domingo, 8 de novembro de 2009

Um Absurdo Chamado UNIBAN

UM ABSURDO CHAMADO UNIBAN


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Essa manhã acordei (ainda bem porque não tenho a menor pressa de que haja uma manhã em que eu não tenha mais chance de acordar) e, bastou o primeiro acesso à internet para me sentir completamente estarrecido. A Universidade Bandeirante (UNIBAN) anunciou a expulsão da aluna Geysi Arruda do seu quadro de acadêmicos e, para tanto, lançou na web um artigo intitulado "A educação se faz com atitude e não com complacência".
Em um primeiro momento, parece-me que não restou certo a quem quer que seja da sociedade em geral o que de fato aconteceu naquela fatídica noite no campus da faculdade em São Bernardo do Campo (por um acaso, cidade natal deste que vos escreve).
Mas me parece – e aqui sim me sinto certo – que a decisão da Instituição de Ensino (?!) se é que se pode chamar de atitude, foi das mais descabidas e desproporcionais.
Há que se considerar que se o nome da Instituição foi levado à qualquer grau de escândalo na mídia sensacionalista e de informação na mídia ética, foi culpa dos destemperados que se julgaram no “direito” de investir contra a estudante como animais selvagens em jejum que se deparam com um pedaço de carne fresca.
Se é que certos ambientes exigem certos recatos (e de fato há ambientes assim), nada justifica que em pleno século XXI aceitem-se medidas discriminadoras e que atribuem a culpa a uma única pessoa que, ao que me parece, foi mais vítima que agente. Guardadas as proporções, seria absolver o estuprador que alegue ter estuprado uma mulher porque a mesma usava roupas curtas que lhe atiçaram a libido, e condenar a estuprada a 10 anos de reclusão porque não se vestiu com recato suficiente. É um absurdo! É uma vergonha!
O que a Universidade fez foi atribuir à aluna toda a pecha de culpada e isso, repetindo um pensamento que já se pensava extinto dos melhores meios, no qual a mulher é a primeira a levar a culpa. E isso, feito em um ambiente onde os fatos sociais, onde as causas e seus efeitos deveriam ser absorvidos para que fossem discutidos, incentivando o senso crítico dos acadêmicos e não se fazendo intolerante a uma prática que, convenhamos, é mais do que comum.
O MEC e, aqui sim, as instituições de defesa dos direitos humanos devem agir com eficiência e até as últimas instâncias para defender os interesses dessa moça contra o que pode se tornar o início de uma campanha retrógrada de ataques às liberdades individuais, diante de pretextos de puritanismo e moralidade odiosos que em nada combinam com o Brasil.
E mais, se as faculdades fossem censurar com expulsão aquelas alunas que, seguras de seus atributos físicos não se constrangem em serem vistas, certamente teriam que fechar suas portas, seja porque destacar certos atributos não pode ser tido por amoral em uma sociedade em que o culto à beleza é cada vez mais freqüente (muitas seriam expulsas do ambiente acadêmico), seja porque os acadêmicos se fariam muito mais tristes em um ambiente dominado pelo rigor que lhes tira a beleza do meio. E, como diria Vinícius...
- “Que me desculpem as muito* feias, mas beleza é fundamental!” – e isso até mesmo no ambiente acadêmico.

*acrescentado às 21h29min de 12/11/2009, após precisa ponderação do Professor Bernardo Schmidt Penna

Legenda das fotos
1 - Churchil's lady (dama da igreja) - personagem de Dana Carvey em Saturday Night Live (80/90), achava que toda imoralidade é culpa do "Satã";
2 - Perpétua do Socorro - personagem da Novela Tieta, sempre questionando a "imoralidade da sua mãe";
3 - Dona Mariana - personagem da novela Paraíso, beata de igreja e, como toda beata, chata, muito chata;
4 - O grande Vinícius de Moraes, o maior de todos, aplaudindo a beleza e rindo das carolas...

2 comentários:

Bernardo Schmidt Penna disse...

Meu amigo William, é com prazer que eu estreio como "comentarista" neste seu tão interessante e inspirado blog. Gostaria de dizer que concordo com tudo que você escreveu sobre o episódio na UNITALIBAN e que, felizmente, no final a situação se reverteu, pelo menos no que se refere à expulsão da aluna. Concordo plenamente com a elevação que você fez do inigualável Vinícius. Porém faço uma ressalva: ele não foi tão cruel com as feias. No poema receita de mulher ele disse: "as muito feias que me desculpem, mas beleza é fundamental." Algumas se safaram. Abraço de mais um frequentador.

William R Grilli Gama disse...

kkkkkkkkk Realmente, você está certo, retificação anotada! Pior que ser feia, só ser "muito feia".

Honra "inenarrável" tua presença entre meus comentadores.

São diferentes as belezas que se vêem pelo mundo, mas só haverá alegria quando houver beleza.

E o ambiente acadêmico, que por anos se quis sisudo, não sobreviverá se não estiver imerso no que há de belo, deixando pra lá o rigor desnecessário que busca esconder o que faz saltar os olhos...