terça-feira, 23 de maio de 2017

Viver o que é pra ser vivido

Já reparou como a gente dificulta a própria vida? É tanto medo que aprisiona a gente que a gente acaba deixando de fazer tanta coisa que tem vontade e de viver tanta vida que poderia e, daí, passa anos sem entender por que sorri menos do que gostaria ou por que parece não entender o sentido de tantas cores numa vida que se mostra sempre cinza.
A gente acaba tendo medo de ficar triste. Depois, quando menos espera, se pega com medo de ficar alegre (porque vai que daqui a pouco se acostuma com a alegria e precisa conviver com a tristeza) e o resultado disso é um mau costume de se esconder dos sentimentos. E se esconder do que a gente sente é se esconder da gente.
A vida está aí. Está posta. Está dada. Mas a vida é pra quem tem coragem de se permitir viver. Claro que dá pra passar por ela sem essa coragem. É quando você não vai fazer o que quer e vai ignorar os teus desejos. Nesse caso, não se dirá que você viveu a vida. Dir-se-á que, no máximo, você foi vivido por ela. Porque não fez acontecer, mas foi fazendo conforme ia acontecendo. E isso é péssimo.
Não devemos nos esconder do que a vida tem pra oferecer. Não! Viver poder ser divertido, apesar das dores, dos desencontros, dos dias em que nada dá certo, em que aquela pessoa não te liga ou não te atende, que aquela proposta não se realiza ou que aquela ideia que parecia brilhante se mostra terrível. Sempre vem o outro dia, o novo encontro com a mesma ou com uma nova pessoa, a nova ideia, a melhor proposta e daí você nem lembra que um dia ficou triste porque o dia não aconteceu.
A vida é pra viver o que na vida se tem pra viver (dessa vida). A vida é pra quem está querendo a vida. É pra quem não tem problema em se jogar no desconhecido e pra quem não precisa saber se no final vai ter onde encostar. É pra quem curte o caminho e não se ocupa só da chegada. É pra quem entende que todo dia presente não é presente por acaso. A vida não é repetição, mas a novidade pra quem tem a sensibilidade de entender que daqui a pouco tudo muda e, portanto, o efêmero é o que dá gosto e só o que é eterno é que é ilusão. 

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