sábado, 13 de fevereiro de 2010

Saudade dos Musicais

Senti a vontade de escrever esse texto às 16h37min do dia 13/02/2010, enquanto assistia um DVD que retirei do “fundo do baú” da minha coleção. O DVD em questão é “Gene Kelly – An American in Pasadena”, um show em que o brilhante e inigualável, ator, diretor, bailarino, cantor e coreógrafo Gene Kelly reunia-se a inúmeros e não menos talentosos parceiros para um show para a TV americana, são artistas do calibre de Frank Sinatra, Lucille Ball, Liza Minelli, Cyd Charisse, Cindy Williams, Janet Leigh etc.
Ao longo do show ele ia comentando e cantando canções de seus filmes de maior sucesso e um projetor lançava sobre uma tela como as de cinema as imagens desses filmes e especiais para televisão.
Para aqueles que ainda não ligaram o nome a pessoa, o “Senhor Multi-talento” em questão é o ator/cantor de “Cantando na chuva”.
Mas não o texto não se presta a falar sobre Gene Kelly por mais que o autor do texto veja nele, junto a Fred Astaire os melhores dançarinos do mundo. O que eu quero é dizer sobre o quanto gosto de assistir a musicais e como lamento que não seja um gênero de investimento dos estúdios atualmente. Mesmo diante de sucessos de público, crítica e bilheteria como foi o caso de filmes como Moulin Rouge e Chicago, além de Dreamgirls ou até mesmo Duets. Isso para não se falar na aguardada estréia de Nine, tão bem recepcionada pela crítica, com direito a mais uma indicação ao OSCAR® para Penélope Cruz.
Não há dúvida que a Trilha Sonora ainda tem grande importância no cinema. Quem pode imaginar Indiana Jones sem a excelente música de John Williams ou ouvir Everything I Do (I do ir for you) e Have You Really Love Woman – as duas de Bryan Adams – sem pensar lembrar na hora de Robin Hood e Don Juan de Marco? Isso para não dizer de trilhas como CINEMA PARADISO, LOVE STORY e O PODEROSO CHEFÃO.
Entretanto, relega-se à música, no cinema atual, o papel coadjuvante semelhante ao do cenário que, simplesmente, compõe uma cena de amor ou um momento de suspense. Não se tem mais essa música no primeiro e principal plano do cinema. E isso é triste...
O filme musical dá uma leveza à vida das personagens e dos espectadores. É sempre encantador se imaginar sendo o sedutor que toma a mocinha nos braços em uma dança sensual e romântica, ingênua, mas cheia de significados. Ou cantando o amor correspondido ou a alegria recém-sentida... mesmo sabendo que na vida ninguém sai cantando e saltitando no meio da rua.
É como imaginar Fred Astaire tomando Cid Charisse nos braços em plena noite de primavera nos jardins do Central Park levando-a numa dança leve, mas ao mesmo tempo intensa, em um jogo de sedução a todo tempo implícito, mas exposto aos olhares mais sensíveis.
Ou até mesmo as danças mais ousadas e até engraçadas do mesmo Fred Astaire com sua pareceira-mor, Giger Rogers, duas presenças tão grandes em uma tela que parecia diminuir de tamanho diante do talento da dupla.
E os exemplos são vários... desde O Mágico de OZ e A um passo da Eternidade, passando por New York, New York e West Side Story, até que se chegue a Grease e High School Music.
Pode ser que os tempos modernos não tolerem mais a ingenuidade dos musicais, tidos como ultrapassados para os amantes dos vampiros, mutantes, lobisomens ou agentes secretos e bruxinhos adolescentes. Trouxeram a realidade para o cinema e a história criada, produzida e filmada perdeu o seu aspecto lúdico. Uma pena...
Por sorte, os anos 50 e 60 existiram, partiram, mas se souberam preservar. Fico com eles, mas ainda assim lamento: - Ah que saudade dos musicais...

2 comentários:

Teoliterias disse...

Concordo contigo;
Os musicais, e principalmente os grandes musicais, são categorias artísticas pouco frenquentes em nosso cast de DVD´s; isto porque nossa cultura não está/esteve habituada a esta modalidade, como o fora nos Estados Enidos e Europa de um modo geral. A tendência a espetáculos também é tipicamente latina, povo que valoriza a performance cultural, o canto e a dança; mas o Brasil, filho da rusticidade, não teve este desenvolver cultural. É uma pena. Parabéns pelo tema, belíssima sacada.

William R Grilli Gama disse...

Rômulo, teus comentários sempre pertinentes...

Eu fico sempre me perguntando onde está a cultura desenvolvida no Brasil. Esse país de proporções continentais. Com Regiões que poderiam ser diferentes países, diferentes "brasils".
Mas se a gente lembrar as chanchadas dos anos 50, teremos exemplos de filmes que traziam música, traziam dança... uma atmosfera bastante diferente de tudo. Hoje buscam o submundo. O motivo para a nudez. Quer se fazer cinema pra se diferenciar das novelas e, me parece, ainda nao tiveram muito êxito - prova disso são o pouco apelo internacional do nosso cinema se comparado o número de produções em relação ao que ganha destaque la fora...

Meu patriotismo não é pequeno, mas as vezes penso que o Brasil é uma pena.... rs