quarta-feira, 9 de abril de 2014

A dor de mudar ser preciso

Toda mudança é um rompimento. Rompe-se com o que se era, com o que se cria, com o que se pensava. Rompe-se. Rompimentos não são indolores. Não. Rompimentos são sempre abruptos, duros, mas também necessários.
Essa necessidade de mudança não costuma surgir de uma hora pra outra. Pelo contrário. A mudança tende a ser sempre postergada até o momento em que ela se faça inevitável. Por se saber abrupta, sabe-se que ela tem toda a condição de causar dor e, geralmente, se a dor puder ficar pra depois, ela ficará. A mudança, então, também.
Só que viver é estar em constante transformação. Eu não posso ter por objetivo chegar ao amanhã sendo o mesmo que hoje. Não posso ser daqueles que não são afetados pelo mundo a minha volta e que, não importa quanto viva, não importa quantos encontre e nem quanto experimente, continuarei sendo o mesmo que sempre fui.  Preciso estar sempre aberto a que me venha o novo e, a partir desse novo, preciso repensar cada passo da minha caminhada a fim de ajustar os passos que virão, corra eu o risco que correr.
Sim, porque a autoanálise é sempre perigosa. É fácil medirmos a vida alheia. É fácil querermos apontar os erros e os acertos das outras pessoas; mas nos defrontarmos com nós mesmos, nossas escolhas e nossas consequências, pode ser uma das experiências mais doloridas a que nós mesmos nos sujeitamos.
Ninguém gosta de estar errado e, muitas vezes, analisar-nos implicará em por vezes acharmos que hoje estamos mais errados que antes e por vezes descobrimos que antes estivemos mais errados que hoje. E é difícil saber qual desses erros é o mais desesperador. O tempo que se perdeu ou o tempo que se perderá...
Contudo, a vida que anda pra frente não pode ser refém das escolhas passadas. O que não deu certo, o que não faz bem, o que entristece pode – e tem – que ser deixado de lado. E isso é crescimento.
Crescer não é só o processo que se inicia na infância e percorre ao longo de toda adolescência e início da vida adulta. Se tornar grande não é um processo apenas físico mas, principalmente, mental e espiritual lato sensu. É continuar absorvendo o mundo, refletindo o mundo e construindo a mim como alguém que se sabe capaz de ser melhor para o mundo, aqui entendido desde o planeta Terra até a minha vizinhança ou a comunidade (socio-familar-religiosa) que me tiver por mais tempo.
Mas crescer dói. É o osso que enquanto cresce, estica a pele e rompe músculo que precisa se regenerar, cicatrizar e continuar irresoluto até o seu destino e, mesmo ali, continuar firme para cumprir sua função, mesmo precisando se curvar. Crescer é a coragem de se lançar no precipício da dúvida sabendo que muitas vezes, o percurso vale mais que a chegada.
O que nós precisamos mesmo é cumprir com a nossa função de continuarmos mudando. Precisamos parar de ter medo dessa mudança, mesmo que ela cause dor. Não posso achar que o mundo muda o tempo todo e só eu é que tenho que continuar o mesmo seja pelo motivo que for. Viver é natural. Mudar é viver. Viver é mudar.... sempre! Mudemos, pois...

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