonhara.
Já não quer sonhar.
Mas haveria o que houvera se não fosse para ser?

Do inverno à primavera.
As flores que vês, vês da janela
Teus pés estão longe do chão, mas não porque voas.
Voar é como sonho e sonho tu já não sonhas.
Gostar tu não gostas,
(Mas logo tu que tanto gostas de gostar?)
Estás no alto!
Mais perto de ti são as nuvens que te vem à janela
Do que a grama que não tem conhecido o toque dos teus pés.

Calada...
Guardas teus sentimentos enquanto deseja que não houvessem
Silencia tua dor, mas não nega a falta do teu sorriso mais sincero
Da tua alegria incontida
Do teu querer inconsequente
Do teu sorrir... inconscientemente consciente.

Torre alta, murada.
Tua morada que te faz perto do céu.
És muralha cercada de ti para te cercares dos outros.
Distante.
Não foste posta, te postaste.
Não há escada que leve a ti.
A subida é o teu desejo
É o teu querer
O caminho é teu
Depende de ti.

No chão tocam os pés de quem te pede
De quem em vigília te vigia e te deseja
Te espera porque te sabe esperar.
Te espera desde de antes que te soubesse
E te sabe sem te saber...
Te esperava sem saber que te esperava
E te quer mesmo sem entender porque te quer...
As tranças...

Desce!
Ou deixa subir.
Te faça alcançar por quem te tem desejo.
Não há luz, não há vida, não há nada na torre que te guarda
Foi feita pra ti, mas não é teu lugar.
Foi feita pra ti, mas não tens que ficar.
Já saíste e se voltaste já não é mais hora.
Saia. Venha. Veja.

Eu
Eu que te vejo onde olho e quero te olhar onde te vejo.
Eu que mesmo no dia de chuva vejo o brilho do sol
Eu que ainda que seja a noite só sombra, acharei nos teus olhos mais brilho que a lua.
Eu que quero te tirar daí, mas que pra isso preciso subir pro alto que não tem escada,
Mas que subo.
Tenho que cruzar o caminho que não tem estrada.
Mas eu cruzo
Tenho que ouvir o barulho de quem não diz nada.
Mas eu ouço.

E tu, ouça-me também!
Ouça-me e deixa-me te ir se não te podes vir
Ouça-me e deixa-me te chegar pelo caminho que sei
Deixa-me te pegar a mão
Deixa-me te carinhar os cabelos
Deixa-me te fazer minha (faça-me teu)
Seja meu começo todo dia,
Seja meu recomeço a cada noite,
Seja minha

Saia. Venha. Veja. Nós.

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