sábado, 13 de fevereiro de 2010

Querer


Tenho pensado sobre o “querer”.
A idéia de querer alguma coisa ou o sentimento de se querer alguém.
Há quem diga que o interesse (querer) vem da utilidade que o objeto do meu desejo tem para mim. Só o quererei porque antes imaginei que me seria útil.
Se eu pensar em uma peça de roupa ou calçado, um livro ou até mesmo um carro, essa idéia é bastante aceitável e, assim afirmo, porque imagino que seja a regra.
Mas e quando um alguém deseja (quer, tem interesse) em outro alguém? A regra será a mesma? Quero ou quer-se alguém pela utilidade que esse alguém terá?
A resposta é perigosa. Poderá ter uma inclinação para além do romantismo ou até para aquém ou longe da pior forma.
Mas vamos pensar: por que um homem quer uma mulher (ainda que alguns possam dizer que a pergunta mais fácil seria “para que” e aí acaba-se com o romantismo antes que ele exista).
Eu não consigo deixar de pensar que é por causa da utilidade dessa mulher na vida do homem. Mas mulheres, não se sintam menos por causa disso. Mesmo porque, tenho certeza, a recíproca é verdadeira.
Os que procuram aventuras enxergam na mulher a utilidade de lhe servir para a satisfação de sua lascívia.
Os que procuram companhia enxergam na mulher a utilidade de colocar fim a sua solidão.
Os que querem uma família enxergam na mulher a utilidade de lhes ser o Côncavo do seu convexo quando da arte de se gerar os filhos.
E a mulher também.
Se quiser prazer procurará o homem que lhe atenda os seus desejos mais fantasiosos.
Se quiser segurança procurará aquele que lhe transmite firmeza, estabilidade.
Se quiser carinho procurará quem lhe fale a alma nos momentos de desespero ou despreparo.
O certo é que é bom querer e ser querido; amar e ser amado; desejar sendo desejado. Ao passo que é terrível quando não se é correspondido no que se espera do que se lhe faz interessado.
Um problema é quando as pessoas se deixam tomar pelo medo de querer de novo porque em algum momento esse querer não lhes foi bom.
Apesar de ruim certamente todos nós em algum momento queremos sem que tivéssemos sido queridos, assim como alguém nos ”quereu” quando não quisemos esse alguém. É como se fosse um ciclo da vida.
Mas ninguém questiona as delícias de se querer. A beleza de contar os segundos para o encontro com o que se quis e se alcançou. Ou em se sentir sendo querido por quem insanamente aprendemos a querer.
Não me sinto menos romântico quando vejo no querer do outro a utilidade pra mim. Mesmo porque o meu querer primeiro é sempre a delícia do romance do durante. As horas em que penso, o instante em que eu toco e durante que eu vivo... isso não se faz e nem se vive só...
Aliás, diria até que é útil se querer...

2 comentários:

Thonny Hawany disse...

O "querer" é o forte de seu texto. Tudo o que e o quanto queremos com força podemos alcançar. O querer é a chave e a porta para se obter tudo o quanto desejamos, quer seja um grande amor, quer seja algo banal... Basta "querer", mas não falo de qualquer querer, falo de um "querer" profundo que nele haja envolvimento da ALMA. Devemos ter cuidado com o que queremos e desejamos, podemos conseguir... valeu pelo texto amigo William.

William R Grilli Gama disse...

Nada é mais perigoso do que a crença de que queremos pra sempre aquilo que por um momento desejamos... tornamo-nos responsáveis pelo que cativamos teria dito uma sábia raposa a um menino curioso... e é verdade.

Mas acredito que a vida conspire quando se verdadeiramente quer...

Obrigado por ter passado por aqui, Thonny