sábado, 5 de junho de 2010

Epitáfios...


Escrevendo ou não escrevendo, acordado ou dormindo, vivendo ou não vivendo, o mundo continua seu giro, o tempo correndo e a vida matando. Talvez aquilo que façamos ou deixamos de fazer seja o que nos define na vida que vivemos ou que, pensamos, ainda poderemos viver.
Mas qual será o nosso epitáfio? Sim, em algum momento precisaremos de um. Se não formos nós a nos darmos aos outros a última frase que se nos atribuiremos, certamente outros nos atribuirão aquilo que pensam tenhamos sido nós.
Confesso que penso bastante na morte, o que não deixa de ser incoerente. Enquanto pensa-se na morte deixa-se de viver a vida que, por sua vez, não deve ser pensada, mas deve ser vivida.
A morte se experimentará uma única vez e, de preferência, daqui a muito tempo. O grande Mário Lago já há muito anunciava seu acordo com a morte, ela não procuraria por ele e ele não iria atrás dela; um dia se encontrariam.
Não sou dos que imaginam a morte como um recomeço, mas reconheço que não é menos absurdo do que acreditá-la como um portal para a vida eterna, em pleno regozijo celestial. (mas nessa eu acredito). São várias as teorias sobre o que se sucede ao inevitável, mas não há quem possa ter qualquer certeza...
Acho bom que se acredite em alguma coisa. Dá mais sentido para as vidas que não encontram sentido nenhum. Eu mesmo não sei qual o sentido da minha. Quais as experimentações que a justificaram. Quais as renúncias que se mostraram certas e as escolhas de que me arrependerei. Mas não me furto de pensar que ali na frente está o que me será certo, ignorando completamente o que me virá depois do acerto, mas torcendo para que sejam novos acertos de uma vida que se fará longa.
Se será feliz não posso dizer. Estejam os que gosto comigo e daremos um jeito. Surjam os novos e me entendam e talvez eu tenha sorte.
Mas é certo que mesmo na solidão dá pra se achar algum tipo de prazer...
Meu epitáfio? Ainda não sei, mas estou trabalhando nele. E o teu?

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Aqui jazem os restinhos do que, em vida, foi a mais pura e deliciosa confusão. Morreu sozinha, ouvindo Sinatra em volume ensurdecedor numa manhã ensolarada de domingo. ahahaha.. adorei o post. Vc desaparece e ressurge todo "penseiro" com temas ainda mais interessantes. Parabéns!