sábado, 26 de junho de 2010

Qual a graça de saber o futuro?


A premeditação tiraria toda a graça da vida. Aliás, é no mínimo curiosa essa tendência de certas pessoas que, ansiosas pelo futuro, buscam no que é místico o que lhes reservará o porvir.
A graça da vida está na sua imprevisão. Está em você começar um dia, uma semana, uma fase da vida, qualquer coisa, sem a menor certeza do que te bom se virá... e de ruim também.
É como você levantar da cama sem saber que até o fim daquele dia a pessoa que mudará tua vida cruzará o teu caminho pela primeira vez. Ou que te chegará uma proposta que você não esperava ou se realizará um sonho que já há tempos você não sonhava mais.
A imprevisão da vida faz com que nos deparemos com pessoas que se até ontem não nos diziam nada, amanhã já nos serão indispensáveis por toda uma vida. Inevitavelmente pensaremos que o tempo em que não tivemos a companhia que tanto nos agrada foi um tempo perdido em que não se viveu, mas se sobreviveu à espera da satisfação da companhia mais que presente.
Para qualquer é um é fácil fechar os olhos e ver com a alma a imagem que falta na ausência sentida de um amor; na tristeza lancinante de uma partida; na angústia doída de um adeus ou mesmo na inquietante demora de um novo olá. São sentimentos que os que vivem já sentiram e os que chegam sentirão.
Essa perspectiva toda que surge de que de uma hora pra outra surja o novo que fará o antigo sem sentido, ou que lhe dará sentido ainda maior, se mostra como o gostoso da vida. Para que conhecermos o futuro e perdermos as surpresas? Deixemos que o que tiver que acontecer aconteça sem que nos percamos de nós, dos nossos e do que ainda não nos são, mas serão.
Não nos inquietemos com o amanhã, mas antes, nos deleitemos no hoje, acreditando – porque isso é bom – que logo ali adiante está pronto pra nos surpreender.

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